capítulo 17

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Já tinha dois dias e nenhuma notícia de Gavi. Eu e Aurora estávamos desesperadas, não contamos nada para seus pais pra manter a tranquilidade. Se eu já chorei horrores quando o Brasil foi desclassificado imagina como ele está se sentindo, sendo o próprio jogador.

- Alô?

Pedri atende! Não tive alternativa a não ser ligar para ele e saber o que acontece.

- Oi pedri - começo suave, sei que para ele não é um bom momento também.

- Oi S/n, tudo bem? - pergunta com o tom de voz meio...triste.

- Mais ou menos né...como vocês estão?

Escuto um suspiro.

- Nada bem, você deve imaginar.

- Sim. Sinto muito Pedri, mas você jogou muito bem, sabe disso.

- Aparentemente não o suficiente.

Fecho os olhos respirando fundo.

- Não se cobre tanto assim, foi a primeira copa.

- É, espero ir melhor na próxima...Ligou só pra isso? Creio que não.

- Desculpa te incomodar com isso, mas depois do que aconteceu, Gavi simplesmente não deu notícias e estamos todos preocupados...

Uns segundos de silêncio do outro lado da ligação e então vozes distantes. Consigo ouvir a voz de Pedri falando bravo com alguém.

"Gavi abre essa porta."

"Fala com sua família, estão preocupados com você!"

"Porra é a S/n"

Então escuto um barulho de porta abrindo e então silêncio de novo.

- Gavi?

- Oi.

- Quer nos matar do coração?

- Quero voltar pra casa - diz com a voz trêmula - me desculpa, eu perdi, eu falhei. Na verdade não quero voltar pra casa, vai ser uma vergonha, você merece um namorado vencedor, eu joguei cada minuto pensando em você e em levar a porra do troféu pro meu país...mas eu falhei, não me esforcei o suficiente e fomos desclassificados - meu coração estava acelerado, a preocupação crescendo e saber que ele se sentia assim me quebrava.

- Pablo para de falar merda! Cala a boca pelo amor de deus - falo tentando não chorar também - Você é um jogador incrível, tem 18 anos e é sua primeira copa! Quantos jogadores da sua idade você viu? Pelo amor de deus, deu tudo de si naquele campo e pode ter certeza que se dependesse só de você teria ganho. Para de se cobrar tanto Gavi, não tem problema errar de vez em quando, você ainda tem muitas conquistas e diversos troféus pra conseguir.

Consigo escutar seus soluços e tenho de respirar fundo.

- Desculpa, você tem razão...mas ainda dói, eu tava muito confiante.

- Eu sei amor, só não some assim.

- Desculpa, desculpa...hoje de noite já estou voltando pra casa.

- Certo, vou ficar te esperando.

E desligou.

Mesmo tendo perdido decidi cumprir com a minha parte da promessa. Claro que não ia morar 100% com ele, até porque eu ainda tinha mais um mês de aula, recém 18 anos e meus pais. Mas levaria boa parte das minhas coisas para casa dele e ia passar mais tempo por lá.

Pego minha mala, respiro fundo e começo a colocar algumas coisas.

Já tinha conversado com meus pais sobre, eles falaram que me achavam muito nova mas que eu já tinha 18, trabalho e já estava terminando a escola. Falaram que qualquer coisa que fosse estariam aqui e pediram para não esquecer deles. Teve choro e muito abraço, mas eu estava contente.

untied shoelace - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora