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Era um daqueles dias onde tudo parecia ocorrer muito lentamente.

Morgan solicitou que os detentos da torre fossem levados para contagem no pátio externo, mesmo que a chuva caísse forte do lado de fora.

Ele observava todos serem encaminhados em fileira para o meio do pátio, os guardas protegidos por seus guarda-chuvas embora os detentos sofressem com o frio clima e a chuva.

— Todos ali? — Morgan perguntou a Ferri, enquanto ainda estava sob a proteção do interior da prisão.

— Menos Louis — disse — ele disse que não estava com cabeça para vir a contagem.

— Já imaginava — suspirou baixo, segurando sua prancheta com as listas em mãos — já marquei o nome dele.

Ferri estava pronto para avançar e começar aquela árdua contagem em voz alta, quando observou que um dos detentos saiu da fila antes de sair para a chuva. Harry.

— Ei, volte para fila — Morgan ordenou.

— Na chuva? Mas e se eu pegar uma gripe séria? Aqui vocês não tem condição nenhuma de cuidar de ninguém doente e eu não vou morrer por falta de noção alheia.

— Qual seu nome? — perguntou.

— Harry Edward Styles, muito prazer em conhecer — ele estendeu a mão educadamente.

— Ah, meu Deus — o diretor passou as mãos pelo rosto, suspirando profundamente — você é o tal protegido do Tomlinson?

— Sou eu mesmo — sorriu — aliás, eu deveria estar na cela com ele, não sei porque me tiraram de lá enquanto ele estava dormindo.

— Esse moleque é muito atrevido — Ferri murmurou para o outro homem — ele quase fez eu apanhar do Tomlinson outro dia.

Harry parecia sequer ligar para o que diziam em sua frente, estava ocupado demais mexendo os cachos macios e cheirosos de um lado para o outro.

— Escuta, vou marcar seu nome aqui e depois você volta para a fila e esperava que levem de volta para cela — Morgan disse.

— Não pode simplesmente pedir para o Ferri me levar de volta para a cela? Tem uns cem detentos aqui e ainda vai levar muito tempo para contar.

— Você acha que sua vida vale pouco? — Morgan perguntou.

— Não? — Harry franziu o cenho — por que você acha que minha vida vale pouco?

— Eu perguntei se você acha que sua vida vale pouco.

— Mas assim pareceu que você disse que minha vida vale pouco, como se eu não valesse muito — bufou.

— Disse... — ele respirou fundo — que você age como se sua vida valesse pouco.

— Então você acha que de alguma forma minha vida vale pouco? — arqueou a sobrancelha.

— Tira esse moleque daqui — Morgan mandou.

Harry observou Ferri indicar o caminho em frente para que seguisse junto a ele, sem se atrever a encostar no garoto, não queria outro chilique.

Precisou liberar as mãos do menino das algemas para facilitar seu trabalho.

Ele caminhava ao lado de Harry, observando de canto como este parecia um grilo saltitante pelo corredor. Tudo nele irritava profundamente Ferri.

— O Tomlinson está te dando proteção desde quando?

— Faz um par de dias — encolheu os ombros — eu e ele somos parceiros, é uma troca mútua.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora