Capítulo 48

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Toda vez que Treze voltava pra casa Safira percebia que ele estava feliz, mais tranquilo. De forma simples ele contava as coisas que havia feito durante o dia, era nítido como ele só ganhava mais respeito dia a dia e que sentia o peso da confiança e cobranças dos chefes. Ele viajou de novo a negócios, deixando Safira sozinha por dias e sem saber oque exatamente qual serviço ele foi fazer, o que fazia a garota rezar todas as noites para que ele voltasse vivo e bem.
Toda vez que ele voltava pra casa, ela sentia um alívio enorme em seu coração, o recebendo de braços abertos afetuosa, em seu interior tinha a certeza que Deus tinha ouvido suas preces e o protegido, faltava apenas ele fazer a parte dele, algo que ela sabia ser muito difícil, mas não impossível.
Se a fé era seu amparo, para Treze isso significava perda de tempo, a levava enrolando no seu papo mole. E toda vez que Safira tentava tocar no assunto do trato que ele havia proposto, ele desconversava, brincava, dizia que as coisas estavam boas o suficiente, sempre fazendo a garota sentir uma tristeza. O que ele não contava quando fez o trato era que subiria de cargo rapidamente de novo, ele não poderia deixar essa oportunidade passar porque demonstraria fraqueza.
Eles estavam arrumando a mesa de jantar, no dia que ele voltou de viagem, ela perguntou sobre aquela conversa, ele desconversou
- Pô eu acabei de chegar, cê vai começa pesa na minha mente preciosa? Qual foi?
Ela ficou séria
- Você prometeu pra mim, não sou tola Aylan.
Ela foi sentar no sofá, com o semblante triste
- Você disse que tinha palavra.
Ele a acompanhou com o olhar incomodado
- Eu sei muito bem o que falei pô.  Não sou muleque. Tá ligada? Só não posso largar as paradas. Não agora !
Ela se deitou incomodada
- Essa vida… a ganância leva a destruição, você não é quem diz ser, tudo é uma mentira.
Ele foi mais perto
- Não fale besteira Safira. Você fica repetindo essas por.ras que ouve na igreja, vai lá e o povo desfaz de você, volta chorando toda vez. Falar palavras difíceis até papagaio aprende.
Ela se deitou com aquele semblante decepcionado
- Eu não falo pelos outros. Falo por mim, pois eu me preocupo com você, nosso futuro. Essa vida Aylan...
Ele interrompeu acendendo um cigarro de maconh
- Tô na pista memo. Não sou de fugi de desafio nenhum, esse sou eu e cê já sabia, é cega mais não é bu.rra, cê tá me tirando? Achei que nóis tava de boa, de casal, tra.ns.ando quase todo dia mó bom, eu faço de tudo pra te agrada crlho… Não tá bom pra você? Essa vida?
Ela se sentou virada na direção dele
- Você realmente acha que tran.sar resolve tudo? Só isso que...
Ele interrompeu
- Não tudo, mais boa parte pô. Eu sei que tu gosta. Apesar de ser sempre na mesma posição, de leveeee, tá g.oza.ndo gostoso pra crlho. Esse estresse aí eu tiro na minha pica, a hora que cê quiser é só pedir. Então, pode esquece esse papo de igreja por um tempo! Porque nem você tá curtindo ir nessa me.rda. seu tio tá lá crentão firmão memo.
Ela interrompeu enxugando os olhos marejados
- Já tivemos tantas vezes essa conversa… Você não entende!
Ele não estava no melhor dia, começou fumar perto dela a provocando com a fumaça
- Por isso memo crlho. Deixa essa po.rra pra lá e vamos curtir o momento juntos, acabei de chega cê tá brigando comigo.
Safira ficou em silêncio, sentindo a provocação, mas sua vontade era de dizer que ela desejava mais, o enfrentar, ansiava por muito mais naquela vida e nos seus sonhos ela já imaginava uma família ao lado dele, não tão ingênua começou sentir que a cada dia esse sonho se tornava mais distante e inatingível. Estar com ele era muito bom, ele estava cada vez mais envolvido, ela sabia disso. O prazer que sentia quando ficavam juntos mostrava isso, várias e várias vezes tinha go.za.do apenas sentindo os dedos dele dentro de sua intimidade e era tão bom quanto o sex.o, parecia ser amor como as novelas e filmes diziam. Ela se levantou engolindo o choro, esbarrou no canto da mesa derrubando um copo, ele se aproximou a conduzindo
- Safira, me escute. Eu tenho andado com gente rica. Só filé. Logo as coisas vão melhorar, não vamo vive essa merda pra sempre. Eu vo sai, só que você fazendo as coisas desse jeito crlho, não ajuda por.ra nenhuma. Eu to na sua pô.
Ele sentou na mesa com as mãos no rosto nervosa
- Eu sei, mas… você mexe com coisas erradas. Não consigo ver uma saída boa, vai morrer e me deixar. Não se preocupa comigo de verdade!
Ele puxou a cadeira sentou próximo
- Você me conheceu assim. Não adianta querer mudar. Ban.dido sempre será ban.dido. tô no crime a mais tempo do que fora dele.
Ela virou o rosto evitando seus beijos e carinhos
- Viu? Ouvir esse tipo de coisa me faz ma.l e você fala orgulhoso.
Assim que falou isso o evitando, Safira colocou a mão na boca como se fosse vomitar, respirou fundo levantando
- Me ajude. Preciso ir no banheiro, rápido.
Ele a conduziu rapidamente
- O que aconteceu? Cê tá bem?
Ela se abaixou amparada no vaso
- Estou sentindo um pouco de náuseas e ânsia de vômito, meu estômago dói.
Ele ficou perto, segurando seu braço, ajudou com o cabelo enquanto ela vomitava até ficar desfalecida, ela se segurou nele para levantar
- Desculpa!
Ele a guiou até a pia
- Lava o rosto, eu tô aqui. Deve ser algo que você comeu.
Ela se apoiou cabisbaixa
- Sim deve ser. Mas tô melhor, pode me deixar.
Ele não a soltou, segurou em sua mão a levando até o quarto, ajudou deitar na cama, fechou a cortina
- Tá melhor, mesmo?
Ela disse que sim, ele foi saindo
- Vou pegar um pouco de água pra você, acho que um suco ia bem. Já volto aí. Limão, laranja.
Ela se sentou pálida
- Aylan, não precisa.
Ele voltou para trás
- Tem certeza? Estômago ferrado é fo.da. quer vomitar de novo? Quer ir no banheiro?
Ela estava de costas pra ele
- Eu quero me casar com você.
Ele foi pego de surpresa com aquilo, ficou completamente sem reação a encarando fixamente, ela começou chorar sentida
- Não posso ficar vivendo em pecado e continuar indo para a igreja. Eu quero me casar, ou então, essa vida não é pra mim!
Ainda desorientado ele foi se aproximando
- É só parar de ir pra igreja e tudo se resolve. Deus sabe da sua verdade, as pessoas sempre vão crítica fala uma pá de coisa da gente. Casado ou não, pô cê é minha fiel, eu não quero mais nada com ninguém.
Ela se deitou encolhida na cama
- Você sabe que eu não posso fazer isso, seria abandonar a mim mesma. Você tem medo de casar? Ou não quer se casar comigo? As pessoas aqui falam, de como você amava a Amabile, e eu, não é igual...
Ele sentou na beirada da cama
- Eu não disse isso. Tá doida? Vai fica com ciúmes de quem nem aqui tá mais? Quem tá falando oque? Enchendo sua cabeça de...
Ela interrompeu
- Mas você quer ou não? Eu vou embora e largar tudo!
Ele estava chorando disfarçadamente, a acariciou mexendo em seu cabelo
- Crlho como não preciosa? Se eu tô na sua, amo você! Não quero te perde, na moral memo.
Safira sentiu uma honestidade no tom de sua voz como nunca antes. E sem que ele conseguisse perceber, olhava para ele através de sua visão distorcida. Safira tinha um segredo que ninguém sabia, ou pelo menos para ela não era um segredo, sua visão havia melhorado antes de chegar a comunidade, por segurança e medo escondeu de todos até de seu tio, que estava fazendo o tratamento nos primeiros dias que chegou na cidade, era muito fraca ainda, mais com certeza, melhor que nada, ela via vultos, claridade, não a escuridão total como todos e principalmente, Treze achava. Todo esse tempo escondendo a verdade tinha feito Safira acreditar na própria mentira, era mais confortável e seguro viver assim, mentindo pra si mesma, seja pela inocência ou autodefesa, ela acreditou que era o melhor a se fazer, e não era difícil, já que basicamente passou a vida toda daquele jeito.
Ele continuou agindo como se nem tivesse brigado, mudou o assunto, a serviu na cama, a noite pediu pra ela orar por eles, porque iriam precisar .
Ela foi dormir pensando que suas preces diárias finalmente haviam surtido efeito, ela acreditava de coração nele. Na cabeça dela, para Deus tudo era possível, se viver o amor sem enxergar havia sido possível, por que não mudar a vida de Aylan?
Ela começou tentar criar coragem de dizer, que não era completamente cega, mostrar seu pequeno milagre de vida, entretanto não teve coragem, com medo da retaliação por ter mentido. Não queria fazer ele acreditar numa mentira criada por ela, mesmo que isso pudesse convencê-lo a largar a vida do crime e se casar, então ela ficou em silêncio pensativa, se ele não queria responder claramente, por falta de coragem ou vontade, sobre casar, a opção de se calar era a melhor a se fazer, com aquela indisposição também não era hora de ficar brigando.
Os dias seguintes foram estranhos, ele estava diferente, não a procurou na cama, parou de conversar tanto com ela por ligação, passou ficar mais tempo nas biqueiras e Safira resolveu se fechar no seu mundo, esperando o momento certo de tomar a decisão, entre ir e ficar. Ela dizia se sentir suja com sex.o e por isso ele parou de a provocar, achava que o assunto de casar, iria voltar a tona, após dormirem juntos. Ficando dias fora, a evitando, ele não percebeu que algo muito importante acontecia com a sua preciosa. Safira tentava fingir que não percebia, achou estar doente com algo como câncer ou problemas nos órgãos internos por causa da queda, depois de tantas náuseas iniciais, era possível ver um pequeno volume na barriga da garota, rosto redondo, quadril maior, o pijama estava mais justo, o sutiã que ela nem usava mais, a apertava. Um cansaço começou a tomar conta dela, parecendo tristeza, vivia jogada no sofá, na rede, com longas sonecas durante o dia, ela não parava de comer, por conta de seu apetite que tinha aumentado bastante, começou pedir para a Chica comidas diferentes, não conseguindo esconder da senhora que cuidava dela, suas vontades insaciáveis, ela pediu um macarrão diferente, começou comer a massa sem tempero e molho, a tia Chica ficou olhando intrigada
- Fia. Não acha melhor ir no médico?
Ela estava se deliciando no macarrão borrachudo
- Por que? As náuseas e os vômitos passaram. Estou me sentindo bem.
Ela serviu um copo de suco
- Realmente você não tá percebendo o que está acontecendo contigo menina?
Ela disse que não entendeu a pergunta, pediu mais macarrão daquele jeito, Chica a serviu
- Querida. São sintomas de gravidez!

Aylan MORRO ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora