Capítulo XV - Ainda há tempo

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Dessa vez trajava um quimono verde como seus olhos e enfeitado por flores em tons quentes. Seus cabelos eram mantidos em um penteado alto como de costume. Mikoto procurava o par de leques adequado, enquanto Sakura mirava-se no espelho uma última vez, vendo a grande transformação pela qual passara, o rosto que já possuía traços delicados, agora se assemelhava ainda mais com o de uma boneca de porcelana.

– Aqui, finalmente os encontrei! –a morena exclamou apressada, os cabelos negros caiam por sua face e seu quimono estava ligeiramente desalinhado, era como se, sempre que fosse arrumar Sakura, Mikoto fizesse questão de desarrumar a si mesma.

Arigatô Mikoto-sama. –agradeceu-lhe sutilmente antes de sair, sabendo que agora provavelmente, Mikoto iria começar a orar e só cessaria, após sua pupila ter retornado sã e salva.

A Haruno caminhou até o exterior da casa, andar com aqueles sapatos desconfortáveis vinha se tornando fácil conforme aumentava sua prática. Ela já se preparava para encarar a face irritada de Sasuke, mas teve uma surpresa quando viu outro cavalheiro à sua espera:

– Sasuke não estava se sentindo muito disposto, por isso irei acompanhá-la em seu lugar, prometo-lhe ser tão discreto quanto o Uchiha. –Kakashi informou-lhe cordialmente, o homem era ilegível como a grafia de um cego, mas sabia ser gentil quando necessário.

Durante todo o percurso, Sakura não pôde evitar pensar no que o Hatake lhe dissera, já que pelo que sempre soube, Sasuke era dono de uma saúde de ferro e, além disso, Naruto nem lhe contara algo em relação à isso, o que o loiro certamente teria feito caso algo grave tivesse ocorrido com o amigo.

Só deixou de pensar nisso, pois quando deu por si, já estava diante da casa de chá. Esperava que Sasori estivesse ali novamente, assim o plano estaria cada vez mais próximo de se concretizar. Logo que entrou no recinto, avistou-o acompanhado do mesmo homem que estava ao seu lado no dia anterior. Por sorte, não havia nenhuma outra gueixa em sua companhia e assim que o ruivo avistou a rosada, um sorriso surgiu em seus lábios finos.

Sakura recuou seu olhar com delicadeza, tal como Mikoto ensinara, e assim que pôde, foi servi-lo com chá e prestar-lhe os comprimentos:

– Ora, ora, quem temos aqui... Se não é a flor de cerejeira mais bela de todo o continente. –saudou-a.

Arigatô, é extremamente gratificante encontrá-lo novamente Sasori-sama. –retribuiu sorrindo graciosamente.

– Diga-me Sakura, de onde veio?

– Nasci em uma pequena comunidade nas colinas ao norte, porém meus pais faleceram precocemente, desde então vivo com uma tia no interior da capital. –contou-lhe sem permitir que a tensão abalasse a forma com que proferia aquelas palavras.

– Sinto muito por sua perda. Essa tia... Então foi graças à ela que se tornou uma maiko? –indagou demonstrando interesse.

– Sim, ela foi gueixa em seus tempos. Ensinou-me tudo o que sei. –respondeu, no fundo tinha medo de que o Akasuna estivesse desconfiado de algo.

– Então ela ensinou-lhe divinamente bem. Por que não toca para mim Sakura? Tenho certeza de que este é mais um de seus talentos. –solicitou e tão prontamente, foi atendido pela maiko de cabelos róseos.

Mesmo sentindo o peso do olhar castanho sobre si, Sakura continuou correndo as mãos pelas cordas do sangen. Poderia até estar enganada, no entanto via admiração e um encantamento sincero em suas feições, isso quase a fazia se sentir mal, porém não podia desviar-se dos seus objetivos.

Continuou tocando as harmoniosas melodias que Mikoto havia lhe ensinado, até que por fim, o Akasuna ergueu-se para deixar o local:

– Senti-me no céu por esse breve momento, agradeço-lhe por isso Sakura. –tocou a mão da garota levemente, sorrindo-lhe abertamente.

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