CAPÍTULO 05

15.9K 1.8K 252
                                    

◽⬜◽

    Talvez eu tenha passado quase dez dias trancado no meu apartamento e só saído para ir para a aula, porquê estava morrendo de medo de encontrar com Hunter novamente, mesmo que o campus seja imenso e a probabilidade disso acontecer ser mínima. Estou completamente paranóico com isso? Com certeza.

     O meu coração dá um salto sempre que lembro da ceninha da biblioteca, e logo a vergonha que me atinge é tanta que eu preciso me concentrar para manter a respiração ritmada e constante.

     Queria poder imaginar que estou exagerando, mas depois de analisar o conteúdo do sketchbook com mais calma, percebo que estou completamente fodido e que preciso desaparecer da face da terra o quanto antes, porque o conteúdo daquelas páginas é no mínimo... Vergonhoso.

    Basicamente além das poucas receitas e rabiscos desconexos, o restante das folhas foram preenchidas pela minha pequena paixãozinha por Hunter, e isso quer dizer que tenho no mínimo uns cinquenta desenhos dele, incluindo um com ele deitado numa cama imaginária vestindo só com uma cueca; vários dele jogando futebol americano; um dele sentado nas arquibancadas... (Além daquele maldito desenho dele como Apollo, segurando uma harpa e com uma coroa de louros).

     Acho que a única solução para mim agora é abandonar a faculdade, mudar de cidade e de nome, porque Dean Thompson teve um infarto em uma biblioteca, por motivos desconhecidos pela sociedade.

     Agora estou na minha cama assistindo teen Wolf, uma das minhas séries favoritas, e tentando colocar a minha vida de volta nos trilhos, porque não posso mais continuar dessa forma, praticamente em estágio vegetativo. Eu tenho que tirar Hunter da minha cabeça e parar com essa paixonite boba logo.

     É daí se ele é lindo, descolado, tem aquela pele linda, os lábios extremamente beijavéis e carnudos, as pernas torneadas e longas e...?

     PORRA!! ESTOU PERDENDO O FOCO DE NOVO!!

     Balanço a cabeça para os lados rapidamente para tentar me livrar desses pensamentos intrusivos, enquanto solto um grunhido baixinho e me enrolo ainda mais no cobertor quentinho, mal prestando atenção na série, que ainda está passando no computador.

     Estou prestes a desligar o notebook e ir dormir, já que são quase 10:30 da noite, quando batidas bruscas ecoam pelo dormitório, indicando que tem alguém praticamente tentando derrubar a porta, e pela força e insistência das batidas, sei com toda certeza do mundo que é meu irmão.

     Pulo da cama vestindo apenas um velho pijama que já está mudando de cor de tão velho e corro até lá, antes que ele arranque a minha porta das dobradiças.

     Quando chego até a sala e abro a porta, ele pula para dentro um milissegundo depois, me fazendo tentar descobrir como diabos ele passou pela minúscula fresta da porta aberta.

    — Vai trocar de roupas. A gente vai pra uma festa. — Ele diz, apressado, antes de me pegar pelos ombros e me sacudir, como se isso fosse fazer eu ficar mais desperto.

    — Eu já tava indo dormir...

    — Mas não vai mais. Não vou deixar você ficar apodrecendo aqui dentro pro resto da vida. Ou vai, ou eu trago a festa pra cá. — Ele me corta, e pela expressão, não está aberto para negociações.

    — E para onde a gente iria? O bar da outra vez?

    — O certo é "pra onde a gente VAI". E não é pro bar da outra vez, esse é bem mais chique e divertido. — Sean explica, antes de andar até o meu quarto, e eu não tenho escolha a não ser segui-lo.

     Observo meu irmão ir até o meu guarda-roupas e começar a mexer nas coisas, antes de soltar um rosnado e olhar por cima dos ombros.

    — O seu critério pra comprar roupas é que seja sempre algo de cinco décadas passadas?

    — Eu gosto assim, mané. — murmuro. A gente briga várias vezes, mas ele sabe que não vou mudar os meus gostos por sua causa, até porque gosto de ser eu mesmo, por mais que sejamos parecidos.

    — Okay. Desculpa. — Sean tira uma uma pilha de roupas e joga pra mim. Eu analiso as peças para ver o que ele escolheu, encontrando uma calça jeans simples e um suéter fofinho. Eu não tenho roupas coladinhas ou descoladas como as dele, e isso provavelmente faz Sean ter pesadelos enquanto dorme.

    — Eu gostei. — Me dou por vencido e resolvo ir nessa festa, então vou até o banheiro trocar de roupas e escovar meus dentes.

◽⬜◽

     Nenhum de nós tem carro, e Sean sabe que eu fico um pouco desconfortável em andar com os seus amigos, porque fico meio deslocado, apesar dele fazer de tudo para me enfiar na conversa e tentar me fazer ficar bastante à vontade. Ele não faz nenhum protesto enquanto eu chamo o táxi, mesmo que ele possa arranjar duzentos carros para levar a gente com um simples estalar de dedos.

     A noite está fria, mas não está nublada, e eu consigo ver algumas estrelas aqui e ali. Agradeço internamente por estar vestindo um suéter quentinho, mesmo que isso faça Sean revirar os olhos sempre que olhe para mim. Ele está vestindo uma calça escura e coturnos, além de uma camisa que valoriza o seu corpo nos lugares certos.

     Não demora muito para o nosso táxi chegar, então entramos no carro, enquanto eu observo meu irmão informar o endereço para o motorista, que não para de alternar o olhar entre Sean e eu, completamente espantado. É um pouco engraçado, na verdade.

     — Você é meu clone. Ele está espantado. — Sean sussurra pra mim, me fazendo revirar os olhos e lhe dá um empurrão.

     — Porque eu tenho que ser o clone? Você que é. Eu sou o original.

    — Sou mais velho bebê. VOCÊ é o clone.

    — Nos filmes, o clone sempre vem com algum parafuso a menos. Então você é o clone, Sean. — Revido, e ele abre a boca e fecha uma centena de vezes, como se tivesse tentando encontrar alguma resposta. O seu cabelo branco está meio bagunçado propositalmente, e como é curto, fica bastante bacana.

    — Helena era a duplicata, e mesmo assim era a principal. Zé Mané.

    — Você tá ignorando o fato dela ser insuportável e mesquinha pra caramba. — Abro um sorriso largo.

    — Você... Vai se foder Dean. — Ele desiste da nossa discussãozinha boba e mostra o dedo do meio pra mim, e eu não consigo evitar a risada que escapa da minha garganta.

◽⬜◽

◽⬜◽

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



🔻

MEU CRUSH SECRETO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora