Twenty-One

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Wednesday tirou o diário de Enid de dentro de sua mochila. Ela passou a mão na capa de couro, pensando quantas vezes teria segurado aquele mesmo diário em suas mãos. Era difícil para ela assimilar que a garota que havia escrito esse diário era a mesma garota que ela havia beijado apenas alguns dias atrás.

Seu telefone vibrou alguns minutos depois e Wednesday franziu as sobrancelhas quando viu que era uma mensagem de Lana pelo Facebook.

Lana: Hey, acabo de me lembrar. Todo o time de líderes de torcida voltou para o ginásio da escola no dia seguinte da formatura para tirar suas coisas dos armários. Enid nunca as pegou. Se eu me lembro bem, eles anda estão na caixa de Achados e Perdidos na biblioteca. Só achei que você gostaria de saber.

Valia a pena tentar, Wednesday decidiu. Ela se levantou do meio-fio onde se encontrava e começou a caminhar na direção da escola. Seria uma longa caminhada, mas a garota dos olhos pretos não queria esperar o ônibus. Ela precisava de algo para ocupar seu tempo.

Mais de meia hora depois, finalmente a escola onde estudava estava visível. Wednesday se encolheu de medo, lembrando-se de todas as memórias ruins associadas ao prédio. Engolindo seu orgulho, ela vagarosamente se deu conta de que não havia ninguém na escola. Era sábado.

Recordando-se de uma coisa, Wednesday fez a volta na escola, encontrando os docks de carregamento. A comida era entregue à cantina em caminhões, que estacionavam nos docks de carregamento e eram descarregados na cozinha. Para a sorte de Wednesday, ela havia pegado a detenção no segundo ano e teve que ajudar a carregar as caixas para lá e para cá. E agora, lembrou do código que eles usavam para destrancar a porta.

6022.

Ela colocou os números no teclado e apertou enter. Momentos depois, ouve um 'beep' baixo e o destrancar de uma porta. Wednesday olhou em volta uma última vez antes de abrir a porta e deslizar para dentro.

A biblioteca ficava do outro lado da escola. Ela correu até lá, sem fôlego quando alcançou as fileiras e mais fileiras de prateleiras de livros. Um cartaz gigante dizia 'Achados e Perdidos' em um canto na parte de trás.

Assim que chegou lá, achou a caixa que Lana mencionou. A garota ajoelhou-se ao lado da caixa, mordendo o lábio e hesitando por um momento. Ela realmente queria fazer isso? E se encontrasse algo ainda pior do que já havia encontrado?

Fazendo o melhor que podia para não pensar nessas coisas, Wednesday suavemente abriu as abas da caixa e olhou para dentro. Ela puxou vários papéis grampeados e os olhou curiosamente.

"Se você tivesse que escrever a história da sua vida até agora, como a chamaria e por quê?"

Wednesday franziu as sobrancelhas quando leu o título do papel. Depois de examiná-lo um pouco mais, se deu conta de que era uma redação escolar. Isso seria interessante. Wednesday respirou fundo, se preparando para o que viria a seguir.

Meus pais morreram quando eu tinha seis anos. Sempre que conto para as pessoas que me lembro deles como se fosse ontem, eles me olham como se fosse louca. Mas eu me lembro. Ainda lembro de pequenas coisas sobre eles. Eu lembro que meu pai sempre tinha as mãos sujas de tinta e que minha mãe sempre o repreendia por sujar suas roupas novas com terebintina. Ele era pintor e ela era contadora.

É engraçado, porque ninguém imaginava que eles se apaixonariam. A mulher que amava os números e o homem que mal sabia ver as horas. Mas, aparentemente, eles se apaixonaram. Não sei muito sobre o passado deles. Eu não tenho ninguém da família para fazer perguntas, a não ser meu tio. Mas ele pode ser bem evasivo sobre meus pais, então eu desisti de perguntar.

Uma coisa que me lembro bem sobre eles, entretanto, é que amavam cores. Especialmente meu pai. Eu sempre sentava em um banco e o assistia misturar as tintas. Os melhores dias eram os que ele colocava um cavalete menor para mim e eu podia pintar com os dedos. Eu sempre tentava pintar com ele, mas nunca conseguia acertar. Então eu começava de novo e borrava mais uma folha de papel com amarelo.

Yellow - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora