Capítulo 35

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O convite se tornou oficial quando um membro da facção soube e apoiou os dois, a Gigi foi pro baile super tarde, ficou de casal com o Dodô, quando o Treze viu foi embora, ele estava a mais de um mês sem sair com ninguém, estava subindo pra ficar na lage da casa nova, que estava terminando de construir, ia passar a virada de ano sozinho.
No caminho encontrou uns meninos se preparando pra soltarem fogos de artifício, assim que ele passou começaram soltar, ele ouviu um grito de mulher, entrou na viela pra ver imaginando várias coisas, menos oque realmente era, encontrou a Safira sentada encolhida no chão chorando, a jovem moça cega que havia aparecido no morro mais cedo.
Observador ele ficou olhando alguns instantes, ia passar reto mais notou que os fogos estavam a assustando, foi se aproximando, pegou o óculos dela do chão
- Moça! Vou te ajuda, levanta aí.
Ela estava tremendo nervosa, muito gelada com frio, se segurou nele aos prantos
- Eu me perdi. Sou deficiente visual.
Ele pegou a bengala, colocou na mão dela, ficou olhando reparando
- São rojões pô, não tiros. Pode fica de boa!
Ela estava passando a mão nas escoriações pelo corpo
- Obrigada. Você mora aqui perto? Eu to esperando meu tio chegar, mais acho que me afastei da porta dele. Moço pelo amor de Deus, me ajuda! Eu to passando m.au. tô com muito medo. Meu celular descarregou, eu já caí duas vezes, não conheço aqui, tô desde cedo sem comer nada.
Ele pegou a mochila
- Deixa eu te ajuda, quem é seu tio?
Ela estava quase desmaiando de fraqueza
- Mario Josemar, ele tem um salão de barbearia, é obreiro na igreja da graça. Você o conhece?
Ele se manteve próximo
- Oooo todo mundo conhece o véio. Bora lá eu te levo!
Os fogos estavam aumentando porque ia dar meia noite, a cada estouro ela tomava um susto, ele foi até a casa do Josemar não tinha ninguém, ela foi se soltando
- Eu vou esperar aqui, uma hora ele chega né. São rojões, não tiros!
Ele falou intrigado
- Na verdade sap.orra agora foi tiro memo, mais são pro alto só. Cê pode cola na minha casa, não é longe, pode come alguma coisa. Quando seu tio chega cê volta!
Ela ficou apreensiva
- Mais como eu vou saber que ele chegou? Tem gente na sua casa? Eu preciso usar o banheiro!
Ele voltou estender a mão
- Claro pô casa lotada uma mer.da. Bora lá.
Ele ficou no vácuo com a mão feito bobo, ela permaneceu parada sem enxergar
- Tá bom, pode me ajudar por favor? Eu não enxergo.
Ele a pegou pelo braço, foi subindo pra casa nova, era mais perto, notando que ela estava com muito medo, entrou falando sozinho disfarçando
- Cheguei, por.ra cadê todo mundo? Tia? Vó Nana? Acho que foram no fluxo. O banheiro é aqui, olha a porta, põe a mão.
Ela estava tão cansada que não teve outra opção, agradeceu foi entrando, ele perguntou se precisava mostrar o vaso, ela estava com a bengala batendo em tudo
- Não, eu encontro. Só tem um né? Pode fechar a porta, por favor!
A vontade dele era de espiar, estava completamente intrigado com a menina cega, fechou a porta
- Tem dois o outro é de se lava tá ligada. Não tem água. O papel tá atrás, quer que eu pegue?
Ela falou que tudo bem, ele avisou que ia entrar, deu o papel nas mãos dela, saiu e foi pra cozinha, ela fez xixi, lavou as mãos e as escoriações, bebeu água na pia mesmo, com as mãos, quando saiu ele ficou quieto olhando com um pacote de bolacha recheada e o resto de um pacote de biscoitos de polvilho nas mãos, ela parou
- Moço? Qual seu nome?
Ele se aproximou
- Aylan. Tem uma bolacha aqui cê tá afim de come? É de chocolate.
Ela sorriu sutilmente envergonhada
- Me chamo Safira, eu aceito. Tem água? Por favor?
Ele a pegou pela mão
- Tem sim, senta aqui. Esse foi tiro!
Todo desorientado ele deu o pacote na mão dela, foi pegar água, quando voltou ela estava tentando abrir
- Aqui é perig.oso né? Tem bandido pra tudo lado.
Ele pegou o pacote para abrir, colocou o copo na mão dela
- Tem uma pá deles, todo lugar tem. Porque cê veio pra cá? Tá de passeio?
Toma aí a bolacha.
Ele devolveu o pacote aberto, ela tomou o copo de água de uma vez só, era muito educada
- Obrigada, eu moro no interior é bem longe, vim pra fazer um tratamento com especialista. Eu ganhei tudo no hospital que trata cegos. Vou ficar com meus tios, era pra minha mãe ter vindo, a gente ia mora aqui nessa cidade, mais não deu.
Ela começou comer uma atrás da outra
- Moço eu quero mais água por favor, desculpa fica te incomodando, se me explica eu pego sozinha.
Ele estava em pé na frente dela com os braços cruzados
- Não pô que isso, eu pego. Aquele véio bur.ro te deixo na rua o dia todo. Porque sua mãe não veio contigo? Falto verba?
Ela esticou a mão com o copo
- Eu tinha que ter chego ontem, mais perdi um ônibus, passei a noite na rodoviária. Minha mãe faleceu esse mês, eu não queria nem vir, mais ela me fez prometer, porque sem ela pra me ajudar, tudo fica bem mais difícil. Sorte que meu tio vai me ajudar, vou ficar estorvando na casa dele pelo menos dois meses, eu não sei. Obrigada!
Ele serviu mais água, sentou no chão em sua frente
- P.orr.a sinto muito aí pela sua mãe. Ó se fica de boa eu desço procura seu tio, deve tá na igreja, vive lá.
Ela sorriu sem jeito
- E você não vai imagino? Na igreja?
Ele levantou rindo
- Nunca fui memo. Cê é crentona também?
Ela estava ouvindo os movimentos dele e acompanhando
- Sou evangélica desde que me conheço por gente. Eu prefiro ir esperar meu tio na porta dele, deve estar preocupado. Não quero te atrapalhar mais, sua família deve estar te esperando pra comemorar a virada de ano.
Ele concordou disse que ia levá-la, ofereceu mais água e deu o resto do pacote de bolacha, ela quase caiu pra sair da sala
- Eu tô acostumada com os tombos, fazem parte. Tem mais degraus?
Ele sorriu desorientado
- Foi m.al aí sou bur.ro pra crlho. Tem mais um, po.rra cê vai caí todo dia nessa me.rda de lugar é degrau lixo por todo lado. Num vai consegui anda sozinha não viu.
Ela disse que não tinha opção a não aprender, foram caminhando juntos ele a amparando pelo braço, ela comentou sobre o grau de parentesco, o Josemar era irmão do pai dela, que também já era falecido, ao chegar na porta o Treze a soltou levando a mão dela até a parede
- Aeee chegamo, pode senta logo mais o véio chega. Vo indo nessa falou.
Ela sentou encolhida abraçando a mochila
- Tá bom, muito obrigada mesmo moço Deus abençoe. Que seu ano seja muito próspero, cheio de conquistas e bençãos, pra você e sua família também.
Ele se afastou acendendo o cigarro
- Amém, feliz ano novo pra você também. Vê se olha por onde anda!
Ela ficou rindo pensando sozinha se era brincadeira ou bur.rice dele, ele andou um pouco, encostou no final da viela onde podia vê-la, ficou só olhando quem passava, por mais de uma vez iam mexer com ela, conversar, ele apenas assobiou, ao verem lá de vigia perto, passaram sem falar nada.
O Josemar chegou mais de uma hora depois, se surpreendeu com ela lá, a ajudou levantar abraçou, disse que tinha ido na rodoviária e estava muito preocupado, era mentira, ele havia esquecido do combinado e foi na igreja apenas passar o réveillon. O Treze tinha subido em uma lage, ouviu e observou tudo sem ser notado, foi pra casa antiga, bebeu e se dro.gou até não aguentar levantar, passou dois dias fechado em casa desandando, a Kendra cansou de ligar pra falar sobre o Frango, ele não atendeu nem respondeu nada, ela foi lá chamou no portão, foi entrando bateu na porta
- Treze crlho cê tá vivo? Mano não custa responder. Eu to preocupada sabia, o Treze crlho responde pelo menos. Filho da put.a !

Aylan MORRO ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora