Capítulo 23

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Lola

Meu dia estava uma merda e eu nem podia culpar o Apolo por isso. Não totalmente, pelo menos. As minhas meninas terem perdido o amistoso foi apenas o começo do meu dia tenebroso.

Após a derrota, já esperada, nós fomos para o vestiário. Elas estavam taciturnas e silenciosas, claramente refletindo sobre todo o jogo. O que era algo bom. Refletir após uma derrota era melhor que dar um chilique. As observei, esperando pela primeira a quebrar. Foi Josie Wilson.

Depois de uma longa conversa e algumas verdades duras de ouvir, elas estavam prontas para a batalha. Não havia nada melhor que outro time usando o seu para limpar o chão da quadra para te acordar. Eu esperava que agora elas estivessem prontas para me ouvir.

O que me levava a ter que enfrentar os encostos que eram os pais das garotas. Sério, qual era o problema das pessoas dessa cidade? No momento em que eu saí do vestiário, dei de cara com uma horda de pais furiosos e revoltados com o resultado do jogo. Todos eles estavam prontos para pedir a minha cabeça a minha mãe. Enquanto eles reclamavam sobre tudo, comecei a pensar em qual era a taxa de desemprego dessa cidade para ter tantas pessoas desocupadas.

— Vocês precisam de um emprego. – foi minha resposta, quando eles pararam de reclamar. O que só levou a mais reclamações e ofensas.

Talvez eu devesse perder meu réu primário para dar uma lição nesse bando de idiotas que achavam que sabiam alguma coisa.

Qual é, eu não era apenas a garota que trouxe várias vitórias a essa cidade. Eu tinha ido embora e estudado, fui treinadora de outro time antes e estava prestes a ir para o campeonato nacional. Foram mais de dez anos dentro e fora das quadras.

Por que eu precisava ficar provando meu valor constantemente? Por que eles gostavam tanto de atazanar a minha vida? Eu ter beijado quase toda a cidade era motivo o suficiente ou eu ainda estava sendo punida pelo erro dos meus pais biológicos?

— Chega! – eu gritei e eles se calaram. — Vocês estão revoltados com a derrota? Ótimo! Usem isso para incentivar suas filhas a melhorarem. Parem de tentar atrapalhar meu trabalho! Acham que eu gosto de perder também? Vocês precisam crescer, porra!

— É esse o tipo de linguajar que uma professora deveria ter? – a mãe de Elisabeth Smith falou. Claro que seria ela a primeira a me criticar.

— Quando se está falando com um bando de desocupados sem noção, sim. Estou cansada de vocês e toda essa porcaria de cidade me perseguindo. Não gostam de mim? Bem, os incomodados que se mudem!

— É por isso que eu não quero minha filha perto de você. – dessa vez, foi o pai de Andressa Perez. Velho desgraçado, eu me lembrava das olhadas nojentas que ele me dava quando eu ainda era adolescente.

— Ah, pelo amor de Deus. O que vocês acham que eu vou fazer? As filhas de vocês que tem a minha idade e estudaram comigo, faziam coisas muito piores naquela época. Eu só fui o bode expiatório perfeito para a mesquinhez de vocês.

— Sua pu-

— Chega! – a voz de Rebeca Lewis surgiu, alta e imponente. — Nós dissemos muitas vezes que vocês não deveriam se meter. Por que estão aqui?

— Vocês tiveram uma derrota humilhante, Rebeca. – foi a mãe da capitã que disse, dando um passo a frente. Rebeca cruzou os braços, sem ceder. Era impressionante como as duas eram parecidas, desde a cor negra retinta da pele, até os cabelos escuros e cacheados. Rebeca só tinha puxado do pai os olhos verdes.

— Nós sabemos disso, mãe. Estávamos lá. Agora, o que isso tem a ver com vocês?

— Ela não é uma boa treinadora.

As Batidas Do Seu Coração (The Heartbreakers #4)Onde histórias criam vida. Descubra agora