Estávamos fazendo um passeio de gôndola pelos canais de Veneza. Rosalie se impressionara com tudo que via, como uma criança em um parque de diversões.
— Sabia que tudo começou no ano de 452? - ela negou com a cabeça e me olhou, pronta para mais uma história. - Habitantes do nordeste italiano se refugiaram nas ilhas de uma grande lagoa de água doce, à beira do Mar Adriático, para escapar das invasões bárbaras que puseram fim ao Império Romano. Havia 120 ilhas, cortadas por 177 canais, os primeiros moradores ocuparam justamente as áreas secas, de terra firme.
"Quando as ilhas já estavam completamente tomadas, a cidade começou a avançar sobre as águas. Foram construídas passarelas suspensas ao lado das fachadas e 40 canais deixaram de existir, conforme os moradores foram construindo anexos às suas casas. Os aterros tornaram-se comuns, com os canais ficando cada vez mais estreitos, à medida que a cidade crescia. O crescimento desordenado em aterros revelou-se, inclusive, responsável pelo maior problema que a cidade enfrenta hoje: as enchentes."— Você realmente é uma nerd, Maylla! - ela riu.
— Queria rir, mas impossível. Você tem noção de que daqui algumas décadas essa linda cidade não existirá mais?
— Por que? - perguntou ela interessada.
— Nas últimas décadas houve um aumento notável na severidade e regularidade das inundações. A Brasílica de São Marcos, por exemplo, inundou seis vezes em 1.200 anos, quatro dessas inundações ocorreram nos últimos 20 anos.
"o nível do mar na cidade costeira tem aumentado há décadas como resultado das mudanças climáticas, com um aumento de 20 centímetros estimado no último século. Enquanto o nível da água está subindo, a própria cidade afunda cerca de um milímetro por ano devido ao terreno macio e em movimento no qual é construída."— Humanos sendo humanos.
— É, de certa forma...
Voltei a olhar para o horizonte e Rosalie seguiu meu olhar.
A paisagem era linda, o passeio surreal. Era realmente triste saber que um dia isso não existirá mais.
— Posso te fazer uma pergunta? - indagou ela. Eu desviei meu olhar em sua direção, confusa.
— Vá em frente.
— Você em algum momento desses anos longe, ficou com Victoria?
— Não. - bom, não era mentira. - Victoria e eu somos como irmãs, Rose. Nada mais, nada menos do que isso.
Rosalie sorriu.
O passeio acabará e Rosalie entrelaçou nossos dedos outra vez, me puxando para uma caminhada por Veneza.
Logo as estrelas tomariam o lugar do Sol.
Faziam dois dias que eu e Rosalie embarcamos nesta loucura e eu não poderia estar mais feliz.
Era como se aos poucos eu estivesse conquistando o seu perdão e isso era tudo o que eu queria.
— Confia em mim? - perguntou ela.
— Com toda a minha vida.
Ela sorriu e tampou meus olhos. A única coisa que senti a seguir fora a brisa batendo em meu rosto, como se estivéssemos quase voando.
Eu sorria, era uma sensação boa.
Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas eu também não me importava muito. Eu iria até o inferno por esta mulher sem pensar duas vezes.
Logo senti a brisa gelada, o farfalhar das folhas e o silêncio. Estávamos longe do centro.
Rosalie parou e sem pressa, tirou suas mãos de meus olhos.
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𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞
Fanfic༄ 𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 𝘙𝘰𝘴𝘢𝘭𝘪𝘦 𝘏𝘢𝘭𝘦 𝘧𝘢𝘯𝘧𝘪𝘤! 𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚𝐬 𝐣𝐚́ 𝐬𝐚̃𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐬𝐢 𝐬𝐨́ 𝐝𝐢𝐟𝐢́𝐜𝐞𝐢𝐬 𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐟𝐢𝐚𝐝𝐨𝐫𝐚𝐬, 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐚́ 𝐦𝐮𝐝𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐩𝐚𝐢́𝐬 𝐞 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚 𝐬𝐮𝐚 𝐩�...