CAPÍTULO 01

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     Quando estava no ensino médio tinha uma visão completamente diferente de como seria a universidade. Quer dizer, o meu irmão deve estar adorando cada segundo disso aqui, porque festas todo o santo dia e pegação sem parar é absolutamente muito a cara dele. É um pouco engraçado como mesmo tão idênticos fisicamente, não somos parecidos em nada quando a questão é nossa personalidade.

      Tenho dezoito anos e estou na faculdade de gastronomia à quatro meses, o que me torna um calouro. Em outras palavras: a ralé. não que Sean pareça ter tido algum problema desde que chegamos aqui, já que em apenas quatro meses ele conquistou sua devida fama, assim como no nosso ensino médio. Ele é o popular e eu sou... A sombra.

     Não que eu tenha algum problema com isso ou sinta inveja de Sean, até porque eu gosto de ser o cara invisível que ninguém conhece, o problema é que nós somos idênticos e...

     — Hey, Albizinho. — Uma voz meio arrastada diz, enquanto um braço é jogado sobre os meus ombros. Já falei que nós dois somos albinos? Bom, o apelido vem daí, mas provavelmente é usado com o outro gêmeo, já que nunca me chamaram assim por aqui.

       Não sei como Sean me convenceu a vir para esse bar, e talvez ele tenha ficado tão surpreso quanto eu, quando eu digitei aquela mensagem com "okay. Chego aí em meia hora". O problema é que não avistei o meu irmão em lugar nenhum desde que coloquei os pés aqui. Ele provavelmente está se pegando em algum lugar com alguém.

      O aperto sobre os meus ombros quase me faz derrubar a latinha de refrigerante, então olho por para o lado e encontro um cara grande e um tanto bonito, apesar do sorriso meio esquisito cheio de segundas intenções. Ele está vestindo um casaco verde escuro do time de hockey e tem um belo par de olhos castanhos claros.

     — Por que não vamos pra casa? Queria repetir a nossa brincadeirinha da outra noite. — Ele sussurra no meu ouvido, fazendo um cheiro forte de bebida me atingir em cheio.

    — Gêmeo errado, cara. — Me desvencilho dele rapidamente e dou dois passos para trás, mas o olhar dele me acompanha e ele cerra o maxilar, claramente sem entender o que eu disse.

     Não o culpo. Até porque quase ninguém sabe que somos dois. A minha vida social com saldo negativo aqui nessa universidade talvez tenha ajudado bastante nisso.

     — Qual é, Albizinho. — Ele faz um beicinho exagerado, mas eu apenas reviro os olhos e sumo entre a multidão de pessoas, não tendo tempo para discussões e com minha cota de interação social por hoje já chegando quase ao limite.

      Depois de uma rápida checada no celular, percebo que já passam das 11:00 da noite, e tem algumas ligações perdidas de Sean, mas sequer escutei o meu toque por causa da música incrivelmente alta. Mando uma mensagem avisando que já estou indo embora, e que podemos sair qualquer outro dia.

     Desligo o aparelho e coloco no bolso antes que ele responda, porque meu irmão tem uma habilidade de convencer as pessoas incrivelmente infalível. E como eu amo esse bocó, basta ele ordenar para que eu fique.

     Caminho até um canto mais tranquilo do salão e encosto as minhas costas contra a parede, rezando para que ninguém me confunda ou venha com gracinhas para cima de mim. O meu refri de coca já está pela metade, e digo a mim mesmo que vou dá no pé assim que terminar de toma-lo.

     A maioria das pessoas que caminham pelo salão são dois ou três anos mais velho do que a gente. Os veteranos da Yale já não tem mais a aparência de adolescentes que acabaram de sair do ensino médio (como eu). A maioria dos caras são altos e atletas, exibindo os seus músculos dentro das jaquetas descoladas dos times de hockey, lacrosse e futebol americano. Todas com cores distintas.

     As garotas apelam para uma maquiagem excessiva e a se vestirem com graus de nudeza um tanto preocupantes, mostrando cada curva e praticamente metade dos seios. E a maioria delas está se esfregando em alguém ou com a língua de um cara enfiada na garganta.

     Na verdade acho que vou dá no pé antes presenciar uma orgia da pesada aqui, então coloco o capuz do moletom e caminho até a saída com a cabeça baixa, porque o cabelo branco não é algo que pode ser facilmente camuflado na multidão.

    Assim que coloco os pés fora do bar, percebo que uma garoa fina está caindo, mas relâmpagos fortes cortam o céu uma vez ou outra. Eu solto um suspiro longo e jogo a latinha de refrigerante pela metade dentro de uma lata de lixo ensopada de lama.

    Vim a pé até aqui, e a chuva não me incomoda o suficiente para que eu pague um táxi até o prédio em que fica o meu apartamento, já que não são mais do que uns cinco minutos de caminhada.

    — Hey! Quer uma carona? — Um rapaz loiro para o carro do meu lado na rua e abaixa o vidro. Fico tentado a aceitar, mas ele provavelmente acha que sou Sean, e que como agradecimento pela carona vou fazer um boquete nele ou ir para a sua casa.

    — Não, Obrigado. Moro aqui perto. — Começo a andar novamente e enfio as mãos nos bolsos da calça jeans surrada, sentindo uma onda súbita de frio por causa da roupa quase toda ensopada.

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     A universidade Yale tem um convênio com dois condomínios ao lado do Campus, e oferecem moradia gratuita para alunos de bolsa integral como eu e o meu irmão, mas não podíamos ficar juntos porque as duas pessoas que dividem o mesmo apartamento precisam ser escolhidas de maneira aleatória. O garoto com quem eu morei nas duas primeiras semanas resolveu alugar um apartamento em outro lugar, junto com sua namorada, e isso me fez ficar com o dormitório inteiro só para mim, pelo menos até encontrarem outra pessoa para ficar aqui (parte de mim torce para que o responsável por isso esqueça esse pequeno detalhe e me deixe ficar aqui sozinho).

     O lugar tem apenas um quatro, uma cozinha/sala americana e o banheiro. Mas cavalo dado não se olha os dentes, certo? Eu não pago sequer a luz ou água daqui, então não deveria reclamar de nada.

     Eu desligo todas as luzes e entro no meu quarto, antes de tirar os sapatos gastos e praticamente toda a roupa, para então pular em cima da minha cama e gemer baixinho. Costumo dormir um pouco mais cedo para ter mais tempo de descansar, mas como não tem aula amanhã, pretendia ficar até a hora que Sean quisesse naquele bar.

     Ele provavelmente vai se sentir culpado por ter me dado bolo e vai ficar enchendo o meu saco até me convencer a sair com ele de novo para se desculpar, e isso me faz revirar os olhos para mim mesmo, porque sei que ele vai me convencer.

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MEU CRUSH SECRETO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora