SEM REVISÃO
MARINA
— Vamos lá! — Começo meu mantra, de todas as manhãs.
Top, regata, bermuda de ginástica, tênis próprio para caminhada, e minha viseira da Nike que era única que conseguia deixar meu longo cabelo cacheado preso no lugar.
— Não tem como ficar melhor que isso... — resmungo olhando no espelho, enquanto passo meu filtro solar.
Conectei meus fones no celular, e abro o app do Spotify colocando minha playlist de caminhada. Saio de casa escutando Beyoncé, Formation.
Até o parque é uma caminhada de dez minutos, que pra mim já funcionava como aquecimento. Vou todo o caminho cantando ao som da minha diva, e aproveito para acalmar meu coração.
Olho ao longe e vejo que o parque estava vazio às oito horas da manhã, e meu objeto de desejo estava sentado de cabeça baixa olhando alguma coisa no celular.
Respiro fundo e coloco para pausar a música que estava tocando, pois queria escutar nítida e perfeita aquela voz maravilhosa falando bom dia.
— Bom dia — ele me cumprimenta sem me olhar, enquanto coloca aquela maquininha no meu pulso, e eu observo de cima a baixo pelos poucos segundos que duram todo aquele processo.
— Bom dia e obrigada — respondo por debaixo daquela máscara horrível, e meu único pensamento é que ele soltasse o cabelo para ver seu comprimento.
Então essa era minha vida no último mês, desempregada e apaixonada por um homem de máscara.
— Obrigada coronavírus!! — resmungo irritada, enquanto volto a ligar o som e coloco no último volume.
A cada quilômetro que eu fazia, refletia sobre a minha vida, e que precisava dar um rumo nela urgentemente.
Vinha trabalhando como freelancer dando assistência em informática. E convenhamos que nessa pandemia tudo que tem a ver com internet se expandiu e muito, me fazendo assim ganhar "uns trocados".
Na verdade, esses trocados estavam sendo melhores do que imaginava, e teve final de semana que ganhei mais do que um mês na empresa onde trabalhava, pois muita gente ainda era leiga em se tratando do mundo digital. E por esse motivo, e com a ajuda de uma amiga minha, estava pensando seriamente em levar um pouco mais a sério essa nova profissão. Quem sabe virar um profissional autônomo.
Faço quase uma hora de caminhada, e me dou por satisfeita.
Sigo para os aparelhos, e faço quinze minutos de perna, e dez de braço.
Me sento um pouco para descansar, pois estou quase colocando os bofes para fora de tão cansada que estava.
Respiro fundo e sigo até a portaria para ir embora.
Firmo os passos para não passar vergonha, e enxugo o suor para não parecer acabada.
" Só eu mesma querendo ficar apresentável depois de uma hora de caminhada debaixo do sol quente".
Começo a rir sozinha com os meus pensamentos.
Olho de rabo de olho para o meu homem gostoso que estava de cabeça baixa mexendo no celular.
" O que tem de interessante naquele aparelho?", me pergunto enciumada.
Passo em sua frente e ele nem me nota.
— Idiota! — resmungo baixinho.
FELIPE
Lá vem ela, minha preta.
Pego meu celular e finjo que estou vendo alguma coisa interessante nele.
A observo de rabo de olho, e percebo que ela inclinou a cabeça para me observar.
" Será que ela também tinha algum interesse em mim?"
— Não, claro que não... — resmungo vendo-a se distanciar.
— Quando vai ter coragem de perguntar o nome dela? —pergunta senhor José ao meu lado. Ele era guarda patrimonial, e estava prestes a se aposentar.
— E qual a desculpa que eu daria para perguntar o nome dela? — questiono parecendo um adolescente.
— Para um homem desse tamanho você é muito lerdo — diz ele gargalhando. — Quando conheci minha esposa Maria há quase cinquenta anos, fui eu que tomei iniciativa, como o homem tem que fazer.
Balanço a cabeça com o seu jeito de falar, visto que senhor José era das antigas. Pois convenhamos as mulheres de hoje correm atrás do quer, e as amavam ainda mais por causa disso.
Adoro mulheres de atitude!
— Felipe "home" acorda pra vida, porque senão vem outro e toma a menina de você — ele aconselha batendo em meu ombro.
— Tá bem senhor José vou pensar em alguma coisa — respondo me levantando. — Vou ao banheiro e já volto — digo lhe entregado o aparelho de medição, e saio rapidamente.
Chego aos sanitários e me olho no enorme espelho.
— Acorda Felipe, você já tem trinta anos — resmungo falando sozinho.
Jogo minha máscara de qualquer jeito na pia. Abro a torneira e molho meu rosto e cabelo, o solto e ele cai em ondas pelo meu ombro.
Pensando seriamente em uma mudança radical, e quem sabe começo cortando esse cabelo.
Passo água nos fios rebeldes e volto a amarrá-los no alto da cabeça. Me seco e volto a colocar a máscara maldita.
Sigo em direção às quadras, e observo alguns adolescentes jogando bola, e sinto falta de dar aulas.
Sou professor concursado de Ed. Física, mas por causa da pandemia da Covid-19, as aulas estavam suspensas por tempo indeterminado. Era para eu estar em casa como todos os professores dando aula online, mas fui convidado pelo secretário de esportes do município, para participar do projeto " Vem caminhar no Parque", onde dou assistência para algumas pessoas fazerem seus alongamentos e aquecimentos da forma correta.
— Era isso que eu ia fazer!! — grito.
Iria convidar minha morena para participar do projeto, pois já tinha observado que ela não fazia os alongamentos antes da caminhada.
O projeto "Minha preta" parte um, iria começar amanhã. E não iria demorar para tê-la em meus braços.
***
OI MEUS AMORES!!!
O QUE FARIAM NO LUGAR DELES?
Curtam, comentem e compartilhem!!!!
OBS: Aceito sugestão de avatares!!
Beijinhos da Paulinha!!!
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POR TRÁS DA MÁSCARA
Kısa HikayeO que será que tem por debaixo da máscara? Ou das roupas? Era isso que Marina e Felipe se perguntavam todos os dias. Ele era o homem que media a temperatura todos os dias, na portaria do parque onde Marina fazia suas caminhadas matinais. Ela era a m...