CAPÍTULO 08

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     O sofá de Hunter é surpreendente macio, porque quando acordo, ainda estou mais confortável do que nunca, com os pés para cima e babando um pouco. A cena é extremamente constrangedora, mas felizmente não há ninguém para presenciar.

      Esfrego os meus olhos enquanto sento, bocejando sem parar. Acho que já é bem tarde, mesmo que não tenha como conferir isso sem o celular.

      Levanto rapidamente e começo a andar pela casa o mais silenciosamente possível, com as memórias da noite anterior voltando com tudo. Eu realmente dormi na casa de Hunter? Ai meu Deus...

     Parte de mim quer simplesmente sair por aquela porta e dá o fora daqui logo, mas não quero andar essa distância do caramba até minha casa, principalmente se o sol estiver bem quente lá fora.

      Passo pelo quatro de Hunter e paro em frente a última porta do corredor, e depois de abri-la, constato que é outro banheiro. Esse parece não ser usado com muita frequência, apesar de está brilhando de tão limpo.

      Vasculho as gavetas até encontrar uma escova de dentes. Será que ele vai ficar zangado por eu fazer isso? Bom, depois de ter vencido a minha vergonha e trazê-lo para casa, espero no mínimo que Hunter não se importe de eu usar seu banheiro e uma escova de dentes.

      O meu cabelo branco está mais bagunçado do que nunca, então tento dá um jeito nele umedecendo um pouco e organizando as mechas com os dedos, como se uma parte irracional de mim quisesse não ficar ficar feio e desarrumado na frente de Hunter.

      A minha roupa está bastante amarrotada, principalmente o suéter, mas não me importo muito com isso e simplesmente puxo as mangas macias até os cotovelos, antes de sair do banheiro em passos leves.

      Hunter provavelmente vai estar morrendo de fome quando acordar, então talvez eu devesse preparar algo pra ele. Além disso, cozinhar me deixa mais tranquilo, e eu preciso erradicar esse nervosismo o quanto antes.

      Vou para a sua cozinha e checo o que tem dentro da sua geladeira, soltando um grunhido de desgosto logo em seguida, porque ele não tem quase nada a não ser comidas congeladas que só precisam ser colocadas no microondas e pronto. Não faço ideia do que consigo fazer com os poucos ingredientes naturais que ele tem, mas mesmo assim retiro algumas coisas aleatórias da geladeira e vou colocando em cima do balcão.

      Quando se trata de comida, eu adoro ser desafiado.

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     — Hey. — Uma voz grave e rouca quebra o silêncio, me fazendo dá um pulinho de susto e quase deixar a bandeja com cookies e panquecas cair no chão. Coloco a comida rapidamente em cima do balcão e olho para trás, ainda com o coração martelando sem parar devido ao susto.

     — O-oi. — Hunter está sem camisa e não veste mais do que uma calça surrada de moletom, que marca bastante onde não deveria e faz as minhas bochechas esquentarem instantaneamente. Ele parece está revigorado por completo, e sequer parece que estava caindo de bêbado ontem a noite.

     — O cheiro está ótimo. — Ele inclina a cabeça levemente para o lado, apontando para a bandeja com o queixo enquanto enfia as mãos nos bolsos da calça, fazendo-a descer um pouco e mostrar um pouco mais da sua virilha e... PUTA MERDA! EU DEVO ESTÁ ENCARANDO DESCARADAMENTE AGORA.

     — O-obrigado, Hunter. — encolho os ombros e desvio o olhar, encarando a comida que preparei, que realmente está com um cheiro ótimo, mesmo que eu tenha improvisado e substituído metade dos ingredientes da receita original.

     — John. — Ele dá de ombros e se aproxima, e eu instantaneamente dou um passo para trás, ciente do quão alto e bonito ele é, e da imensidão de pele marrom exposta.

     — O-o que?

     — Todos me chamam de Hunter. Mas o meu nome de verdade é John. — Ele explica, antes de pegar um Cookie e sorrir para mim. Um sorriso tão lindo que me faz soltar um suspiro baixinho.

     — A-ah. — Encosto-me na porta da sua geladeira tentando fazer isso de forma casual, para demostrar que não estou praticamente morrendo aqui, como se Hunter estivesse sugando todo o oxigênio da cozinha.

      John. Até o nome bonito combina com ele.

     — Puta que pariu, Dean!! Isso aqui tá bom pra caralho!! — Ele exclama assim que dá uma mordida no biscoito, me fazendo abrir um sorriso.

     — Eu fiz café também. — Aponto meio sem jeito para a sua chaleira. Bom. Se John-Hunter gostar de café puro ou sem açúcar, ele se lascou, porque eu coloquei leite e chocolate do jeito que gosto. Mas depois de servir uma caneca e tomar um bom gole, ele parece não achar ruim ou se incomodar com o quão doce está.

      Coloco um pouco pra mim também e observo-o de relance devorar praticamente tudo que há na bandeja, enquanto como um biscoito também.

      — Está muito bom! — Ele Murmura com a boca cheia de panqueca, e a cena é engraçada pra caralho e eu preciso segurar para não rir. Hunter fica ainda mais bonito quando está alegre, isso é inegável. Ele tem covinhas profundas nas bochechas, e uma pequena falha na sobrancelha esquerda.

      A calça de moletom deixa a sua bunda musculosa bem marcada, e eu preciso me forçar a desviar o olhar, para não ficar muito na cara que estou extremamente caidinho por ele. Isso é um pouco engraçado, porquê até poucos segundos atrás eu sequer sabia o nome verdadeiro dele. Não faço ideia do que ele cursa, quais são seus gostos ou sequer se ele é hétero ou não.

      Não sei explicar de onde vem esse sentimento irracional. Ele é bonito? Obviamente. Mas também não é a única pessoa bonita nesse campus, e também não é como se eu fosse começar a gostar de alguém simplesmente pela aparência.

      Abro a boca para falar alguma coisa, mas minha atenção recai sobre os pés dele, que estão descalços. Não tinha prestado atenção no tamanho ontem a noite enquanto tirava as suas botas porque estava sob pressão e nervoso pra caralho, mas olhando agora...

     — Quanto você calça? — Não consigo impedir a pergunta de sair dos meus lábios. John Hunter para de mastigar no mesmo instante e começa a alternar o olhar entre os próprios pés e a minha cara, como se eu tivesse tocado uma ferida profunda.

     — Quarenta e seis. — Ele responde, e eu não consigo controlar a gargalhada estranha que sai do fundo da minha garganta, porque ele falou de uma forma bastante engraçada. Soou como "xuarenta e xeis", já que ele estava com a boca cheia.

      — Hahaha, engraçadinho. — John revira os olhos, mas abre um sorriso também.



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MEU CRUSH SECRETO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora