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Harry estava sentado na borda do colchão. Os olhos fixos no chão sujo. Sua mente trabalhava em assimilar tudo aquilo que havia acontecido dentro das últimas horas.

Suas mãos tremiam com a simples lembrança do anúncio do juíz, quando o júri lhe determinou inocente. Ele e Tom eram as únicas pessoas na sala, felizes com aquela notícia.

A promotoria tentou reaver o caso, mas foi uma decisão quase unânime da bancada.

Anna e Andrew tentaram se aproximar de Harry, houve uma breve discussão sobre como o resultado havia sido errado é que Harry merecia apodrecer na cadeia.

As coisas acalmaram-se apenas quando os guardas presentes ameaçaram levá-la por desacato à autoridade. Naquela tarde, Harry voltou para a prisão.

John não conseguiu a redução da pena, ele ainda teria de enfrentar dez anos de prisão.

E quanto a Louis? Harry não fazia a menor ideia se ele sabia ou não dos resultados, mas esperava que estivesse atualizado sobre o ocorrido.

Agora, às oito da manhã, Harry esperava ser chamado, para que fosse levado a vistoria final e assim pudesse ser liberado.

Hosk lhe contou que, caso ninguém viesse lhe buscar, eles poderiam pedir um táxi para ele.

Afinal de contas, Harry não tinha mais ninguém.

Isso é, além de Louis e esperava que este ainda o quisesse.

Harry olhou em direção ao outro lado da grade, na cela 014, que ficava em frente a sua. John estava sentado no chão, ele não havia saído sequer para fazer a primeira refeição do dia.

Se colocou de pé e caminhou em direção a grade, o corredor estava vazio, os demais detentos estavam no refeitório. Ele acenou em direção ao garoto loiro, que estava sentado no chão.

— O que você quer? — o ouviu dizer.

— Eu só queria dizer... — murmurou, antes de pensar um pouco. Ele sabia que John era um idiota, mas ao menos ele não o deixou morrer doente e com fome, nas ruas, quando mais precisou — sinto muito.

— Tanto faz, eu já sabia que ia dar nisso — ergueu a cabeça para lhe encarar de relance.

— Se você confiar nos guardas daqui, vai ficar bem — ele disse — Hosk e Paul são bem legais.

— Com você sim — resmungou — pra você é muito fácil. Você sempre engana todo mundo, parece que as pessoas só servem como uma escada pra você, Harry.

O cacheado suspirou, pressionado os lábios um no outro.

— Eu poderia ter dito coisas sobre você naquela audiência — John voltou a dizer — meu nome foi citado tantas vezes, eu poderia ter sido chamado para depor.

— Eu sei.

— Mas eu não disse nada — o olhou novamente, encolhendo os ombros. Parecia cansado — não disse nada, porque eu não sabia da sua história real.

— Não pude contar tudo — engoliu em seco.

— Desisti de tentar te jogar na fogueira — disse calmamente — acho que...por mais filho da puta que você seja, não merece estar aqui, depois de tudo.

O aperto no peito de Harry, indicava que ele sentia desejo de poder se desculpar de fato com John, por ele ter parado naquele lugar e ter de passar dez anos de sua vida ali dentro.

— Tente ser sincero consigo mesmo — John o disse — isso foi tão culpa minha, quanto foi sua culpa. Mas só um de nós passará dez anos aqui dentro.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora