◽CAPITOLO VENTIDUE

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◽ Violleta Moretti

Ajusto o fone no ouvido, decido correr mais uma volta pelo arredor. Sigo o ritmo frenético, fazendo meu sangue bombear cada vez mais.

Quando paro estou novamente na frente da mansão, entro e dou de cara com Judite, que está inquieta.

— Está tudo bem, Judite?

Judite olha em volta, o suor brotando na testa. De imediato, acho que tem algo de errado com Joe, que algo aconteceu e fui a última a ser informada.

Um nó se forma em minha garganta.

— O que aconteceu? — coloco a mão no ombro dela. — Está tudo bem com Joe?

Ela nega.

— Perdoe-me por preocupar, senhora Salvadore. Não há nada de errado com o senhor Salvatore.

Solto ar, sem perceber que esse tempo todo tinha prendido.

— O senhor Lombardi está esperando a senhorita a algumas horas. Como não tinha ninguém a quem eu pudesse perguntar, não pude intervir na sua entrada.

Pisco inúmeras vezes, até que me dou conta que Vito deve ter sido proibido de adentrar na mansão Salvatore.

— Onde está Lorenzo? — Sigo na direção do galpão, o salto de Judite fazendo barulho atrás de mim. — Vito Lombardi está definitivamente proibido de entrar aqui, Judite.

— Sim senhora. Eu não tinha conhecimento sobre.

— De agora em diante, não deixe ninguém entrar sem permissão, para a segurança de todos nós. Vito Lombardi não é confiável. Nunca foi.

Judite assente, seguindo para a sala em silêncio.

Assim que adentro no galpão o vejo. Vito Lombardi está encostado em um canto, afastado demais para que eu consiga enxergar o seu rosto.

— Você veio sozinha. — ele fala após alguns minutos, a voz mais rouca que o comum. — Achei que viria cercada pelos seus protetores.

Continuo mantendo distância dele, observo de longe qual será seu próximo movimento.

— Pelo visto não me conhece tão bem quanto achava. Se bem me conhece, sabe que não preciso que ninguém me defenda.

Mesmo no escuro, posso ver o sorriso nos seus lábios.

Vito caminha até certo ponto, onde eu finalmente posso ter uma visão nítida do seu rosto completamente desfigurado, marcado por marcas. Queimaduras.

Devo vacilar por um instante, porque ele nota meu olhar e vira o rosto.

— Pode ver que seu marido levou a vingança a sério, Moretti. — Vito diz, amargo. — Tão a sério que resolveu destruir a vida de meia dúzia de crianças.

— Do que está falando?

— Não me diga que não sabe. — ele vem até mim, como se pudesse me acertar com suas palavras. — Não sabe?

— Você está louco?

— Ele matou o Vicente, Violleta! Matou uma criança de seis anos, seis anos!

  Sinto um embrulho no estômago, como se tivesse levado um soco forte demais para ser suportado. Um bolo se forma na minha garganta

Vicente é irmão de Vito, o conheci de relance, mas era um menino extraordinário. Ele queria ser médico, dizia que gostaria de fazer o oposto do que o pai fazia. Gostaria de salvar vidas.
 
Vicente Lombardi só tinha seus anos.

Vito segura meu rosto, apertando meu maxilar. Saco minha arma praticamente ao mesmo tempo e cá estamos nós;  Nos ameaçando mais uma vez.

— Pelo visto você está surpresa com as atitudes do seu maridinho. Ainda falta muito para você entender quem ele é.

Posso sentir suas palavras atingindo tudo dentro de mim, mas não abaixo a arma.

— Como pode se casar com alguém que decide interferir no destino de uma criança? Como é possível que ainda assim...

— Cale a boca.

Ele me olha, os olhos magoados que hoje posso reconhecer com mais clareza. 

Vito Lombardi alisa meu rosto.

— Eu ainda vou sentir sua falta.

— Eu não sinto a sua, nem um pouco na verdade. — ele concorda e rir, virando as costas. — Vito.

Ele para, de costas para mim.

— Sobre o Vicente, eu sinto muito.

Ele concorda e segue, antes de abrir a porta ouço dizer:

— Até mais, Senhora Salvatore.

Isso é o suficiente para me fazer pensar em qual será seu próximo passo e quais de nós será envolvido.

•••

◾Joe Salvatore

As embarcações estão com a documentação em dia, nada de suspeito, nada que possa de fato me levar até o paradeiro do desgraçado.

Parece que ele está tranquilo com seu esconderijo, e me parece que a pessoa que está ajudando também. Mas onde quer que Russo esteja, pode ter certeza que eu irei encontrar.

  Pode até demorar, no entanto não deixarei que isso saia do meu controle novamente. Eu sou Joe Salvatore, sou o capo da máfia italiana, sou imbatível.

Não posso falhar como ele falhou com todos nós. 

— Senhor Salvatore, é curioso nos vermos novamente, achei que isso não voltaria a acontecer.

Sorrio de lado, puxando a cadeira.

— Acredite que nem eu esperava por isso, David.

— O mundo sempre dá voltas, não é mesmo? Por um momento, achei que iria cumprir com sua palavra e iria me matar. — ele sorri, bebendo um pouco do seu drink.

Peço um martini, dando um gole no mesmo.

— Talvez eu o faça, mas antes, preciso que me faça um enorme favor.

Ele levanta as sobrancelhas.

— Um favor?

Concordo.

— Porque não me diz o que de fato quer, don?

— ¿Sabes donde está el?
— Sabe onde ele está?

Ele ri, tomando mais um gole, o sorriso debochado.

—  Você é mais direto do que imaginei.

— Quer que eu seja mais direto ainda?

David olha ao redor, depois aponta para três homens na lateral das entradas.

— Ellos están aquí para tomar el control.
— Estão aqui para assumir o controle

— Ustedes no son los únicos aquí.— olho para o lado oposto, onde meus subordinados jogam, agindo o mais natural possível.
— Não são os únicos aqui.

—  Me diga.

Ele tosse.

— El ruso está en todas partes a la vez, no hay quien lo detenga. No hasta que termine lo que empezó.
— Russo está em todos os lugares ao mesmo tempo, não há como pará-lo. Não até que ele termine o que começou.

— O que ele começou.

— Tu destrucción  
— Sua destruição.

— Nuestra destrucción, si no me equivoco. Puedo evitar todo eso.
— Nossa destruição, se não estou equivocado. Podemos evitar tudo isso.

— Si es lo que quieres…

LA MÁFIA [VOL.1 OBSESSÕES] Onde histórias criam vida. Descubra agora