𝟷𝟻 • 𝚁𝚎𝚗𝚊𝚜𝚌𝚒𝚖𝚎𝚗𝚝𝚘

4.7K 553 110
                                    

Eu não sabia dizer ao certo por quantos dias eu dormi... Ou morri. Estava tudo turvo, confuso.

Pareciam séculos na angústia, uma dor insuportável, até a morte convencional seria menos dolorosa. Passei mais tempo do que o suficiente na agonia, como se meu corpo estivesse queimando por tempo demais, como se a lâmina mais afiada cortasse minha pele sensível lentamente, como se eu tivesse tomado um tiro em câmera lenta.

Dor demais, tempo demais. Eu não via a hora daquela tortura física e mental acabar e então ela acabou e a confusão fez morada.

Eu abri os olhos e tudo parecia... Diferente. Minha cabeça doía com tantos sons que eu ouvia, minha visão parecia uma câmera de última geração, captando cada detalhe imperceptível. Pestanejei, o que era aquilo?

Eu estava em uma espécie de túnel, claramente era noite, o lugar estava escuro mas não o suficiente para as minhas vistas, pois eu conseguia enxergar além daquilo, além do escuro.

Me levantei rapidamente, como se eu não tivesse o total controle do meu corpo ou velocidade, eu não sabia dizer. Olhei ao meu redor e me assustei com uma presença. Uma mulher.

— Quem é você? - indaguei e logo senti minha garganta queimar como fogo. Achei que a tortura tivesse acabado. Minha voz estava diferente, mais parecida como a de Alice do que a minha.

— Finalmente! - a mulher sorriu, como se estivesse feliz em me ver. Aquilo só me confundiu ainda mais.

— Quem é você? - perguntei mais uma vez, só que desta vez, minha voz estava mais firme.

A mulher se aproximou de mim e parou a um palmo de distância, me olhando, me analisando, sorrindo, como se estivesse satisfeita. — Posso ser o que você quiser. — sorriu sugestiva.

Em um ato impulsivo, a peguei pelo pescoço e a arrastei para a parede mais próxima. Me surpreendi com tamanha velocidade, como se fosse inumana. Ela sorriu sadicamente. — Eu não sou do tipo que gosta de repetir a mesma coisa três vezes. — a ameacei entre dentes.

— Sou sua salvadora. - indagou ela, ainda sorrindo. - De nada por isso, inclusive.

— O que? - perguntei confusa.

— Me solte e eu explico. - respondeu confiante.

Analisei minhas opções. Eu estava confusa, não sabia onde estava, quem era ela e muito menos o que estava acontecendo. Minha cabeça estava zonza, o que de pior poderia acontecer?

A soltei, mas fiquei atenta a cada movimento daquela mulher. Eu não confiava nela.

— Eu lhe dei o maior presente que alguém poderia ter ou querer. - começou ela, me rodeando, com um olhar presunçoso. - Sinto-me até triste por não reconhecer isso, querida.

— O que diabos está acontecendo? - perguntei irritada. Não estava para joguinhos de adivinhações.

Ela riu. — Não sabia que era tão nervosa... Gostei. — A mulher sumiu e em frações de segundos ela apareceu novamente, com algo grande em suas mãos, o apoiando na parede. — Se olhe.

Fiquei confusa, mas o fiz. Me olhei naquele espelho empoeirado e por dois segundos pensei que fosse algum tipo de portal ou porta e que aquela não fosse eu. Eu estava... Diferente.

Me aproximei do espelho e toquei em meu rosto. Minha pele estava mais dourada, meus cabelos mais escuros e brilhosos, se antes eu parecia uma modelo, agora não teria mais uma palavra que pudesse definir tamanha beleza. Mas o mais assustador era meus olhos... A coloração esverdeada não estava mais ali, dando vazão para um vermelho vivo. Meus olhos estavam vermelhos. Os fechei com força e abri, como se eu estivesse tendo uma alucinação.

𝐃𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫𝐨𝐮𝐬 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐥𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐥𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora