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UMA HORA TIVEMOS QUE SAIR da arena, não dissemos uma palavra e eu tive que ajudar Arisu tanto a tirar o cordão quanto a simplesmente levantar, sair dali e se limpar minimamente. Eu estava tentando ser o mais racional possível, eu juro que estava, eu fiz isso outras vezes, porque agora parecia tão difícil?
- Precisamos ir - Falei me levantando, mas ele continuou parado no chão, ainda em choque - Arisu... Levanta daí, por favor, eu não quero te carregar de novo... Você é pesado, ok? - Ele só deu de ombros e pareceu querer lagrimar de novo antes de deitar no chão. Eu me abaixei e respirei fundo - Precisamos ir... - Ele não disse nada, então eu bufei e sentei ao seu lado - Quer morrer, Arisu? É isso que você quer? - Eu estava com raiva e nem sabia porque, provavelmente de mim mesma - Parece fácil agora... Sempre parece...
- Fácil? - Ele murmurou sem mal se mexer, me fazendo olhar pra ele - Você não ta sentindo nada?
- O que? - Pareci incrédula - É o que você acha? - Me levantei ainda o encarando - Você acha que eu gostei daquilo!? Não é possível...
- Por que você ta com raiva?
- Porque eu to viva seu idiota! - Eu me segurei pra não o chutar - Não posso ficar com raiva? Ah é... Não posso me dar ao luxo de sentir nada quando você não consegue nem sair do chão!
- Então me deixa pra morrer...
- Talvez eu devesse - Murmurei ainda falando sem pensar e me virando pra rua. Meus sentimentos estavam muito confusos, eu queria chorar, gritar, chutar, bater, tudo ao mesmo tempo. Eu odiava me sentir desse jeito, eu preferia não sentir nada.
Olhei pro céu que parecia nublado. Que merda de lugar é esse? Porque eles precisavam morrer? Porque você fez isso? Porque eu tenho que passar por isso?
- Faz isso... - Ouvi o murmuro dele.
- Precisamos ir atrás da praia antes que o visto vença - Olhei pra trás e então pra baixo, vendo meu melhor amigo totalmente desolado olhando pro nada - Arisu! - Ele não respondeu. Eu engoli em seco e bufei irritada outra vez - Eu... - Não consegui formular frase nenhuma.
Eu sempre coloquei Arisu em primeiro lugar em todas as situações, deixei meus sentimentos de lado pra deixar ele melhor, por que eu não tava conseguindo agora? Ele precisava de mim e eu não tava conseguindo me manter firme. Eu ainda estava com raiva, ainda estava desolada e isso me deixava com mais raiva, e eu não estava conseguindo lidar com isso, eu queria que parasse, que tudo parasse outra vez.
Eu andei até o shopping onde estávamos antes outra vez, atrás do walkie-talkie que Karube achou no jogo do da coisa. Eu o achei em cima da mesa da loja de móveis que estávamos. Eu respirei fundo e percebi que estava tremendo quando o peguei em mãos, a lembrança vivida das vozes de Karube e Chota na minha mente me fizeram querer chorar outra vez. "Vivam por nós"; "Obrigado". Chutei a mesa com a lembrança enquanto tentava parar de chorar.
Para. Chorar não adianta de nada. Para. PARA! E então eu chutei mais uma vez e mais uma vez, cansando e sentando no chão logo em seguida, tremendo de raiva e tristeza. Não era pra eu estar viva, não era. Não é justo que você tenha me deixado viva!
Eu devo ter ficado ali uma eternidade, em algum momento eu deitei no chão e dormi. Quando eu acordei já era dia outra vez, eu me virei, respirei, eu não queria levantar, claro que não queria, mas eu me forcei a fazer isso. Peguei o walkie-talkie em mãos e o encarei por alguns segundos, tendo um insight repentino e levantando e correndo até uma loja de aparelhos analógicos. Eu procurei e procurei até achar a marca daquela coisa, vasculhei as instruções atrás de quanto era o alcance daquela coisa. Alcance razoável, isso significava que a tal praia ficava em alguma área perto da arena do jogo da coisa, já que foi lá que Karube ouviu o walkie-talkie. Talvez fosse um grupo ou algo assim, uma comunidade de jogadores? Sei lá.
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LIFE IN DEATH; alice in borderland
Fanfic. . . ▪︎ Onde, Suyen Atsuko chama a atenção de Shuntaro Chishiya durante os jogos mortais de sobrevivência do mundo estranho que pode ser chamado de Borderland onde eles estavam presos. . . . . NÃO DA PRA FUGIR do destino, ele é inevitável. O destin...