Até que Sobre Só Nós Duas

• Capítulo III - Ela nos move •

“No, noboby but me can
keep me safe,
And I'm on my way.„
~ Alan Walker, Sabrina Carpenter, Farruko, On my Way.

•

Dia III

Isso está fora de controle.

O sangue circula nas veias finas de Jackie.
Veias bem pequenas, porém rígidas. E tudo isso fica muito mais simples de analizar com o aparelho.

O aparelho, por sua vez, podia ser prejudicial a saúde, mas Pedro e Regina concordaram.

Aquilo era pela ciência.

•

— O que diabos vocês estão fazendo com a Jackie?!

— Marina, oi... Como assim? — Pedro se assusta com a reação dela.

— Vocês cortaram ela?! Vocês são malucos? Doentes? O que passou pela cabeça de vocês?!

— Garota, não se intrometa. — Regina entra na conversa. — Isso não é da sua conta. Você não sabe nada sobre a ciência.

— A ciência não adianta para nada se você for usar pessoas saudáveis como cobaias!

— Saudáveis? Não, Mari, escuta. — Pedro tenta manter a calma. — Ela não está saudável. O DNA dela tem um risco enorme. Tudo que estamos fazendo é por ela!

— Mas isso está a ferindo! Ela também sente dor, vocês não percebem?! Isso está a machucando, e eu não gosto que vocês machuquem pessoas pela sua ciência idiota!

— A ciência não é idiota, criança, ela nos move. — Regina mantém a discussão. — Você não pode priorizar sua nova colega de quarto.

— Por que não? Vocês me decepcionaram.

— Marina, não... — Pedro olha para ela.

— Você tinha tudo para usar seus conhecimentos para o bem. Você cortou ela. Isso é querer ajudar? Se vocês gostam de mim, mesmo que seja pouco, parem.

E ela deixa a sala.

— Parabéns, Sherlock. Ótima idéia colocar essa criança para dividir quarto com um réptil.

— Você disse faz pouquíssimo tempo que a ideia era boa.

— Antes de perceber que a Marina é uma inútil que ignora completamente a razão e segue um sentimento que ela nem tem. Ela conhece a garota há apenas três dias. O que ela sabe da vida?

— Ela passou tempo demais sem ninguém da sua idade. É normal que ela sinta esse afeto.

•

Era mesmo normal?

•

A televisão já não passava nada por bastante tempo. Foi uma repetição contínua de desenhos animados antigos. Não há esperança, provavelmente porque toda a equipe de televisão agora está debaixo da terra.