Sem Olhos.

85 10 0
                                    

Espero o fogo consumir o resto dele, todo seu sangue ja evaporado, sua carne como carvão, não resta mais nada pra contar história, meu sorriso e meu estômago, satisfeitos com o que aconteceu aqui, falam que carne de coelho, carne de pato, até caranguejo são bons, mas nenhuma carne se iguala a humana, o sabor começa antes mesmo de come-la, começa a saborear antes de retirá-la do corpo da presa, o desespero dela ver ela mesma sendo consumida, nenhuma outra coisa você tem esse prazer.
Descarto seu corpo em qualquer lugar, longe do meu território, não quero que algo venha me irritar.
Com meu sorriso ainda bem aparente, minha faca em mãos, me sinto inspirado com algo que nunca veio à minha mente, invado uma pequena loja de construção, encontro algum tipo de pano, revestimento, não importa, algum tipo de papel, grande e branco, encontro algo perfeito, então levo até meu lugar, prendo o papel com fita em uma das paredes, e saio a procura de uma vítima, qualquer coisa, saio procurando em qualquer lugar.
Encontro um cara estranho, andando por ai, venho e o estrangulo até desmaiar, não quero um pingo de seu sangue desperdiçado, pro meu projeto novo, cada pingo de sangue é sagrado, preciso de tudo.
Então eu estou la, na frente dele, que está encostado na minha parede forrada, espero ansioso que ele acorde e possa começar.
Fico olhando pra parede, pensando como aquela parede me representava, minha vida, passada em branco, vazia, sem nada, enquanto penso, ele começa a acordar e fica em pé, vou chegando lentamente até ele, enquanto ele se afasta até chegar na parede, e não tem como correr, então escuto bem baixo "ave maria cheia de graça, rogai por nós pe... " na hora eu corto "isso nunca ajudou ninguém" e em seguida corto primeiro uma parte do seu braço, espirrando sangue contra a parede, iniciando minha arte, depois só vou esfaqueando mais, mais, mais, mais e mais, sem parar, cada corte diferente do outro, cada corte com uma energia diferente, cada corte me fazendo mais feliz, o sangue espirrando e preenchendo a parede, e meu rosto com o sorriso.
Seu corpo quase sem sangue e vida, cai no chão, minha respiração afobada, adrenalina à mil, mas o que queria está ali, pronto, minha arte, minha obra.
Corto sua garganta, o pouco resto de sangue que resta, sento de frente pra ela, e fico observando, junto ao meu troféu, com meu sorriso, meu lindo e maravilhoso sorriso.

Happy.Onde histórias criam vida. Descubra agora