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Já era tarde da noite quando Maria Flor resolveu deixar o hotel. Por mais que Richarlison insistisse em levá-la e Maria Antônia implorasse para que ela dormisse em seu quarto, Maria Flor preferia ficar bem longe da seleção por um tempinho.

Estava hospedada não muito longe dali e pretendia alugar uma bicicleta pelo aplicativo, para poder aproveitar o clima da noite em Doha. Porém como uma breve ironia do destino, acabou esbarrando com o jogador no saguão do hotel.

— Oi. — Pedro parecia tímido, como sempre.

— E aí. — Maria sorriu fraco, não sabia como deveria lidar com ele já que Pedro também havia a bloqueado em todas as redes sociais.

Pretendia apenas passar por ele e ir chorar em uma barzinho aleatório mas parecia que ele tinha mais alguma coisa para dizer.

— Achei legal você ter vindo pelo Pombo, ele não parava de falar que queria você aqui.

— Ele merece todo esforço. Bem, vou indo, até mais.

— Não está mais hospedada aqui?

— Não tinha mais vagas e eu achei um que não é muito longe daqui, vou pegar uma bicicleta.

— Aqui não é um bom lugar para você andar sozinha Maria, vem comigo, eu aluguei um carro.

Maria conhecia Pedro o suficiente para saber que ele não era de desistir fácil e mesmo que ela escolhesse a bicicleta, sabia que ele andaria com o carro ao lado dela até que ela estivesse no hotel, aquele era o traço fofo dele. Acabou aceitando a carona, mesmo que estivesse super desconfortável em estar naquele carro.

— E como estão as coisas em Paris? Em clima de festa também?

— Tá uma loucura, eu bem que queria colocar meu apartamento para alugar mas nesse momento não é fácil, todos estão em êxtase com a Copa.

— Vai se mudar? — Pedro perguntou, sem tirar os olhos da estrada. Ele era super lindo dirigindo.

— Eu vou passar o final de ano na casa do Richarlison e ver se me acostumo, se tudo der certo, vamos dividir a casa.

— Você nunca criou raizes, sempre foi tão livre. — Pedro riu nasalado, Maria continuava o admirando enquanto dirigia. — Lembro que você falava que ia conhecer o mundo.

— E todo mundo tirava sarro de mim.

— Menos eu! Eu sempre achei o mundo pequeno demais pra você, sempre soube que você conseguiria sair de lá e virar alguém.

— Conta outra, ainda me lembro do dia em que você me contou o quão caro custaria uma viagem para a Disney, acabou com meu primeiro sonho.

— Eu tava chateado porque você jogou a minha bola no rio, po, da um desconto.

Os dois começaram a rir, as boas memórias iam surgindo na mente de ambos enquanto viajavam para aquele tempo, onde as preocupações não existiam.

— Eu te dei outra.

— Roubou outra! Sua mãe te puxou pela orelha e fez você devolver onde pegou, lembro bem que você chorou e falou que ia fugir de casa.

— Aí fui para a sua e dormi embaixo da sua cama enquanto todo mundo me procurava. Até hoje não entendo como você não me entregou.

— Gostava da ideia de ter você ali para sempre, mesmo que não fosse possível.

O silêncio se fez o único presente dentro do carro naquele momento e Maria agradeceu mentalmente por estarem em frente ao hotel. Não aguentaria mais um segundo ao lado de Pedro, sem sentir vontade de puxa-lo para um beijo.

— Valeu pela carona.

— Não precisa agradecer. — Pedro sorriu, Maria apenas acenou com a cabeça e abriu a porta do carro. — Obrigado por me fazer voltar na época mais feliz da minha vida, se cuide, amo você.

dona flor e seus dois (ex) maridosOnde histórias criam vida. Descubra agora