𝟷𝟾 • 𝙻𝚊𝚛, 𝚍𝚘𝚌𝚎 𝚕𝚊𝚛

4.2K 493 54
                                    

Eu estava a trinta segundos de abrir a porta de casa, Victoria me olhava ao longe, em cima de uma árvore escondida.

Eu respirava fundo, mesmo sem necessidade, para conter o nervosismo que fez morada em cada átomo de meu corpo morto.

Fechei os olhos e coloquei minha mão na maçaneta e abri a porta na mesma hora que abri meus olhos, forçando uma expressão melancólica e desnorteada o máximo que pude.

Mamãe não estava sozinha, Charlie estava com ela, ambos sentados no sofá, um consolando o outro e minha mãe com a cara vermelha e inchada de tanto chorar.

— Mãe. - chamei e logo ambos me olharam, minha mãe parecia ter visto um fantasma quando me olhou, ela abriu sua boca em surpresa e correu para me abraçar.

— Querida. - indagou enquanto me abraçava forte, depois de vinte segundos me soltou, com as mãos firmes em meus ombros e analisando cada centímetro de meu corpo. - Ah meu deus! O que aconteceu?

Charlie me analisara também, mas havia um pequeno sorriso de alívio em seus lábios, mas seus olhos eram preocupados.

— Mamãe. - a abracei novamente, fingindo estar em pânico e cansada e fiz com que minhas pernas vacilassem e eu caísse de joelhos no chão, Charlie veio ao me resgate e junto com minha mãe, me levaram ao sofá. - E-eu...

— Maylla, diga-nos o que houve. - pediu Charlie ainda mais preocupado, alternando seu olhar entre eu e mamãe. - Devíamos levá-la ao hospital, eu vou até a delegacia e...

— Não, por favor! - implorei os olhando. - E-eu só... Não, p-por favor...

— Querida. - ela tocou em meu rosto delicadamente. - É necessário, você estava desaparecida, consegue entender a gravidade disso? Precisamos saber como você está e...

— E-eles me ameaçaram... Se isso chegar nos ouvidos da polícia eles voltarão para me pegar de novo, mamãe... Não faça isso p-por favor... - olhei para Charlie. - Charlie, eu i-imploro...

— E deixá-los impune? De jeito nenhum! - indagou furioso.

Apoiei meus braços em meus joelhos e escondi meu rosto nas minhas mãos, me atentando em chacoalhar meus ombros como se fossem soluços de um choro que jamais sairia.

Houve hesitação de ambos os lados, mas logo senti o toque de minha mãe em minhas costas, acariciando.

Eu estava surpresa comigo mesma por estar ao lado de dois humanos e estar completamente controlada. Talvez a caça excessiva de ontem tenha sido uma genialidade.

— Tudo bem, querida.

— O que? - perguntou Charlie incrédulo.

— O que importa agora é que ela está a salvo, Charlie. Talvez pudéssemos ficar mais de olho, eu poderia contratar alguém profissional que pudesse ser uma espécie de guarda-costas, qualquer coisa!

— E quem garante que isso não acontecerá novamente ou com outra criança, Daniela? - perguntei Charlie ainda mais irritado.

— Por favor, Charlie... - implorou minha mãe.

Abracei Charlie subitamente, o assustando. Mas assim que relaxou seus músculos, ele retribuiu desajeitadamente. Parecia como quando Bella e eu nos abraçávamos.

— Agora nos conte o que houve. - indagou minha mãe.

Eu voltei ao meu lugar e escondi meu rosto em minhas mãos novamente, respirei fundo e deixei minha voz embargada. — Eu estava voltando do b-baile a pé depois de uma discussão com um dos Cullen, a estrada estava escura e vazia, no entanto, um carro com os faróis desligados se aproximou lentamente de mim e colocaram algo em meu rosto e tudo ficou preto... - respirei fundo mais uma vez. - Acordei no dia seguinte, confusa. Era um homem estranho, por volta de trinta anos e outro mais velho, eles eram loucos, não encostaram em mim mas me obrigavam a fazer outras coisas e... - tremi meus ombros. - E-eu... Não posso, não posso...

𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora