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Maria estava acabada, havia decidido assistir o jogo contra a Suíça em casa. Ainda não havia tomado coragem para procurar o jogador do Flamengo e quanto à Neymar, ele realmente não queria falar com ela de jeito algum.

Por mais que estivesse animada em ver seus amigos em campo, não iria conseguir aguentar mais tanto tempo por lá. Assim como havia lido em um comentário no Instagram, ela lutava muito por aceitação e além de tudo, não sabia lidar com o encerramento de alguns ciclos.

Pela televisão do quarto, conseguia ver o quanto o jogo estava difícil e tentava se distrair no celular, para não atacar sua ansiedade. A câmera mostrava Pedro algumas vezes, fazendo ela sentir um frio na barriga então ignorou completamente a televisão.

— Maria Flor, burra pra caralho. — Falou sozinha, enquanto acompanhava as notícias no instagram.

Ela sabia que jamais era uma boa ideia ler as coisas que as pessoas falavam dela na internet afinal desde que havia começado um relacionamento com o tão cobiçado Neymar Jr, as pessoas haviam decidido odiá-la de todo seus corações. O ódio que era direcionado à ela na internet era absurdo, Maria se lembrava até mesmo das vezes em que havia sido ameaçada de morte. Porém com o tempo, acabou se acostumando com aquilo, entendia que as pessoas na internet eram super maldosas.

Enquanto descia pelas fotos, encontrou fotos dela com Pedro. Os dois estavam diferentes de quem eram agora, principalmente porque eram muito novos quando haviam começado o relacionamento e ela abriu um sorriso sincero ao lembrar do quanto os dois se divertiam.

Maria havia se mudado para o Rio com apenas dez anos e tudo que as pessoas faziam era debochar do seu sotaque sulista e tirar sarro da aparência dela mas Pedro Guilherme era diferente, o menino que amava futebol, era apaixonado pelo Flamengo e que a defendia como uma irmã mais nova.

Não conseguia disfarçar o quão chateada estava por ter que se afastar do ex namorado e não deixava de pensar no quanto tudo seria mais fácil se eles tivessem continuado apenas como bons amigos mas ao mesmo tempo, jamais esqueceria de todas as primeiras experiências que havia tido com Pedro. Talvez ela nem sequer acreditaria no amor, se não tivesse sido tão amada por ele.

Achou fotos de um antigo caderno, onde havia escrito 365 bilhetes para o ex, um para cada dia do ano e que havia entregado para ele. Pedro havia agradecido tantas vezes que ela descobriu naquele dia que presentear alguém nunca foi sobre dinheiro e sim sobre carinho. Não evitou as lágrimas e só saiu do seu transe, quando escutou o celular tocar.

— Maria! Ganhamos porra! — Maria Antônia comemorou, a morena conseguiu escutar os gritos da torcida no fundo da ligação. — O que você tá fazendo aí?

— Chorando.

— Que?

— Tô sentindo falta do Pedro.

— Ah, pelo amor de Deus. — Maria Antônia riu, sua amiga era inacreditável. — Em vinte minutos eu tô ai, se arruma que vamos sair e distrair a cabeça!

Maria Flor queria apenas ficar deitada vendo suas memórias digitais mas concordava com a amiga, precisava sair e distrair a cabeça.

— Estarei pronta.

dona flor e seus dois (ex) maridosOnde histórias criam vida. Descubra agora