◽CAPITOLO PRIMO

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◽Violleta Moretti

Coloco minhas malas em pé na porta, esperando que algum subordinado apareça e me ajude a descer.

Não acredito que vou embora da minha casa sem ter a oportunidade de escolha. Isso é praticamente um crime.

Quem simplesmente entrega sua filha por um contrato imbecil? Ou melhor, quem pensa em entregar a única filha a um criminoso?

Gino Moretti não só pensou como executou e isso não deveria me admirar. Com um pai como ele, você pode esperar qualquer atrocidade.

Daqui a alguns dias, serei a esposa do novo capo italiano, Joe Salvatore. Uma união totalmente contra minha vontade.

Joe Salvatore e meu pai, capo da máfia Americana,  criaram um contrato entre si e se tornaram aliados, mas para a aliança se tornar legítima fui oferecida como um animal.

Um casamento por contrato.

O problema não é o casamento, mas sim passar o resto da vida, isso se eu não morrer, com alguém que não gosto. Ainda mais  com alguém como o Salvatore, nem o conheço mas não suporto ele.

Sento na beirada da cama e olho através da janela.

Gostaria de saber a sensação de ter uma família com a qual eu pudesse contar.

— Se continuar com essa cara, ele vai te mandar embora de primeira. — Mattia sorri.

— Me lembre disso quando estivermos próximos.

Ele se senta do meu lado.

Mattia é o braço direito de Gino, um dos únicos homem de confiança que ele possui e também é um dos associados.

É meu melhor amigo.

— Não vou me casar.  — ele sorri, retirando um cigarro do paletó e o acendendo em seguida. — Violleta, o que você está tramando?

— Sabemos que eu não me enquadro nos requisitos e que não posso, em circunstância nenhuma, viver perto da família Salvatore. 

Mattia concorda.

Meu passado com a família Salvatore se cruzou a muito tempo atrás, devido ao meu envolvimento com o primo do Joe, que na época ainda não deveria ter sido nomeado a Don.

Vito Lombardi, nunca me esqueci desse nome. Meu primeiro e último amor.

Se Gino um dia sonhar do que aconteceu, irá acabar com o que resta de mim.

Sinto um arrepio na espinha.

— Se quer manter sua moral, esqueça do passado. — puxei o cigarro da mão dele e dei uma tragada.

— Que seja. Vamos logo, me ajuda a descer com essa porcaria.

Sinto um aperto no peito quando decolamos rumo a Roma.

ו••×

Eu já tinha dito minha preferência por um hotel nas primeiras noites, assim eu teria meu espaço e um pouco de tempo para pensar em algo.

Estava fora de cogitação aceitar tal insanidade.

— Salvatore deve está soltando fogo pelas narinas. — Mattia ri, deitado na cama. — Eu pagaria pra ver isso.

Dou de ombros, entrando no banheiro e olhando no espelho.

— Tanto faz. Eu nem queria estar aqui.

Tomo um banho e quando saio, Mattia não está mais presente. No meu celular tem uma mensagem:

O don quer jantar com você hoje.
Estou preparando o carro, quando estiver pronto saímos.

Choramingando, vou até minha mala e escolho um vestido. Assim que termino de me arrumar desço para o estacionamento principal.

Mattia me olha de cima a baixo e engole seco.

— Não faça essa cara, posso me esquecer que somos amigos. — eu digo, sorrindo.

— Nada que já não tenha acontecido, não é mesmo?

Abro a porta do carro.

— Limites não existem comigo, senhor Ferrari.

   O restaurante escolhido para o jantar é extremamente elegante, sou recebida como se me conhecessem a anos.

— Senhorita Moretti, sou Dianna, dona do  restaurante. O senhor Salvatore pediu para avisar que iria se atrasar um pouco, mas estará aqui em breve.

— Se atrasar? — ela concorda, meio constrangida. — Poderia me trazer um Musigny?

A senhora se retirou, voltando logo em seguida com uma garrafa e enche minha taça.

Para aguentar esse atraso, só bebendo um bom vinho.

Já tem mais de uma hora de espera, quando todos do restaurante olham para trás, me fazendo ter a certeza que era ele, mesmo  de costas. Todos podíamos sentir o ar denso quando ele pisou os pés nas instalações.

Bebo mais um gole de vinho.

— Violleta Moretti. — Meu nome soou totalmente diferente pronunciado por ele.

Dou um sorriso forçado, ele ainda atrás de mim.

— Senhor Salvatore.

Salvatore segura minha mão, depositando um beijo.

O capo pode ser tudo de ruim, mas é um pedaço de mau caminho, minha nossa. É quase impossível não reparar.

— Me perdoe pelo atraso, tive que resolver um assunto pendente com meu advogado.

Olho para as marcas no pescoço dele e me pergunto se ele é imbecil por mentir tão mal. Alguém como ele deveria saber como contar uma mentira.

Ele contorna a mesa e se senta.

— Isso explica muita coisa. — me curvo em sua direção e passo o dedo no pescoço dele, onde há vários chupões. — Seu advogado deve ser muito atencioso com os clientes, não é mesmo? Não me admira o atraso.

Bebo outro gole de vinho e ele me encara por um tempo, depois sorri, um tanto admirado.

— Observadora.

Antes mesmo de casar eu já tenho um par de chifres. Tadinha da  mulher dele, porque não será eu e posso garantir.

  Nosso jantar chegou e eu permaneci calada enquanto cortava os legumes.

— Me fale um pouco sobre você, Violleta.

Não consigo evitar e reviro os olhos exageradamente.

— Violleta Moretti, 20 anos e em hipótese alguma irei me casar com você.

Suspendo minha taça, na tentativa de dar o  sorriso mais sincero que consigo.

LA MÁFIA [VOL.1 OBSESSÕES] Onde histórias criam vida. Descubra agora