A perda

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Luke Patterson

Dizem que eu tenho problemas com a bebida mas qual é?! eu perdi minha filha esse é o motivo do meu problema com a bebida, me castigo o tempo todo enquanto me sirvo dum copo, é oque dizem se acontece algo de mau, beba para esquecer, se acontece algo de bom, beba para celebrar.

Quando descobri que havia perdido a minha linda e pequena bebê, foi como se o mundo abrisse uma cratera sob os meus pés e me engolisse completamente, eu e Julie estavamos a um passo de realizar um sonho, iríamos começar a nossa vida e de repente, ela foi tirado de mim, como eu vou conseguir continuar? Como eu vou ser capaz de sair desse buraco? Eu só queria segurar ela em meus braços agora ou pelo menos sentir ela chutar minhas costas outra vez, ainda na barriga, Melodia esteve alguns bons meses sendo minha alegria e eu sonhava com a hora em que finalmente poderia ter ela em meus braços, infelizmente ela saiu de dentro daquele conforto da barriguinha e nem se quer, conseguiu conhecer o pai, pois já foi tirada de lá sem um pingo de vida.

Julie tem me ignorado, ela não quer me ver, ela não quer falar comigo e isso torna as coisas mais difíceis ainda pra mim, eu não quero cantar, não quero dançar, tocar violão, guitarra, eu não quero nada, eu só queria a minha Julie, nesse momento eu só queria poder ter minha garota em meus braços e sentir que as coisas podem melhorar mas não, isso não é possível, talvez ela me culpe porque eu fiz ela ensaiar mais do que o normal naquele trágico dia e talvez seja mesmo minha culpa de não termos nossa filha conosco.

Me levantei meio tonto da cadeira do bar e cambaleei até em casa, eu nem sei mais que dia é hoje, minha mãe diz que não aguenta mais me ver desse jeito, que não posso me afundar nas bebidas mas oque mais eu tenho? eu não tenho nada, eu perdi tudo, digo pra ela que não vou mais beber tanto assim e quando dou por mim, ela já me jogou no chuveiro gelado, me fazendo voltar pra minha péssima realidade.

—Mãe, ela era tão linda — Emilly já devia estar exausta de ouvir os detalhes da minha filha, todos já deviam estar— eu ainda tinha esperança sabe? até ver ela naquele caixão, não é ridículo? tanta gente ruim por aí e a minha filha que tem que morrer? isso não é ridículo mamãe? não é muito injusto?

Eu já não fazia ideia se aquele tanto de água era o chuveiro ou eram minhas lágrimas mas por julgar pro rosto da minha mãe, era apenas eu que havia virado uma tempestade novamente, minha mãe me tirou daquele banheiro, me ajudou a trocar de roupa e deitou junto comigo, sabia que não adiantaria falar nada, eu sempre acabo da mesma forma.

—Eu só queria que a Julie falasse comigo, porque ela não fala comigo?— Eu perdi totalmente o controle sobre as minhas lágrimas, eu não conseguia parar de chorar.

Meu peito começou a arder e o ar parecia que não entrava pelo meu nariz, eu tentava puxar ele desesperadamente mas nada adiantava, eu só conseguia chorar, parecia que meu coração iria parar e um desespero tomou conta de mim, minha mãe gritou pelo meu pai que trouxe junto com ele Alex e Reggie.

—Ele tá tendo outra crise! é a terceira só hoje— ouvi minha mãe dizer e Alex me levantou, Reggie cantarolava uma música qualquer e meus pais massageavam meu peito e costas e aos poucos, lentamente, eu fui voltando a respirar.

Pedi para eles me deixarem sozinhos mas Reggie e Alex se negaram a fazer isso, eles sempre ficam comigo, furam com seus pares para me fazer companhia, eles cantavam pra mim, me deixavam em dia de seus assustos, faziam de tudo pra tentar me distrair da dor.

Eu soltei a primeira gargalhada sincera quando Reggie caiu com a cara no chão depois de Alex girar ele na cadeira e tirar ele dela, eles são os melhores amigos que qualquer pessoa no mundo pode querer e eu sou muito grato por ter eles porque eu já teria feito uma besteira se eles não existissem na minha vida mas o maior problema de todo, era quando eu ficava sozinho, tudo ficava pior com a solidão.

Destined - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora