– Sasuke-kun... –Sakura pronunciou num fio de voz, dando-se conta que, diferente do que se entregara a fazer, estava tão inteira quanto antes.
– Pensa que lhe dei a katana para que brincasse com a mesma? –o moreno perguntou sem encará-la, ainda assim, Sakura tremeu com o tom de sua voz.
– N-não é verdade, mas... –começou engasgando, porém foi interrompida pela mulher que se encontrava próxima com o corpo do filho em seus braços.
– Isso tinha de ter as suas mãos não é Sasuke? Por acaso eu o levei a morte? Veja o que essa vadia e seu bando de animais fez ao meu filho! –Konan disse aos berros.
Só então o Uchiha reparou que a mulher que tanto amara um dia, encontrava-se tão próxima. A mesma mulher com que sonhara tantas vezes, e com a qual posteriormente, passou a ter pesadelos e visões em que a esganava com as próprias mãos. Suas feições eram como se lembrava, no entanto a pintura em sua face havia borrado, dando imagem e profundidade à sua tristeza.
Algo no íntimo de Sasuke, adorou vê-la em tal estado, de certa forma, era uma perda assim como a que o próprio tivera: ele perdeu quem jurava ser o amor de sua vida. No entanto, desejava mais. Desejava realizar suas fantasias e acabar com a fonte de seu sofrimento, aquela que o fez se passar por um traidor e que partira seu coração, na época ainda tão jovem e inexperiente.
A silhueta do moreno caminhou lentamente, de cabeça baixa até os corpos da mãe ressentida e do cadáver do filho. Konan no primeiro instante, segurou o rapaz mais firmemente, mas em seguida, como se desse conta que o filho não era o alvo, deixou-o delicadamente no chão e pôs-se a recuar porém, no próximo momento, seus pés não tocavam mais o chão.
Havia sido erguida por Sasuke com a mesma facilidade com a qual se sopra uma pluma. Ele a mantinha suspensa pelo pescoço, enquanto o apertava com ambas as mãos. Cara a cara, a mulher viu a fúria em seus olhos negros, os mesmos que sempre a observaram com tanta admiração e desejo.
Tentava implorar para que parasse, mas tanto a voz como o ar não passavam por sua garganta, a armadura do Uchiha não permitia que suas mãos, que se agarraram firmemente aos pulsos dele, fizessem qualquer efeito.
– Pare! –a voz feminina brandiu com firmeza no mesmo instante que o moreno sentiu um pequeno impacto em suas costas. A rosada estava rente ao seu corpo, seu peito colado em suas costas enquanto abraçava-o pela cintura, esticando-se para que seus lábios ficassem próximos ao ouvido do mesmo.
Os dedos de Sasuke continuaram a apertar o fino pescoço da mulher, sua visão ficando cada vez mais turva.
– Sasuke-kun... Pare, onegai. –seu tom saiu doce, embora estivesse bastante receosa. – Matá-la não irá juntar os pedaços do coração que um dia foi quebrado, quanto menos fazê-lo sentir-se amado novamente.
– Você não entende Sakura. –sua voz foi cortante. – Não sabe o que é decepcionar-se com a pessoa que mais ama.
– Se continuar com isso, saberei o que é ter essa decepção. –soltou, num misto de amargor e alívio, reconhecendo o peso de sua declaração.
Nesse instante o corpo da mulher foi ao chão, enquanto a mesma tossia e lutava para puxar o ar desesperadamente. Sakura de certa forma, também havia desabado, e em meio todo àquele caos, sentiu suas pernas bambearem, mas ao contrário do que pensava, permaneceu firme, amparada pelos braços de um samurai.
...
Do lado oposto do campo, os dois principais oponentes ainda se enfrentavam, embora agora fosse bem nítida, a figura mais resistente. Nagato tinha um corte em sua bochecha direita provocado por um golpe inesperado com uma das foices do Uchiha. Encontrava-se ofegante e nem mesmo as provocações respondia, talvez estivesse tentando manter a concentração, ou simplesmente esgotado de mais para dizer qualquer coisa. O resto de seus homens também pareciam estar em desvantagem, já que os ninjas embora aparentemente frágeis, pareciam renascer das cinzas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diz pra mim
FanficJapão, período Edo. Depois que os Hyuga tomaram o trono, o clã Uchiha ficou responsável pelo exército samurai. Os samurais são incumbidos de manter a paz do Imperador, entretanto o novo Império não foi bem aceito por todos e um exército misterioso v...