Capítulo XII - Pelo Conhecimento

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Dia XI

Jackie caminha até o final da barreira. Está sozinha, e é uma sensação estranha. As árvores parecem olhar para dentro dela, como se soubessem que seu destino final era ser como uma delas.

Enterrada em um outono. Jackie não sabia em qual estação do ano ela estava, mas outono parecia algo poético.

Uma tarde meio nublada, e as árvores cobriam o céu. Folhas secas sobre seus sapatos sujos, e um moletom vermelho com o zíper estourado que ela guardou de Marina quando fez muito frio no laboratório.

Ela coloca as mãos nos bolsos. Encara seu destino.

Pedro e Regina pediram para ela ir atrás de sobreviventes, usar sua imunidade a favor da vida de pessoas saudáveis, com um futuro pela frente. E ela jamais recusaria.

A Jackie de um mês atrás jamais aceitaria algo assim.

Ela encara a barreira. Não sabe como abrir, e se sente presa ao chão, com seus próprios pensamentos e raciocínios rápidos.

A Jackie de um mês atrás jamais se arriscaria por qualquer pessoa. A Jackie de um mês atrás odeia todas as pessoas, porque todas elas passam por cima dela. Todas as pessoas tiram proveito dela, a usam e a deixam para trás.

Ela viveu como a sombra do mais velho. E Jacob não era ninguém importante, apenas uma versão mais carismática, mais agradável, mais simpática.

E ela tentou ser como o irmão, mas as pessoas não prestam.

O cheiro da blusa.

Algumas pessoas não prestam.

— Jackie? — Ela escuta uma voz masculina vindo de trás dela. Um homem alto de pele e olhos escuros.

Pedro.

— Ah, oi. Eu não sei como abrir essa barreira.

— Ah, claro... Você tem certeza que quer ir sozinha?

— Eu não tenho certeza que quero ir.

Pedro ri.

— Pensei bem, e você não tem muita experiência com combate. Talvez precise de ajuda. Mesmo que você não possa ser infectada, os zumbis podem te machucar.

Jackie franze o cenho.

— A Marina também vai?

— ... Não. Eu estou me voluntariando para ajudar, mas jamais colocaria ela em uma situação como essa. — Pedro coloca uma máscara de gás.

— Certo. — Ela respira fundo. — Podemos ir.

Horas caminhando.

Uma estrada longa que dava em uma rua com pequenos comércios destruídos. Uma cidade inteira caindo aos pedaços. E alguns carros.

— Não seria mais fácil a gente roubar algum desses carros? Quer dizer, os donos estão mortos, não é antiético...

— Vamos até o seu carro. Prefiro não correr riscos com um carro cujos vidros estão quebrados, e nem sabemos quem foi o dono anterior.

Até que Sobre Só Nós Duas Onde histórias criam vida. Descubra agora