𝟽 • 𝙴𝚞 𝚗𝚞𝚗𝚌𝚊

5.5K 709 193
                                    

Chegou o tão esperado final de semana, eu aguardei a semana inteira por isso, para poder descansar e pensar, mas fui totalmente abatida por uma gripe.

Eu era imortal no Brasil, mal ficava doente e agora apenas algumas semanas no exterior, rapidamente peguei gripe. Talvez eu não seja parea para o frio daqui.

Na segunda, acordei ainda pior. Agradeci aos céus por ter uma mãe que trabalha em um hospital, peguei facilmente um atestado de quatro dias. Feliz pelas minhas mini férias antecipadas, mas triste de saúde.

Desde sexta eu não os via, mas Bella me visitara no domingo para ver como eu estava.

Bella. Virou um assunto delicado. Cada dia que passava ela ficara mais próxima de Edward, o que resultava nos dois se isolando de todo o mundo. Teve uma única vez onde Elisa fez o mesmo, conheceu uma garota mais velha e ficou obcecada pela garota, a cada semana que passava parecia ainda mais uma doença e não uma paixão, chegou no nível de ficarmos sem nos vermos por semanas, ela mal ficava em casa e até sua mãe ficara preocupada, foi então que fiz minha primeira intervenção. Fora difícil fazê-la entender o quão problematico aquilo era, sem contar o fato de ser exaustivo.

Talvez eu tivesse que fazer o mesmo com Bella ou estava muito cedo para tomar iniciativa de algo assim? Eu resolveria até o final da semana.

Já era Terça-feira à noite e eu finalmente estava me recuperando, a passos de tartaruga, mas estava. Minha mãe tinha vários plantões, o que fazia com que eu ficasse sozinha em casa por muito tempo e bom, eu gostava.

Exceto pelos meus pensamentos invasivos. Eu odiava pensar demais, pois meus pensamentos sempre me levavam para onde eu não queria voltar: minha infância. Eu não fui uma criança que passou por muitas dificuldades, de fato. Apesar de não passar por muitas dificuldades financeiras, sempre fui de uma família humilde. Tínhamos o que comer, mas não luxávamos. Fast food? apenas em datas comemorativas e olhe lá. Foi assim que por muito tempo minha sobremesa era nescau e leite em pó, misturados. Lembro-me até hoje o dia em que fui parar no pronto-socorro por causa desta mistura deliciosa e perigosa por motivos de: eu estava entupida. Exatamente, entupida. Foi tão traumático que nunca mais o fiz de novo.

Meus avós sempre foram minha fortaleza, quando eles se mudaram de estado, foi como se uma parte de mim morresse. Não tê-los no dia a dia, cuidando de mim, foi difícil. Foi quando precisei crescer antes da hora, quando eu conheci o sentimento de solidão.

As vezes me pego pensando nos motivos que me fizeram me tornar quem sou hoje, inclusive recentemente lembrei-me de coisas da infância que eu havia apagado da memória, infelizmente não eram boas lembranças.

Não é como se eu quisesse morrer, mesmo que a ideia não fosse de todo mal, eu sabia que tinha um mundo inteiro me esperando e eu não poderia partir antes de conhecê-lo.

É como se eu não me encaixasse muito bem em nenhum lugar. Eu me sinto o tempo todo completamente deslocada, deve ser por isso que sou tão apegada a histórias e filmes de fantasia, é o meu refúgio.

A vida está uma bela merda? Vamos ler um livro de bruxa, vampiro, lobisomens e todas essas coisas! Eu simplesmente entro naquele universo e só dói na hora que tenho que voltar para a vida real.

De um modo geral, eu não sou tão calejada assim, ou pelo menos, quero acreditar nisso.

Fui tirada de meus devaneios e traumas quando ouvi a campainha tocar, desci rapidamente por pura curiosidade de quem poderia ser.

— Oi, Viemos animar sua noite! - indagou Alice sorridente e ao seu lado estava Chloe e Rosalie.

Sorri e abri a porta para que elas pudessem entrar.

𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora