CAPÍTULO 30

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      Em apenas dois dias Hunter já tava pronto para outro jogo. Pelo menos foi isso que ele disse, mesmo com as minhas insistências para que ele descansasse por mais alguns dias antes de poder ir participar dos treinos. Com o tempo, percebi que o meu namorado gostosão é teimoso como uma mula, e quando coloca alguma coisa na cabeça praticamente nada pode tirar.

       Segundo ele, "a massagem e os boquetes milagrosos" foram a chave da cura, e isso só serviu para me deixar morrendo de vergonha. Tanta vergonha que eu tive que dá um soco nele para o safado parar de me provocar.

       Agora estou de volta no meu apartamento, depois de três dias sem sequer colocar os pés aqui. O lugar parece exatamente igual como estava antes, apesar e eu ter pedido Sean para vir aqui algumas vezes, pelo menos para comer as coisas que estavam na geladeira e não deixa-las estragar. Ele pelo visto organizou algumas coisas aqui e ali, o que me deixou bastante surpreso, porque ser organizado realmente não faz o tipo dele.

      Hoje eu tenho aula, então não posso ficar muito tempo de bobeira aqui. Coloco uma playlist aleatória no meu Spotify e vou para o banheiro tomar um banho rápido, enquanto cantarolo uma música do Måneskin (Obra de John, que praticamente me obrigou a gostar de Rock também. E pra falar a verdade, não é ruim como eu pensei que seria).

       Não demora mais do que uns quinze minutos para eu sair do banho e já estar completamente vestido, com minha mochila organizada e prontinho para sair. Pelas minhas contagens, agora que se passaram quatro músicas da minha playlist, e eu fiquei pronto para sair bem mais rápido do que pensei que seria.

       Desligo o celular e o enfio no bolso do jeans, antes de sair do meu apartamento, pronto para a minha caminhada matinal até o campus.

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       Na aula de hoje, tivemos que formar duplas e debater sobre qual a importância de cada ingrediente para a receita de um rocambole e falar o que poderia ser substituído sem quer houvesse grande alteração no sabor e na consistência dele (tudo isso levando em consideração que a gente só tinha a imaginação como apoio, já que é impossível saber a resposta concreta sem ter testado a receita uma dezena de vezes).

       Foi bastante divertido, na verdade. Eu fiz dupla com uma garota chamada Beatriz (Bea. Como gosta de ser chamada). E para minha surpresa, todos os nossos gostos se encaixam e ela é um pouco tímida também, se escondendo em um dos cantos da sala (exatamente como eu) e usando aqueles enormes óculos que a deixam bem fofa.

       No fim da aula, nós trocamos nossos números e prometemos conversar sempre, e foi empolgante pra caramba fazer uma amiga nova.

       Eu desço as escadas do prédio mais empolgado que o normal, quase saltitando de alegria por meu dia estar sendo bom pra caramba. Pretendo ir assistir o treino do meu namorado daqui alguns minutos, e depois vamos pra sua cara curtir a vida, conversar e ficar agarradinhos o resto do dia, como sempre fazemos (além de umas coisas mais safadas também).

       Estou quase chegando do outro lado pra praça arborizada que fica no centro do campus, quando uma mão grande agarra o meu pulso.

      — Hey. — Uma voz que não tenho certeza se ouvi antes ou não quebra o silêncio. Olho por cima do ombro rapidamente e dou de cara com o mesmo rapaz loiro e absurdamente alto da lanchonete, no outro dia. Marcus? Liam? Forço a memória e constato que é 'Liam', porque o moreno um pouco mais baixo é quem John chamou de Marcus.

      — Hey. Acho que cê tá me confundindo de novo, cara. Eu sou o Dean, não Sean, lembra? — puxo o capuz que cobre a minha cabeça com a mão livre e mostro o meu cabelo branco, que é bem maior que o do meu irmão, não que ele pareça notar isso.

       O cara continua segurando o meu pulso, e mesmo quando eu tento puxar, não consigo me soltar. O aperto dos seus dedos no meu braço fino não machuca, mas é firme o suficiente para continuar me mantendo preso.

      — D-dá pra me soltar, porra?! — Puxo novamente, mas ele continua parado lá, apenas me encarando com aquele olhar meio estranho e malicioso. Os olhos claros e frios estão fixos nos meus olhos, e o cabelo loiro está assanhado pra caramba, como se ele tivesse tomado um choque ou algo assim.

       O cara abre a boca para dizer alguma coisa, mas a voz rouca e linda do meu namorado o corta, como se Hunter tivesse de materializado do nada aqui:

      — Você não ouviu o meu namorado, seu merdinha? Solta. O. Braço. Dele. Agora. — Hunter rosna, avançando sobre o cara com o punho erguido e pronto para arrancar metade dos seus dentes, mas eu me coloco na seu frente, não querendo criar uma confusão gigantesca aqui.

     — Tudo bem, John. — Digo, enquanto o loiro maluco me solta e simplesmente dá de costas, já começando a andar pela rua como se nada tivesse acontecido. Meu namorado faz menção de avançar sobre o cara, mas eu coloco as mãos no seu peitoral, implorando silenciosamente que ele não comece uma briga aqui.

      — Esse merdinha vai ter o que merece. — Ele rosna, passando os braços ao meu redor e me puxando para si, enquanto já começa a me puxar em direção ao estacionamento.

     — P-para onde vamos?

     —  Pra casa, ué.

     — mas e o seu treino? — levanto uma sobrancelhas e encaro o meu preto lindão.

      — Foda-se. Um dia a menos não mata ninguém. Vamos passar o resto do dia lá em casa. — ele murmura, ainda olhando para trás de vez em quando e lançando um olhar maligno, como se ainda conseguisse ver o cara estranho (apesar de eu ter quase certeza que ele já sumiu de vista).

      Quando chegamos no seu carro, tento dá a volta para entrar pela porta do passageiro, mas John me puxa para o seu colo e me faz sentar em cima dele assim que se acomoda no banco do piloto. Ele me abraça com força e analisa o meu pulso, que está um pouco avermelhado.

      — Eu deveria ter quebrado ele todo. — Ele rosna, acariciando a minha mão com a sua.

      — Obrigado por não ter feito isso. Não quero ver você brigando. — Sussurro de volta, me inclinando para dá um beijo no seu queixo quadrado e lindo, assim como tudo em Hunter.

     — Ele ia machucar você!!

     —  Mas não machucou, certo? Porque o meu herói apareceu lá pra me salvar. — Dou um selinho nos seus lábios macios.

     — Vamos pra casa, Branquelinho. Antes que eu volte e procure aquele desgraçado.


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MEU CRUSH SECRETO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora