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Ver Andrew em sua frente foi a pior coisa que poderia ocorrer a Harry.

O homem de olhos azuis claros sorriu para ele, aquele sorriso devastador, de um modo negativo. Harry sentiu seu coração acelerar velozmente.

Em um minuto Morgan estava falando animadamente sobre como conheceu Andrew e no outro Harry já não sabia onde estava, seu peito apertou e ele sentiu uma densa falta de ar.

Uma crise penetrou em suas veias e ele fraquejou o suficiente para que caísse no chão, as mãos atadas lhe impediam de buscar socorro.

Morgan não se deu conta do que ocorria até vê-lo cair ao chão e apagar completamente.

Harry esteve desacordado desde o momento em que caiu na sala de Morgan, até estar na enfermaria. Não havia ninguém ali além de Andrew, Morgan e Paul. O enfermeiro foi chamado depois.

Mas nem sinal de Louis, porque a princípio ninguém lhe avisou.

Harry deu-se conta de onde estava depois de sentir o enfermeiro tentando lhe devolver um modo de respirar bem novamente. Mas ao dar-se conta de Andrew ali, ele fechou os olhos com força.

Quem sabe se pedisse muito, pensassem que ele estava dormindo e assim ficaria até sentir-se seguro.

Todo aquele estresse atacava seu ponto sensível, a transição de seu estado havia sido brusca, estava à beira de um surto e sentia-se morto por dentro.

Estava muito sensível.

Ouvia vozes discutindo sem parar perto dele. Mas não queria ligar-se a nada naquele momento, tudo gerava nele uma irritabilidade incontestável.

Tudo havia ocorrido próximo às sete horas da noite, a hora passava das oito da noite quando sentiu-se mais fraco, o enfermeiro havia posto algo de medicamento intravenoso.

E então ele realmente apagou.

O modo como dentro de si tudo parecia um desastre lhe gerava angústia. Em seus sonhos revirava-se com as lembranças de todos os seus atos nos momentos tão eufóricos que viveu.

Queria voltar à normalidade, a normalidade ao qual ele nunca experimentou inteiramente.

Horas depois, poucos minutos após a meia noite, seu corpo moveu-se sobre a cama, ao ouvir vozes muito mais próximas, como no fim de um túnel.

— Por que ninguém teve o cacete da ideia de me falar que Harry tinha passado mal? — Louis gritou.

O som da voz causou um mínimo efeito positivo em sua mente.

— Ele passou mal às sete e eu só fui saber quase às dez horas da noite, depois que eu vim procurar ele — continuou dizendo — que porra aconteceu?

Antes que Louis chegasse, Morgan havia voltado com Andrew para sua sala enquanto Harry dormia. Paul e Borja eram os únicos na enfermaria quando chegou.

— Desculpe mas o senhor Morgan disse que deveria levar o Harry para sala dele após o trabalho-

— E por que? — Louis cortou a fala de Paul — e por que Morgan não está aqui?

— Eu não sei, senhor — disse incerto — disse que ele tinha coisas a tratar com Harry. Eu levei ele até lá, logo depois a porta se fechou e eu segui caminho. O diretor me chamou uns cinco minutos depois e contou que Harry havia passado mal.

— O que Harry teve?

— Uma crise, falta de ar — contou — Harry apagou e depois trouxeram ele para cá. Ele tomou medicamento na veia e voltou a dormir.

Louis ainda tinha muitas dúvidas, mas deixou de lado quando finalmente Morgan apareceu, entrando no local junto com Andrew.

— Louis — o diretor suspirou — sei que deve estar muito preocupado com Harry.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora