Prólogo

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Lola Kingsley

Minha mãe tinha me dito uma vez, que quando algo muito chocante acontece com você, seus ouvidos começam a zumbir ou então você ouve um chiado muito alto. As pessoas falam com você e você as vê falando, mas não é capaz de ouvi-las.

Eu estava vivendo isso agora.

Eu sabia que a mulher grávida chorando na minha frente estava falando algo, mas eu simplesmente não conseguia ouvir nada além do zumbido na minha cabeça.

Eu só tinha escutado a primeira frase dela e minha cabeça entrou em curto.

— Por favor, deixe o meu marido em paz. – ela chorou e eu não ouvi mais nada.

Marido.

Deixe.

Meu.

Marido.

Em.

Paz.

Paul.

O marido dela era o meu namorado.

Eu encarei a mulher, sem palavras. Eu não sabia o que dizer. Eu nunca tinha passado por isso antes, era a primeira vez na minha vida que algo assim acontecia.

Eu era a amante do Paul.

E eu não fazia ideia.

O que diabos eu deveria falar para ela?

— Lola? – ouvi a voz do traidor. O zumbido tinha diminuído e agora eu conseguia ouvir o choro da mulher e ver que Paul estava ao lado dela. — O que diabos está acontecendo?

Veja só, se essa não era a pergunta de um milhão de dólares.

O. Que. Diabos. Estava. Acontecendo.

— Sua esposa. – eu disse, olhando entre os dois. A mulher estava chorando. Muito. Isso não poderia ser bom para o bebê.

— Ah, sim. Ela está com a ideia errada. Desculpe por isso. Minha esposa acha que você é minha amante. É só um erro. São os hormônios, você pode ignora-la. – ele justificou e pegou no braço da esposa. Ela me olhou, seus rosto vermelho e marcado pelas lágrimas. — Ela não sabe do que está falando.

— Ela está certa. – eu falei, as palavras tinham um gosto amargo na minha boca. Eu queria gritar de raiva. Eu encarei a mulher. — Seu marido – apontei para o canalha. — era meu namorado. Eu não fazia ideia de que ele era casado. Juro por tudo que é mais sagrado que nunca teria chegado perto dele se soubesse. Eu não fazia ideia. Me desculpe, de verdade. – eu falei. Notando, pela primeira vez, que tínhamos uma plateia.

É claro que tínhamos.

Uma centena de alunos e alguns professores observavam tudo. Esse era o maldito estacionamento, afinal.

E eu era a porra da amante de um homem casado.

Mordi meu lábio, com raiva. O gosto de sangue preencheu minha boca. Eu estava com tanta raiva.

Eu pretendia terminar com ele. Esse relacionamento era só uma forma de tapar o buraco que estava sentindo e esconder minha frustração com a minha vida.

Eu não o amava. Nunca cheguei nem perto disso.

Sendo sincera, na maior parte do tempo eu não tinha certeza se sequer gostava dele.

E agora eu estava passando por isso.

— Você é casado. – eu falei ao canalha. Ele simplesmente deu de ombros. — Seu filho da puta, você é casado! – eu gritei dessa vez. A falta de reação dele só inflamava mais o meu temperamento.

As Batidas Do Seu Coração (The Heartbreakers #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora