◽CAPITOLO VENTINOVE - PARTE 2

27 1 0
                                    


◾Joe Salvatore

Sete meses depois...

Tenho total conhecimento que não sou uma boa pessoa.

Tem sorte quem me tem como aliado e azar quem me tem como inimigo.

Eu me achava incapaz de amar alguém, dividir minha existência e compartilhar meus sentimentos. Até ela aparecer.
Violleta desde o início se tornou uma ameaça para mim, porque sabia que ela era diferente de todas as outras.

Quando Judite quebrou o silêncio e me disse que minha esposa estava grávida, fiquei tenso. Nunca imaginei que eu seria pai, muito menos que seria tão cedo.

Eu tinha 22 anos, não era novo, mas também não tinha a idade que geralmente as pessoas tinham filhos.

Quando você se torna Capo, um dos seus principais deveres é gerar um herdeiro, um filho homem. Esse é um dos motivos pelo qual somos obrigados a casar.
    Nunca quis nada do que me forçaram a aceitar.

Para início de tudo, eu tinha meus próprios sonhos, ser capo foi o sonho do meu pai que foi passado para mim. Não que eu quisesse, apenas não tive escolha.

Parece que não tinha muito o que reclamar. Ao menos havia conseguido manter minha irmã em segurança, até certo ponto.

Nádia e eu não tínhamos a melhor relação do mundo, mas ela sabia que tudo que fazia era para mantê-la bem. Só não entendia.

Na verdade, poucas pessoas entendem o que me motiva a ser como sou. Posso dizer que tudo o que fiz e faço foi o que aprendi ao decorrer dos tempos. Tudo para aprender a sobreviver na vida e acho que não tive  culpa.

— Joe.

Fiz o melhor que pude.

—  Joe!

Olha para cima. Minha irmã me encara aflita, percebendo que estou segurando o mesmo copo de café intocado a algumas horas

—  Você está bem? — Pergunta e eu concordo. Nádia se abaixa em minha frente e sorri, pegando o copo de café da minha mão e substituindo por outro. — Esse está quente.

Olho para o café e depois para ela.

— Você se tornou uma mulher incrível.

Nádia me olha e sorri, a covinha na bochecha aparecendo.

— Você vai ter um bebê. — gargalha. —  Você está tão fodido.

Dou uma risada.

— Nem me fale.

— Vai ficar tudo bem, Violleta é durona.

Eu sabia que sim.

Nos últimos meses as coisas foram mais calmas, acompanhei recuperação de Violleta e sua gravidez. A barriga dela a cada dia ficava maior e eu estava muito contente de vê-la tão feliz.

Nos aproximamos pelo bebê, mas ainda tínhamos muitas coisas mal resolvidas.

— Me atrasei um pouco, mas cheguei. — Mattia entrou na clínica, seguido por Lorenzo. —  A culpa é toda sua.

—  Cala a boca. —  Lorenzo rebate e olha para Nádia quando Mattia caminha até ela e a beija.

—  Oi, meu bem.

Nádia e Mattia estão juntos.
Chega a ser cômico eu ter achado que iria impedir o que os dois sentiam, agora posso ver isso.

Lorenzo senta ao meu lado, eu ainda segurando o café. Não consigo beber o maldito café.

—  Chefe, preparado para ter um pestinha?

— Eu não sei se ele estará preparado para me ter como pai.

Lorenzo bate no meu ombro.

— Você vai se sair bem.

Olhamos para o  casal a nossa frente.

— Tenho uma coisa para te falar. — ele diz, cauteloso. - Não sei bem se é boa ou ruim.

Junto às minhas sobrancelhas, quando estou prestes a fazer um comentário, Conti sai da sala correndo.

— Tenho boas notícias, a cesária foi um sucesso. — Posso ouvir a respiração de todos da sala se suavizar. — Seus filhos são lindos e saudáveis, Joe.

— Filhos?

— Sim, seus dois bebês. — Ela sorri.

Levanto correndo da recepção, caminho pelos corredores e entro na sala. Minha esposa está com os olhos fechados, não sei se está acordada.

Olho para ela, indo em direção ao berço, ainda sem acreditar que foram dois bebês.
Ali dentro, vejo uma menina pequeninha, os olhos me encaram e ela me lança um sorriso meigo.

— Oi, bebê. — Seguro a mãozinha frágil dela. Ao lado tem um menino, os cabelos escuros como o da irmã. Ele, diferente dela, não sorri. É muito sério. — Olá.

Seguro a mãozinha dele também e ele sorri, depois de muito tempo.

Viro em direção a minha esposa, que agora me encara. Eu sorrio.

— Você estava acordada?

Ela concorda, sento ao seu lado na cama.

— Eu não sabia que seriam gêmeos.

—  Nem eu sabia, mas eu gosto. — Ela olha para o berço. —  Sempre terá um ao outro, nunca estarão sozinhos... Petra e Matteo.

Petra e Matteo.

Sorrio de lado, ainda sem acreditar que eu tinha gerado algo tão bonito.

— Obrigada.

Minha esposa me olha.

—  Eu nunca imaginei que iria encontrar alguém que me fizesse desligar do mundo.

Sorrio, segurando sua mão.

— Até aparecer a senhorita Moretti. Você me trouxe de volta para a luz.

Ela não responde.

— Eu vou tentar ser o melhor pai de todos, eu prometo mudar todos os dias para dar muito orgulho a vocês, Violleta.

LA MÁFIA [VOL.1 OBSESSÕES] Onde histórias criam vida. Descubra agora