10 de Novembro de 2014
Julie Molina
Eu não aguentava mais, eu não merecia essa vida, eu tenho 13 anos de idade e eu simplesmente não posso, meus tios chegam tarde da noite em casa bêbados quase todos os dias, me agridem psicologicamente e as vezes ate fisicamente, repetem pra mim que meus sonhos não vão acontecer e que se depender deles, eu nunca mais irei pisar em um palco pois isso é coisa de mulher atoa, eu tenho que me dar ao respeito, casar e viver uma vida comum mas eu não sou comum e eu não vou desistir dos meus sonhos e isso que fez com que eu tomasse a coragem de fazer as malas e sair de casa as 2:30h da manhã.
Meus pais estavam em outro país em busca de um tratamento hospitalar melhor para o meu irmão que nasceu com uma doença que não era conhecida aqui e me deixaram com meus tios, já que eu não queria me separar dos meus amigos.
Eu pretendia simplesmente sair mas eu não tive coragem, eu não consegui passar da casa de Luke, eu precisava me despedir dele e dos meninos que eu sabia que estavam dormindo lá, como de costume, entrei no quarto dele pela janela vendo que os três estavam jogando Call of Duty: Advanced Warfare que havia sido lançado tinha no maximo 6 dias, eles estavam viciados naquilo.
— Julie? Oque que você está fazendo aqui?— Alex foi o primeiro que notou minha presença e poucos segundos depois os três estavam me encarando, meu rosto provavelmente estava vermelho e inchado.
—Eu... eu to indo embora — eu não tinha nem forças pra falar, eu já estava chorando outra vez.
— Oque? Não, Você não pode, seus pais não podem, eles não podem— Luke se aproximou de mim completamente nervoso e então me abraçou.
—Não são eles Luke... eu vou, eu não posso mais ficar com eles, eu não posso — eu repetia mais pra mim mesma que pra eles
Eu não era de contar oque acontecia pra eles, eu queria me mostrar uma garota madura e forte, queria que eles conhecessem a minha parte boa mas agora eu precisava contar pra eles, eles tinham que entender que eu não estou abandonando eles e sim, me salvando.
Puxei minhas mangas mostrando as marcas de mãos e arranhões que haviam pelo meu braço e expliquei cada detalhe para eles que agora, não conseguiam mais me pedir para ficar mesmo que quisessem achar uma solução para que eu ficasse, eu tambem queria uma.
—Promete que nunca vai esquecer a gente? — Alex choramingou e eu confirmei com a cabeça.
—Eu sou completamente incapaz de esquecer de vocês— Sorri fraco e então ele e Reggie me abraçaram. — A gente vai se ver outra vez, ainda temos que ganhar aquele concurso juntos, lembra? — eles concordaram, Luke não disse nada, estava em um canto de braços cruzados. — Tchau Luke.
Ele não disse nada, nem me olhou, eu apenas suspirei pulei a janela, encarei a casa mais uma vez e então sai de la ajeitando a mochila nas minhas costas, eramos eu e a lua. Eu não queria deixar eles e não acreditava que Luke não quis se despedir de mim.
Meu braço foi puxado e eu estava me preparando para gritar mas então meus olhos encontraram os olhos esverdeados de Luke, nós ficamos ali, nos olhando e então sem aviso previo, ele me beijou, nosso primeiro beijo de verdade, nós brincavamos que namoravamos ate os 11 mas dali pra frente começamos a ter vergonha, talvez por ter noção dos sentimentos que nos envolviam foram amadurecendo junto conosco.
O beijo estava salgado por conta das lagrimas que escorriam dos olhos de nós dois, separamos o beijo por falta de ar e minha coragem de ir, estava bem menor, eu estava a ponto de desistência mas eu precisava ir, eu sabia e ele tambem.
— Toma, pra você não me esquecer— Ele disse tirando o cordão favorito dele, era um colar de pedra, a pedra era uma ametista, ele entregou na minha mão e eu logo coloquei no pescoço.
—Eu prometo que nunca mais vou tirar— Sorri e então tirei a minha pulseira favorita, ela era artesanal, era feita de varias bolinhas pretas com uma azul no meio. — é sua agora
Eu não sabia se nos veriamos outra vez, eu queria acreditar que sim, Luke, Alex e Reggie eram peças importantes na minha vida, eles são as pessoas que eu mais amo e eu estava seguindo aquela rua sentindo que estava deixando metade de mim pra trás.
DIAS ATUAIS
Eu estava em choque, eu precisei sair da casa pra respirar, eu não esqueci nenhum deles, eu pensei no Luke por anos e um dia minha mente apagou o rosto e o nome deles da minha mente e mesmo assim eu pensava neles, por isso que as trocas de olhares me deixavam tão nervosa, agora tudo fazia sentido, eles estavam ali por minha causa, por conta das nossas promessas de fazer isso juntos, eu quis tanto encontrar eles e agora eu encontrei mas eles... não estavam procurando por mim, eles só queriam ganhar.
Puxei o pingente de ametista de baixo da blusa e apertei ele sentindo minhas lagrimas rolarem pelo meu rosto, eu estava tão confusa, era uma mistura de sentimentos tão intensa, o Luke, o meu Luke, é o ser humano que eu mais disse que detestava nos ultimos dias.
— Juls? — Luke quase como um sussurro— Perai... esse é o... é o meu cordão? — Perguntou ao chegar do meu lado e eu confirmei com a cabeça. —Olha... — Disse puxando a manga, era a primeira vez que eu via os braços dele e ali estava, a minha pulseira — Eu não esqueci você, eu achei que você tinha esquecido da gente.
— Eu nunca iria, eu só cheguei em um nivel tão alto de dor que apaguei, eu passei dias chorando porque não lembrava seu cheiro, não conseguia mais ouvir a risada do Reggie e nem sentir os cafunes do Alex, eu não lembrava, tudo doeu tanto.
—Eu fiquei com raiva, fiquei com raiva por você ter me deixado, eu achava que eu poderia cuidar de você e que você me tirou o direito de te deixar segura, eu invadi seu quarto varias vezes na esperança de você ter voltado — Ele se sentou na sacada e eu apoiei minha cabeça em seu braço ainda olhando pro horizonte. — Um dia eu fiquei bebado, eu devia ter uns 16 anos e fiquei te gritando na sua casa e sai no soco com seu tio— Ele riu fraco e eu o olhei incredula mas então ri.
— Vocês não estavam me procurando e vieram parar comigo. — Saiu tão baixo que me impressiona ele ter escutado.
—E mesmo assim, consegui te olhar outra vez, eu moro com você, olha que loucura. — ele me fez rir e então os meninos sairam da casa.
Foi tão surreal olhar os três ali na minha frente e eu apenas abracei eles o mais forte que eu era capaz e eles retribuiram, eu e meus meninos.
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Destined - Juke
Teen FictionJulie Molina nunca foi uma garota de acreditar na sorte ou no destino, sempre vou isso como uma forma das pessoas acharem esperança para viver em um mundo tão ruim mas em um momento inusitado da sua vida, o destino deu sua primeira amostra para garo...