Capítulo XXVI - Tentativa

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Não pudera partilhar do conforto dos braços da rosada por mais tempo, não por falta de vontade, afinal havia tido com ela a noite de emoções mais intensas em toda a sua vida, porém agora não era apenas um recém-casado, mas sim o líder de um clã em decadência.

Desde o golpe de Madara as perdas foram imensas, tanto que grande parte dos esquadrões samurais haviam sido destruídos, as defesas ainda permaneceram fortes com os ninjas das sombras, contudo eram mais uma estratégia do tio, que deixara o clã ainda mais vulnerável.

– Essa é, sem dúvidas, a maior crise enfrentada pelo clã. –Fugaku afirmou decepcionado.

– Mas passaremos por ela, tal como uma onda transpassa a areia. –Itachi mostrou-se convicto.

– É bem verdade que atualmente a maior parte do distrito é formada por crianças e mulheres, mas posso pedir à Naruto que mande homens para serem treinados, nossa disciplina pode transformar infratores de crimes menores em sujeitos honrados. –Sasuke propôs, encontrava-se sentado com os cotovelos apoiados na pequena mesa e a cabeça sobre os dedos cruzados.

– Concordo Sasuke, mas será que não tiramos nada de útil do plano de Madara? –o irmão questionou e os outros dois ficaram sem entender. – O clã Uchiha tem formado samurais por mais de um século, mas então um plano de vingança sugere que uma moça se torne uma guerreira do mesmo nível que os demais.

– Sakura. –o caçula completou.

– Essas mães de família não largariam seus lares para lutar, Itachi. –Fugaku disse.

– Talvez não, mas para proteger o que restou desses lares não hesitariam lutar com unhas e dentes. –rebateu.

– Itachi tem razão otou-san, por que adotar apenas membros de outras origens, quando teremos a fibra e habilidades Uchiha que sempre foram zeladas por nós?

– De qualquer forma, teremos de tentar. Não é só porque sua esposa conseguiu que todas as outras conseguirão. –o pai deu-se por vencido, mesmo ainda não acreditando na ideia do filho.

...

Sakura tomou seu dejejum ao lado de Mikoto e pela primeira vez fora servida como a dona do casarão, não que isso ou a companhia da sogra não fossem agradáveis, porém depois da noite que teve junto de seu marido, esperava passar a manhã ou até mesmo o dia todo ao seu lado, mas compreendia que Sasuke era agora o homem mais influente do clã e tinha seus compromissos como tal.

– Que olhar é esse? Por acaso já sente saudades? –Mikoto indagou como se fosse capaz de ler seus pensamentos.

– É assim tão óbvio? –perguntou de volta sorrindo.

– Já tive esse mesmo olhar melancólico até me acostumar com a vida de uma esposa do senhor do clã. Não é um casamento comum, ele terá viagens e treinamentos exaustivos, provável até que não o veja todos os dias, mas Sasuke será como o pai. Conheci muitas outras senhoras como eu, contudo o sofrimento delas era ainda maior, pois seus maridos mantinham amantes no pouco tempo que teriam para elas.

Sakura sabia que era até abertamente que alguns nobres conservavam outras mulheres, em sua maioria gueixas de quem eram os dannas, ainda assim, a ideia de que Sasuke se envolvesse com outra a assustava, embora agora mais do que nunca tivesse total confiança em seu Uchiha.

Quando a refeição terminou, acompanhou Mikoto por um passeio pelo distrito. É verdade que a estrutura não era mais a mesma, pois grande parte das casas haviam sido reconstruídas, mas ainda assim, conservavam a identidade dos Uchiha: construções simétricas, idênticas uma a outra em sua monotonia e falta de tons mais vívidos.

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