𝟹𝟾 • 𝙰𝚖𝚊𝚗𝚑𝚎𝚌𝚎𝚛 𝙸

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POV Rosalie

— Você vem? - perguntou Alice, enquanto esperava por uma resposta se encostava no batente da porta do meu quarto.

— Sim. Estou indo.

Ela sorriu fracamente e desceu.

Eu me levantei da pequena poltrona que havia em meu quarto e respirei fundo - por hábito -, peguei um casaco preto e desci.

Todos me esperavam na garagem. Era como se fosse o velório outra vez, na verdade, parecia que todo dia era como um velório.

O tempo não cura tudo, como sempre propagam. O tempo também não ameniza.

Talvez a pior parte do luto, seja justamente o tempo. Há dias que você se lembra de algo e seu corpo todo dói, as vezes você tem um dia ruim e sente vontade de conversar com alguém, mas não pode.

Nem sempre a pior parte é o velório. Na maioria das vezes, a pior parte são dias aleatórios que você quer compartilhar algo ou até mesmo ouvir a voz de alguém, mas se lembra que não pode mais.

E as vezes, no meu caso, a pior parte é lembrar das últimas palavras que eu disse para alguém que hoje já não posso mais me desculpar.

Em todas as décadas de vida, eu jamais havia me arrependido de algo ou sentido tanta dor assim. Eu nunca nem sequer tinha me apaixonado até então.

Para mim, o amor nunca fora uma opção, apesar de almejar isso. A imortalidade me tirou muitas coisas, mas em contrapartida, ela me proporcionou o dobro.

Toda vez que eu olhava para Bree, eu me lembrava disso.

E eu sabia que era coisa de Maylla. Ela sabia qual era o meu maior desejo desde a vida humana e ela fez com que eu jamais me sentisse sozinha outra vez.

Bree era a lembrança viva de que Maylla não era de todo ruim.

Mas toda vez que eu olhava para seu lindo e delicado rosto, havia dor. Vez ou outra passávamos horas conversando, eu sabia que era sua tentativa de tentar fazer com que eu sorrisse, como se isso fosse apagar as coisas tristes.

Bree já havia me adotado como sua nova mãe. Segundo ela, Maylla, antes de partir naquele dia após a luta, havia lhe dito que eu era a pessoa certa para cuidar dela, que nos daríamos bem e que ela me amaria. E assim aconteceu.

Apesar de Bree ter quinze anos, ela era inocente como um bebê e esperta como uma adulta. Nos tratávamos como mãe e filha e acho que isso me salvou um pouco do abismo.

Bree era o motivo pelo qual eu não tinha feito alguma besteira. Era o motivo pelo qual eu não passava horas em inércia deitada em meu quarto. E acima de tudo, tudo nela me lembrava a Maylla.

— Você vem? - perguntou Bree, segurando a porta do carro e me olhando preocupada.

As vezes ela mais cuidava de mim, do que eu dela.

Eu assenti e sai do carro. Coloquei meu braço ao redor do seu ombro e fomos juntas.

O dia estava chuvoso, mas eu não me importava. Os pingos de água que caiam sob meu rosto preenchiam as lágrimas que ali teriam se eu fosse capaz de chorar.

Eu esperei que minha família terminasse, para que eu pudesse seguir adiante.

— Podemos ir embora se quiser, mãe. - disse Bree me encarando.

Eu olhei para baixo e forcei um sorriso.

— Não precisamos, querida.

— É assim que ela me chamou o tempo todo aquele dia. - comentou e logo olhou para baixo.

𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora