Chapter Fourteen

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Normal. Enid sempre quis saber o significado dessa palavra. Não se sentia normal. Isso a deixava tão magoada.

Desde pequena sabia que era completamente diferente das outras crianças de sua idade. Não gostava de correr nem brincar na rua, preferia mil vezes ficar em sua casa assistindo algum desenho ou simplesmente ficar quietinha no seu canto. Odiava aquelas músicas infantis que, quando as ouvia, sua cabeça começava girar e seus ouvidos a zumbir.

Tudo piorou no dia 07/09/2009, o dia que veio o diagnóstico. Sua mãe começou a trata-lá de forma diferente de como tratava a irmã ou seus primos menores. Isso era perceptível para ela. Tinha a completa consciência de que a própria mãe, por mais que ela falasse o contrário, não à achava normal.

- Acorda, Enid. - Isabel chamou.

Sinclair virou-se na cama e cobriu sua cabeça com o cobertor começando a contar mentalmente. Isabel suspirou e puxou devagar o lençol que a cobria. Enid cobriu-se novamente

- Deixa de manha. - Sorriu, puxou o cobertor de volta. - Vem, levanta logo.

Enid iria se cobrir novamente, mas Isabel segurou sua mão.

- Nid, levanta, você vai- - Foi interrompida por uma mordida forte em seu pulso.

Soltou um gritinho e apertou o local da mordida. O pulso da garota agora estava roxo e com as marcas dos dentes da irmã.

- Nid... - Passou a mão pelo local dolorido. - O que-

- Cala a boca! - Gritou.

Isabel arregalou os olhos depois franziu o cenho. Nunca tinha ouvido a irmã gritar daquela forma. Gritar com raiva.

- O que aconteceu pra você ficar assim, Enid? Olha, sei que acordou de mal humor. Mas você tem que levantar e ir pra escola.

Viu a caçula cobrir os ouvidos e se encolher na cama. Suspirou e fez um carinho nos cabelos bagunçados da irmã.

- Tá tudo bem, beb-

- Cala a boca, Isabel!

- Tá bom. - Levantou da cama e andou até a porta. - Mas daqui a pouco eu volto.

Sinclair bufou. Odiava aquilo. Queria ser tratada como alguém normal. Ou pelo menos como uma adolecente de 16 anos, e não uma criança de cinco.

Queria tanto nascer de novo. Mas dessa vez normal, com uma cabeça normal para não surtar toda vez que a mãe ligasse o liquidificador.

Tentava, tentava muito, muito mesmo. Mas não podia evitar balançar seu corpo, ou cobrir seus ouvidos, bater nas pessoas e nem gritar quando algo à incomodava.

Naquele dia, só queria ficar deitada o dia todo. Não estava a fim de sair da cama e ir para o Colégio depois de ouvir Wednesday dizer que não tinha interesse em sexo nem em namoro com ela. Aquilo à magoou. E por que? Porque Enid tinha interesse nela.

Pensava que a Addams não queria fazer sexo consigo porque era autista. Se, de acordo com os pais dela, Wednesday fazia sexo com uma garota atrás da outra várias vezes por mês, qual é o motivo de Sinclair ser diferente?

Mas também ela pode ter dito aquilo apenas por estar na frente de seus pais. Mas isso nem passava na cabeça de Enid.

Ela nunca tinha se importado com nada disso. Mas agora tudo mudou. Isso é o que as outras pessoas sentem? Se sentem assim quando não são correspondidas? Uma imensa angústia e um ardência, que não é boa desta vez no peito que machuca o coração?

Isso também era novo. Mas ela gostaria muito não ter conhecido essa sensação nova. Podia morrer tranquilamente sem conhecer aquilo.

- Enid? - Ouviu sua mãe chamar. - Isabel me contou que você acordou de mal humor. - sentou ao lado da menor. - Mas... Tá tudo bem, ok? Não precisa ir para a escola hoje se não quiser. Faltar uma só vez não faz mal.

Crayons - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora