capítulo 2

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Acordei no dia seguinte me sentindo bem melhor, não estava mais tão nervosa para escola e me sentia preparada. Levantei e já liguei o rádio, começou "garota de Ipanema" e não pude conter o sorriso ao ouvir tal melodia, eu já sentia falta do Brasil.

Segui para um rápido banho e coloquei o uniforme, que eu tinha amado. A saia xadrez vermelha e amarela, a blusa social preta e o moletom vermelho eram belíssimos. Fiz uma maquiagem básica, só um corretivo e rímel, não esquecendo o hidratante labial e desci para tomar café. Mamãe terminava de montar a mesa enquanto papai coava o café, dei bom dia aos dois e me sentei.

- Bom dia querida, preparada? - minha mãe pergunta dando um beijo em minha testa, tinha algo estranhamente reconfortante de falar português em casa sabendo que lá fora era outra língua.

O café da manhã foi rápido, eu tinha que correr para pegar o ônibus e papai já tinha de sair para trabalhar. Minha mãe ainda estava se adaptando e não tinha começado o trabalho.

Segui para o ponto após me despedir e peguei o ônibus, chegando na escola foi  tranquilo e já me sentia mais confortável. Ao chegar na porta da sala aquele garoto jogador estava parado, bem na frente, bloqueando a passagem.
Respirei fundo e decidi que não ia me estressar com uma pessoa desse tipo, eu teria de conviver com ele apenas dentro da sala de aula, posso lidar com isso.

- Licença - pedi me preparando para entrar, o garoto me olho de cima a baixo, com aqueles fones tão altos q eu conseguia escutar uns ruídos, e chegou minimamente para o lado.

Revirei os olhos e passei, dando uma leve esbarrada em seu ombro, claro que não propositalmente, e reparei que ele nem era tão alto assim. Mas era bem cheiroso.

Dei oi para as meninas e fui para o meu lugar, os alunos terminaram de chegar e logo as aulas começaram.


Eu juro, tava me esforçando bastante para entender tudo que eles falavam e confesso, era bem divertido na maioria das vezes. Estava super focada em um poema clássico que tentava ler, cheio de palavras mais complicadas quando sinto uma movimentação por perto das minhas pernas, uma respiração quente bate em meu joelho e me bate um desespero, afasto levemente a mesa e olho para baixo, e para minha surpresa o tal jogador estava ajoelhado em frente aos meus joelhos, seu rosto bem próximo enquanto seu braço estava esticado para debaixo de minha cadeira.

Pelo susto eu acabei por levantar uma das pernas rápido, foi o reflexo, já que levei um susto, acertando em cheio com meu joelho em sua bochecha. E foi daí pra pior, empurrei mais a mesa o que causou um barulho por toda a sala, atraindo os olhares, o garoto deu um gemido de dor, cobrindo o rosto com uma das mãos, ao tentar se levantar bateu a cabeça na minha mesa e soltou outro grito, agora pronto.

Eu estava extremamente envergonhada e não sabia o que me sentia, aliás o que tinha sido aquilo???? Impossível ele estar tentando alguma coisa, então pq caralhos sua cara estava tão próxima d-

- O que está acontecendo aí? - pergunta a professora de literatura com um tom nada agradável, todos olhavam esperando uma explicação e eu não sabia o que fazer.

- Eu fui tentar pegar minha borracha que caiu no chão e essa maluca me chutou! - disse o jogador e eu lhe encarei indignada.

- Você que chegou por debaixo da minha mesa desse jeito todo estranho, eu assustei, não fiz de propósito - tentei me defender e ele me olha com raiva, ainda tampando o rosto, quanto drama.

- Queria se vingar de mim só pela bolada de ontem? Ou achou o que? Que eu ficaria perto das suas pernas porque gostei delas??? - seu tom era irônico e irritado, então o filha da mãe sabia da bolada e simplesmente ignorou, agora ainda me humilhava na frente da sala me fazendo parecer oferecida.

untied shoelace - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora