Capítulo 39

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Ela enxugou as lágrimas
- Sim! Quando vai acontecer? Eu já sei do que preciso fazer!
Ele até estranhou, a conduziu para sentar na cama
- Cê tá afim de fazer essa fita memo?
Ela balançou a cabeça que sim, foi abaixando as alças do vestido deixando os sei.os a mostra
- Só quero ir embora pra minha terra.
Estava tremendo suando frio, pálida com a respiração ofegante, sentiu ele se aproximando no impulso virou o rosto se encolhendo com medo, ele foi subindo o vestido a cobrindo, levantou as alças
- Não vo fazer nada com você crlho. Fica de boa aí.
Ele foi fechar a janela, ela ficou confusa
- Se não você então quem? Acabe logo com isso, eu vou pagar a dívida!
Ele sorriu debochado saindo do quarto
- Aí aí crlho tá me pedindo pra te come logo? Cê não é virg.em po.rr.a nenhuma né mina?
Ela continuou sentada imóvel
- Eu não tenho como mentir. Já disse que sou! Só quero ir embora, por favor.
Ele bateu a porta, a deixou lá sozinha, deitou no sofá da sala e dormiu, horas depois ela o chamou pelo vulgo, não obteve resposta, abriu a porta, foi saindo do quarto porque queria ir ao banheiro, esbarrou na mesinha de centro e caiu derrubando copos, ele despertou no susto
- Crlho filha da pu.ta, tá fazendo oque? Presta atenção! Eu já ia sentar o dedo em você.
Ela se irritou tentando levantar, se cortou
- Eu quero ir no banheiro, te chamei mil vezes. Aiiii.
Começou chorar sentida, não aguentando segurar fez xixi na roupa
- Me deixa ir embora pelo amor de Deus moço. Eu juro que não vou contar nada pra ninguém!
Ele se aproximou a levantando
- Pu.ta me.rda para chega de chorinho isso me irrita. Vai no banheiro se limpa, vo pega uma roupa pra você.
Ela continuou parada chorando
- Eu não sei ir, você ainda não percebeu que eu não enxergo? Vou ser um fardo aqui.
Ele não estava acostumado a ter que ajudar tanto alguém, nem fazia por maldade, só não entendia no modo automático, as limitações dela. Se aproximou desorientado a pegando pelo braço
- Anda é pra lá.
Logo mais a gente desenrola as fita e você vai embora, seu tio quem devia me paga pra te devolve.
Ele a colocou no banheiro tocando a pia, ela foi passando a mão na parede se localizando
- Eu não vou voltar pra lá. Não sou propriedade dele! Prefiro morrer. A dias ele me mantém sem falar com ninguém, quebrou meu celular eu tenho certeza, fica me espiando tomar banho, trocar de roupa, eu sou cega não surda. As pessoas costumam me subestimar sempre. Onde fica o registro do chuveiro?
Ele entrou e abriu
- Não tô olhando nada. Mais o véio mexeu com você? Fez alguma coisa que cê não queria?
Ela molhou a mão sentindo a temperatura
- Não deu tempo, aquela menina impediu. Você nem deve ter avó ou tia né? Mentiu pra mim! Podia ter me machucado quando cheguei aqui na comunidade, mais não. Me seguiu e fez aquilo na outra noite.
Ele estava encostado na porta olhando pra ela
- Como cê sabe?
Ela se virou na direção dele enrolando o cabelo
- Sou cega não surda, eu guardo as vozes e cheiros das pessoas. Esse banheiro eu me lembro, dois vasos um sem água, o cheiro do cigarro que está fumando agora provavelmente, e todas as vezes que nos vimos. Imagino que está a me olhar, a voz muda quando a pessoa fica de costas.
Ele sorriu intrigado
- Alaa cê tá me tirando memo. Vo sai daqui, me chama quando acaba beleza!
Ela pediu uma toalha, ele deixou pendurada no box e mostrou levando a mão dela até lá, saiu deixando a porta encostada, ela foi passando a mão na parede, achou um sabonete líquido no nicho, era da Kendra, ela leu pela escrita em braile oque era, tomou banho com ele, lavou a roupa e estendeu no box, quando desligou o chuveiro, o Treze voltou na porta
- E aí? Já é?
Ela foi apalpando a parede, abriu a porta
- Não entendo metade das coisas que você fala. Usei um sabonete que encontrei aqui. Desculpa!
Ele a guiou até o quarto
- De boa. Cê tá com fome? Não tem po.rra nenhuma aqui. Senta aí. Já volto!
Ele a soltou, foi pegar uma camiseta dele, se aproximou dela parado em sua frente
- Levanta o braço aí, é uma roupa minha. Vê se não vai mija nela também. Fica assim memo, não vo lava roupa sua, e o lacre não vai fugi porque tá sem calcinha.
Ela tirou a toalha só quando abaixou a camiseta, continuou sentada
- Pode me dar a bolsa por favor, preciso do meu desodorante.
Ele deu ficou olhando parado em pé na frente dela
- Crlh como cê consegue fazer as coisas sem vê nada? Por.ra olhando eu já faço m.erda toda hora.
Ela estava passando desodorante e hidratante corporal
- Se eu não tivesse aprendido o básico, não ia viver. Por isso vim pra cá, atrás de tratamento, sem minha mãe tudo ficou muito mais difícil. Ela tinha medo das pessoas se aproveitarem de mim, com toda razão, é o primeiro mês sem ela e só Deus sabe oque já passei. Não tenho como ficar aqui, vou ser um fardo, quebro as coisas e me machuco o tempo todo. Sei porque me trouxe aqui.
Ela acabou deixando sua intimidade a mostra porque a camiseta subiu um pouco, ele ficou olhando reparando na quantidade de pelos, era a única coisa que dava pra ver, perguntou cético
- Esse tratamento aí é pra que? Volta enxerga memo?
Ela disse que sim, ele foi se afastando
- E como vai mete o pé daqui? Se não fez a po.rra do tratamento? Tá de caô comigo né? Vo sai.
Ela se deitou sentida
- Vou embora sem fazer o tratamento, não tenho dinheiro e condições de me manter aqui. Fui enganada pelo meu tio! Você não percebeu?
Ele saiu sem falar nada, foi pra rua comprar lanche, dois hot dogs completos, refrigerante, chocolates, quando voltou a encontrou dormindo encolhida coberta só com o lençol que já estava na cama
- Aeee mina, acorda pra come, comprei um dogão pra nóis. Levanta aí crlho.
Ela assustou, se sentou sonolenta quase chorando
- Não precisa me xingar o tempo todo, nem gritar comigo dessa forma.
Ele continuou na porta daquele jeito de quem não entendia, que precisava guiar ela
- É o meu jeito, não liga não.
Ela foi levantando, escorada na parede procurando a porta
- Chamar minha mãe de pu.ta? Acha bonito falar assim com as pessoas? Eu já ouvi mais palavrões em poucas horas do que em minha vida toda!
Ele sorriu irônico indo a pegar pela mão
- Alaaa que fresquinha. Não falei  da sua mãe, é o modo de falar crlho. Cê vai cair, cortar o pé lá na merdas que quebro, começa chora, vai me irrita pra kct.
Ela interrompeu, soltou a mão dele
- É, eu vou. Acabe logo com oque começou, eu quero ir embora. Não aguento mais ficar aqui. Isso é errado! Vocês não podem fazer isso comigo. Como ninguém vê nada oque acontece nesse lugar amaldiçoado. Podem enganar os homens, mais a Deus não, ele vê tudo, você vai pro inferno pode ter certeza.
Ela voltou para o quarto chorando, ele debochou
- Então ele vai ver o bonde todo te come por muito tempo, pra paga a dívida do véio tarado. Se quiser, deixo o véio te come também, mando você de volta com a xo.ta toda arregaçada, ou te mando pra sua terra lá no interior com os bois as vacas.
Ela voltou deitar encolhida, dormiu chorando e com fome, ele dormiu no sofá da sala perto da porta do quarto dela, cedo ela levantou sozinha, foi procurando o banheiro com a bengala, estava andando feito barata tonta na sala, cozinha, ele acordou com o barulho das batidas, ficou olhando sem falar nada, começou fumar, ela logo se irritou
- Vai ficar olhando? Sabe oque vai acontecer se eu não achar o banheiro!
Ele levantou foi pegá-la
- Pra quem não enxerga cê tá bem ligada no movimento né?
Ela ainda resmungou
- Você fuma feito uma chaminé, essa carniça é bem fácil de ser notada.

Aylan MORRO ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora