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Faltavam exatos sete dias para o grande dia. Eu não estava nem um pouco preparada para ele, sempre odiei despedidas e apesar de recomeços me apetecer, ainda era tudo muito novo, não tive muito tempo para digerir isso.
— Querida, Elisa está subindo. - gritou minha mãe pela escada de nossa casa.
Elisa era como uma irmã para mim e esta era uma das partes que mais doía em meu coração. Nos conhecemos no sexto ano do fundamental, desde então, não nos desgrudamos. Era fácil estar com ela, era quieta e tranquila como eu, como se uma enorme aura de paz a rodeasse e consequentemente chegasse até mim.
— Olha se não é o meu bicho do mato preferido. - indagou enquanto adentrava meu quarto e pulava em minha cama, ela me olhou e alternou seu olhar para os livros e caneta em minhas mãos. - Estudando de novo?
— Não quero ter que depender de outro alguém para coisas tão básicas, Eli. - tirei pela primeira vez meus olhos do livro e a olhei.
— Tão esperta, minha garotinha. - apertou minhas bochechas e fez um biquinho.
— Incrível sua capacidade de parecer um cafetão dizendo "minha garotinha". - ri de sua cara e ela me acompanhou.
Por mais que eu não precisasse mais estudar, eu me forçava para estar cem porcento segura o suficiente para tal ocasião. A verdade é que isso fazia com que eu não pensasse tanto nos obstáculos que me aguardavam e eu sabia que seriam muitos.
— Querida, estou indo ao centro comprar as coisas que ainda faltam. - indagou minha mãe ao bater na porta e entrar. - Precisa de mais alguma coisa?
Fiz que não com a cabeça e ela se despediu.
Nossa relação entre mãe e filha não era tão ruim, mas também não era boa. Muitas vezes almejei fazer dezoito ou alcançar um nível financeiro onde eu pudesse apenas ir embora para nunca mais voltar. Mas ela era minha mãe, como abandonar uma mãe? Não sou como meu pai e não quero ser. Um homem que sumiu sem deixar vestígios enquanto eu ainda estava em seu ventre, abandonando uma mulher grávida, sozinha, sem nada. Éramos só eu e minha mãe - e claro, seus romances instáveis que nunca duravam muito.
Ela não era uma mãe ruim, mas era uma mulher que não deveria ser mãe, mas foi e não tem mais o que fazer além de tentar. Ela sempre fora ausente afetivamente em minha infância, quando não estava trabalhando, estava curtindo a noite e se não era nenhuma das opções acima, estava em algum lugar com algum namorado, tive de aprender a me virar desde cedo e sempre fui a filha que "nunca deu trabalho", mal sabe ela que isso me custou muito. Depois dos treze anos, tentou se aproximar de mim afetivamente, querendo atenção, companhia, coisas básicas em qualquer relação e eu simplesmente não conseguia proporcionar isso a ela, não por rancor, mas porque nunca tive isso.
Fora isso, desde então, ela tem tentado ser mais próxima e carinhosa e isso continua sendo estranho para mim. Ela só parou quando conheceu outro cara, não durou mais que um ano e ela voltou - de novo - com seu amor maternal sem retorno, só que desta vez, junto com seu término, veio uma brilhante - ou nem tanto - ideia. Ideia está que mudaria todo o rumo de nossa vida e que eu, não estava de acordo, mas o que uma garota de dezesseis anos poderia fazer?
Por um lado, eu a entendia. Quem dera qualquer problema pudéssemos simplesmente ir embora e recomeçar do zero? Bom, este era o nosso caso. Ainda sim, era assustador.
— Que tal você largar os livros e assistirmos algo? - sugeriu Elisa enquanto arrumava os travesseiros e se aconchegava ao meu lado.
— Está difícil focar em qualquer coisa essas últimas semanas. - fiz um breve desabafo deitando em derrota.
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𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞
Fanfiction༄ 𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 𝘙𝘰𝘴𝘢𝘭𝘪𝘦 𝘏𝘢𝘭𝘦 𝘧𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤! 𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚𝐬 𝐣𝐚́ 𝐬𝐚̃𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐬𝐢 𝐬𝐨́ 𝐝𝐢𝐟𝐢́𝐜𝐞𝐢𝐬 𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐟𝐢𝐚𝐝𝐨𝐫𝐚𝐬, 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐦𝐮𝐝𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐩𝐚𝐢́𝐬 𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐩�...