17 | Pânico

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Finney estava com insônia há dias e quando finalmente conseguia dormir pelo menos um pouco, ele tinha pesadelos terríveis em que era o espectador. Ele tinha pesadelos com as mortes de seus amigos.

Aquilo já estava o perturbando e mexendo com sua cabeça, estava alerta a tudo e todos porque sentia que Albert poderia estar em qualquer lugar e em qualquer pessoa. Todos à sua volta estavam preocupados com ele, mas Finney rejeitava falar sobre o que o estava incomodando.

Enquanto voltava para casa sozinho, uma pessoa pôs a mão em seu ombro. Ele virou-se rapidamente mas se acalmou quando viu que era Charlote.

— Calma Finn. Sou eu.

— Ah, desculpa. Oi Charlote. — ele deu um beijo em sua bochecha.

— Você está melhor?

Ele sabia exatamente a que ela se referia, mas continuava com o pensamento de que era melhor esconder tudo e reprimir sua dor e preocupação.

— Do quê? — ele se fez de desentendido.

— Eu sei que você sabe do que estou falando.

— Ah eu... Acho que sim.

— Finn, eu estou falando sério. — ela o fez parar de andar.

— Já disse que sim. — ele insistiu na mentira.

— Tudo bem, se você insiste em dizer, vou acreditar em você. Mas caso você precise, não hesite em me chamar. Se precisar eu estou aqui.

Por um breve momento ele sentiu que se contasse a ela, poderia ter ajuda, mas decidiu não fazer.

— Eu tenho que ir para casa. — ela deu um selinho em Finney.

— Até amanhã.

Ela foi em direção a casa e ele continuou também andando. Passou o dia inteiro pensando nisso, algumas vezes sentia falta de ar, só de lembrar de alguns pesadelos.

· · ·

— Oi Finn, acorda. — dizia uma voz.

— Ahn? — ele abriu os olhos. — Ah, oi Billy.

— Onde está Gwen?

— Ela estava estudando quando eu dormi, não deve estar por aqui. — ele respondeu.

— Ah.

— Ei, sinto muito pelo que aconteceu entre vocês.

— Como assim? Você sabe?

— Sim, Gwen me contou. — revelou Finney. — Espero que vocês fiquem bem.

— É, ela falou que não iria dar certo. Por causa das nossas circunstâncias. — lamentou Showalter.

Em alguns segundos, viram Robin se aproximando do banco de praça em que estavam.

— Oi gente. — ele se juntou a eles no banco.

— Oi. — falaram em uníssono.

— Que caras são essas? Alguém morreu?

Finney olhou para Robin com uma de suas sobrancelhas levantadas para ver se ele percebia o que dissera. Ele sabia exatamente o que falara, pois não se corrigiu.

— Não, eu só tô meio triste. — justificou-se Billy.

— Espero que melhore. — respondeu Robin na tentativa de ajudar. — Querem comer salgadinhos e jogar?

— Tá, vamos lá.

Os três levantaram-se e foram a pequena loja de conveniência que fica ali perto. Pegaram alguns salgadinhos e começaram a jogar. Certo momento, enquanto via Robin na máquina, Finney virou-se para o lado e olhou um homem com roupas marrons olhando as prateleiras.

Semicerrou os olhos, e quando reconheceu arregalou os olhos. Billy pôs a mão em seu ombro o tirando do estado de êxtase em que estava.

— Oi. — disse ele.

— O que foi? Você tá bem? — perguntou Billy, fazendo Robin o olhar também.

— Claro, eu só fiquei distraído.

Eles voltaram a jogar e Finney continuou pensando no que vira. Ele tinha certeza de que era Albert, mas quando virou-se para olhá-lo novamente, o homem sumira. A esse ponto, ele já pensava estar ficando louco e vendo coisas, mas era pânico.

Acordou depois de uma partida no pequeno jogo de fliperama e foi tomar água. Pensou em ir comer um salgadinho de verdade e saiu para comprar depois avisar Gwen.

No caminho, viu aquele homem de mais cedo mais uma vez, um carro passou e quando ele olhou de novo, era seu vizinho Cal.

Chegou à conveniência e encontrou Bella no caixa.

— Oi Finney. — ela sorriu segurando dois pacotes de salgadinhos e uma lata de refrigerante. — Como você está?

— Bem.

Os dois pagaram e Bella o esperou, saindo junto com ele.

— Então, sobre aqueles sonhos. — Bella comentou. — O meu irmão tá bem? Você falou de mim para ele?

Dias depois de Bella os ajudar a resgatar Charlote, Finney contou a ela que sonhava com seu irmão e sabia onde ele estava. Ela então o fez prometer que falaria dela para Robin.

— Sim, falei. Ele disse que sente sua falta e que está bem. Falei a ele que você também está bem e que também sente saudades.

— Queria tanto poder falar com ele.

— Você pode, deveria tentar sonhar com ele também. Para Charlote, Gwen e eu se tornou fácil, mas basta você pensar bastante nele e nos momentos em que tiveram, que você consegue.

Os olhos de Bella estavam marejados, ela queria conseguir.

— Vou tentar. — falou limpando os olhos antes que as lágrimas escorressem por seu rosto.

Finney sorriu a Bella e eles continuaram conversando por mais algum tempo. Ele ficou contando a ela várias coisas que Robin fazia lá e que fazia com ele. Eles se divertiram lembrando do menino, mas por outro lado também estavam tristes porque sabiam que ele não voltaria, nunca mais.

E graças à Bella, pelo menos por um momento, Finney conseguiu esquecer de seus pesadelos e seu medo.

A MALDIÇÃO DE DENVER, Finney Blake.Onde histórias criam vida. Descubra agora