De repente seu corpo ficara tão pesado, como se o peso de cem elefantes estivesse sobre si. Não tinha o controle dos gestos, pois tentara reerguer-se, ao menos para arrancar do peito aquela lâmina que tanto o incomodava. Ainda enxergava, embora não passassem de leves borrões, vários deles o cercaram, ruídos desesperados tornando-se cada vez mais distantes.
Sasuke não sabia se aquilo era a morte, mas diferente do que a maioria das pessoas sente, ele não teve medo, não titubeou, nem teve arrependimentos que mudariam seu destino após aquele momento, se é que existia algum depois do último sopro de vida. Havia feito o melhor que podia lutando contra Madara e livrar sua família daquele monstro já lhe era o bastante para garantir-lhe a paz, ainda que a melancolia tomou conta de si no instante em que se lembrou dos vívidos olhos verdes da gueixa de cabelos róseos, ou pirralha, como costumava tratá-la até tempos atrás, talvez seu único pesar seria não poder encará-los uma última vez.
...
Apesar da preocupação com Sasuke, Naruto obedecera Fugaku, permanecendo junto das princesas no palácio. As meninas estavam muito abaladas pela perda do pai e agora mais do que nunca, precisavam de proteção.
Quase nada havia mudado do cenário em que vivera em sua infância, quando era apenas uma criança vivia com o Imperador, seu pai Minato, o braço direito do mesmo e a mãe, que cantarolava contente por aqueles corredores. Ao mesmo tempo em que toda a estrutura o trazia conforto, doía recordar suas perdas.
Foi quando mais lembranças lhe viam pela mente que a doce voz de Hinata se fez presente:
‒ Naruto-kun?
‒ Ei Hinata, pensei que estivesse repousando. –indagou sem graça.
‒ Não tem sido tão simples quanto deveria.
‒ Meus sentimentos, conheço de perto essa sensação. –concordou ressentido.
‒ Estive pensando.... Perdera toda sua família também, aliás no ataque de meu otou-san. –os olhos translúcidos da morena transmitiam certa piedade.
‒ Isso são guerras passadas Hina-chan. –alegou voltando a sorrir, enquanto a morena corava com o apelido pelo qual o loiro acabara de chamá-la.
‒ Ainda assim... Nunca concordei com esse plano de otou-san, foi injusto, assim como permanecer com o poder no nome dos Hyuga.
‒ O que pretende com isso?
‒ Quero que o trono retorne às suas raízes. Jiraya e a Imperatriz Tsunade não tiveram filhos, não há nenhum registro de familiares, exceto por você, criado e nomeado pelo próprio.
‒ Ei Hina-chan, está dizendo que pretende me passar o posto de Imperador?! –indagou assustado.
‒ É a única forma que vejo de corrigir o erro cometido, além disso, não sirvo para imperar sobre uma nação.
‒ E desde quando eu sirvo?!
‒ Serás o Imperador que esse país precisa. Enxerguei isso no momento em que dera o máximo de si por mim e minha imouto. Sua capacidade está muito além do que imaginas Naruto-kun, só precisa olhar mais para dentro de si. –com um gesto de licença, tocou-lhe o peito.
O loiro podia não compreender muito bem, mas naquele momento sentiu pela primeira vez desde muito tempo que alguém acreditava em si e desde então, acreditou que ele tudo poderia.
...
Não saberia dizer se levou uma eternidade ou meros segundos para que a claridade tomasse conta novamente de sua visão e o ar passasse a correr vividamente em seus pulmões mais uma vez. Encontrava-se, porém em um ambiente familiar: o futon, vira também sua cômoda quando erguera um pouco a cabeça para observar melhor, não tinha dúvidas de que aquele era o seu quarto.
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Diz pra mim
Hayran KurguJapão, período Edo. Depois que os Hyuga tomaram o trono, o clã Uchiha ficou responsável pelo exército samurai. Os samurais são incumbidos de manter a paz do Imperador, entretanto o novo Império não foi bem aceito por todos e um exército misterioso v...