capítulo 3

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A manhã passou voando, os professores começaram a pegar mais pesado e eu tinha que me concentrar o dobro para entender, Pablo não foi na escola hoje, e eu já não tinha mais certeza se ia dar certo de terminarmos o trabalho, eu não conseguia me comunicar com ele de maneira alguma.

Hoje eu e as meninas, e provavelmente todo o resto do ensino médio da escola, recebemos o tal convite da festa que tem todo ano. Diego veio entregando pessoalmente, ele era bonito e parecia divertido, meio sem noção mas gente boa. Obviamente Carmen pediu para tentar descobrir se o jogador ia ou não, provavelmente a segunda opção, e eu afirmei novamente que tentaria, mas que nem sabia se ia encontrar ele pro trabalho hoje.

Mas para minha surpresa, assim que passei pelo portão para ir embora, vi o garoto esperando do lado de fora. Ele veio em minha direção.

- Vamos terminar isso lá no estádio, e aí eu já fico pro treino.

Concordei e segui para andar, mas ele segurou meu ombro e me puxou para um carro prata, entrei no banco de trás e ele foi para frente, no passageiro.

O carro seguiu e nos deixou na porta do estádio, saímos e agradeci para o provavelmente motorista. Entramos e já fomos direto para a arquibancada, era bem espaçosa e estava tudo vazio, além de um senhor que limpava os equipamentos de treino depositados no campo. Pegamos os materiais e começamos, faltava só a finalização e conclusão.

Respirei fundo e com toda coragem que eu tinha, perguntei o que minha amiga tanto queria saber.

- Você vai? Na festa de comemoração de volta as aulas?

Ele me encarou rapidamente e me arrependi de perguntar, não tínhamos essa intimidade, aliás não tínhamos intimidade nenhuma, mal nos falamos durante o trabalho e eu pergunto isso.

- Não.

Curto e seco, como se encerrasse o assunto ali. Reviro os olhos não aguentando toda aquela ignorância.

- Educação é bom as vezes, sabia?

Ele pareceu surpreso com minha demonstração de desagrado com sua atitude, deve estar acostumado a ter tudo que quer, na hora que quer.

- Você nem me pediu desculpas pela joelhada que me deu na cara.

- E você não pediu desculpas pela bolada, além do mais, a joelhada foi culpa sua!

- Culpa minha?? Eu só fui pegar minha borracha e do nada você me atacou!

- Claro que não, você tava quase com a cara na minha perna eu assustei!

Ele solta uma risada debochada e cruza os braços.

- Como se eu fosse querer chegar minha cara perto da sua perna!

A cara de nojo que o sujeito fez me deixou ainda mais irritada.

- vai se foder - xinguei em português e voltei a atenção para conclusão, queria acabar o mais rápido possível e ir embora e ter sorte de nunca mais fazer trabalho com ele.

Finalizamos e eu guardei tudo, pronta pra ir embora. Assim que chegamos no campo alguns outros jogadores chegaram também, um deles se aproximou e comentou.

- Trouxe a namoradinha pra torcer pra vc de novo Gavi?

Revirei os olhos, era só o que me faltava.

- Nunca que eu iria torcer para alguém como ele.

Os jogadores riram e o camisa 17, que tinha falado antes, se aproximou de mim.

- Bom, já que é assim pode torcer pra mim então gatinha - piscou pra mim e olhou pro Pablo sobre meu ombro - pelo menos eu sei amarrar o cadarço.

untied shoelace - Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora