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— Qual é o da "Barbie presidiária"? — Louis ouviu seu aliado perguntar.

Após as duchas, eles foram encaminhados para a primeira refeição do dia. Louis costumava comer sozinho, na maioria das vezes, mas precisava ter conversas com um de seus únicos dois aliados de fato confiáveis.

— Te falei esse apelido uma vez e de repente eu ouço todos os outros no chuveiro repetindo — Louis resmungou.

— É o Mickey — Ian escolheu os ombros — você sabe que ele não consegue segurar a boca.

Mickey e Ian eram os únicos aliados que Louis de fato tinha, pessoas que trabalhavam com ele há anos.

— Não é nada demais — Louis disse — ele me lembra uma Barbie e está na prisão. Uma Barbie presidiária.

— Prático — Ian concordou — isso quer dizer que se acostumou com ele?

— Impossível — bufou, afastando a bandeja já vazia — ele é um puta pé no saco. Tem muita porcaria naquela cabeça.

— O que me parece irônico, porque você não tem paciência alguma com nada e esse garoto parece um porre, mas você levou pontos na mão depois de bater no Dário por ele.

Louis revirou os olhos, inevitavelmente levando seu olhar para o punho enfaixado. Estava assim fazia dois dias.

A realidade era que Louis não suportava aquele garoto, mas Harry era só um novato, com ideias demais na cabeça e pouco costume com lugares como Wandsworth.

Dário iria acabar com ele, caso Louis não tivesse tomado suas providências.

Louis só precisou ficar sabendo do ocorrido por fofocas, no meio de sua tarefa de carregar as encomendas da penitenciária, para que fosse lhe esperar na porta de sua cela. Foram dois ou três socos no rosto de Dário.

O homem levou pontos ao redor do olho direito. Louis fez o pior que poderia, pois uma morte era ruim para sua própria pena. Não faria nada que lhe prejudicasse.

— Está dando proteção para ele? — Ian voltou a perguntar.

— Não — deu de ombros — poderia, mas ainda não tenho motivos e ele me parece ser uma puta dor de cabeça para lidar.

— Vai mudar de opinião.

— Veremos — resmungou, apoiando as mãos na mesa para colocar-se de pé — mas até agora, ele tem sorte de não ser um alvo da minha falta de paciência.

Ian lhe acompanhou, esboçando um sorriso pela fala do amigo:

— Ele está te conquistando aos poucos — disse vagamente — dividir o shampoo é algo pessoal, Tomlinson.

— Você está cheio de gracinhas hoje, Gallagher. Por que não foca no compromisso que temos mais tarde?

A cada uma vez na semana, havia uma pequena noite de jogos, em uma salinha reservada para os guardas.

Fora os mesmos e o diretor, somente Louis e três ou quatro outros detentos participavam. Pessoas que tinham algo a oferecer.

Eles jogavam alguns jogos de mesa entre outros, no intuito de apostar dinheiro, drogas ou itens de defesa. Às vezes favores.

— Emprestei meu shampoo para ele uma vez — corrigiu, ambos cruzavam o refeitório — desde então, ele passa a porra da madrugada em um infernal "E o seu shampoo? Vai me emprestar hoje?"

— Ele é só um garoto — Ian parecia se divertir com aquela situação em que o amigo estava tão envolvido — e você deu sua cama para ele.

— Só porque o pirralho levou uma bandejada na testa e eu não queria ouvir ele choramingar toda noite — deixou claro.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora