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Era por volta das oito horas da manhã. Louis foi levado para a portaria do presídio após um longo momento de avaliação. Estava finalmente indo embora.

A pedidos seus, Harry pode lhe acompanhar até a saída, mesmo sob vigia de outros dois guardas.

A verdade era que aquela situação era difícil de se viver para ambos. Louis estava ansioso para sair de Wandsworth, mas não estava contente em deixar Harry para trás, ainda mais quando este chorou em seu peito a noite toda.

Isto na boa parte do tempo em que não passou escrevendo algo em papel, aquele que pediu para Louis, junto com um lápis.

Eles não tiveram diálogo aquela manhã, tomaram banho juntos, Louis saiu antes do café e pronto foi acompanhado para a avaliação.

Antes de sair da cela, Harry lhe entregou aquele papel dobrado, os olhos inchados eram gritantes em sua face.

— Por favor, não leia enquanto estiver aqui. Eu quero que esteja longe, quando souber um pouco mais de quem eu sou — pediu.

E assim Louis guardou o papel no bolso.

Chegando a pequena salinha antes de ser levado para fora, o guarda lhe deu algumas roupas suas e pertences tomados quando Louis chegou ali.

— Troque e deixe o uniforme sobre a mesa — o mesmo disse.

Harry estava em silêncio, sentado no assento na sala. Louis entrou no banheiro, todo o ato chegou a ser bem rápido.

Pela primeira vez, Harry estava lhe vendo com roupas que não fossem aquele uniforme manchado da prisão.

Apenas uma camiseta comum e uma calça moletom.

— Quero um minuto com Harry — Louis disse em alto e bom tom.

Morgan olhou para os dois guardas que estavam acompanhando o garoto mais novo e acenou, os três saíram do local.

Harry sentia certo nervosismo ao estar a sós com Louis, porque isso significava conversar sobre coisas que não tinha coragem.

— Você fica mais bonito sem usar esse uniforme velho — comentou, apenas para tentar tirar um pouco da tensão do momento.

Ainda assim Louis se sentou ao seu lado e manteve a expressão séria.

— Antes que eu vá embora — começou, olhando calmamente no fundo dos olhos verdes — quero me desculpar com você.

— Por que? — franziu o cenho.

— Pelo modo como eu agi ontem, quando acabei ficando com raiva do modo como me senti usado por você — disse.

Harry pressionou os lábios um no outro, mas não disse nada, ele queria ouvi-lo.

— Embora não justifique meu ato rude, naquele momento eu estava um tanto perturbado com a ideia de todos parecerem ver que você estava me usando de certo modo, menos eu.

E não era mentira do todo.

— Até porque você sabia dos meus problemas em confiar nas pessoas, afinal de contas foi por isso que eu vim parar aqui.

— Eu sei, me desculpe, mas eu disse tudo na carta — ele respondeu baixo.

— Eu sei, eu vou ler — suspirou, levando as mãos para segurar seu rosto vagamente — mas não é a questão. Ontem eu queria te assustar, fazer você me levar a sério mas pensei que eu poderia ter machucado você.

— Você não me machucou, mas eu me assustei um pouco — confessou — não que eu não tenha merecido aquilo, porque eu sei que mereci.

— Você merecia ouvir muita coisa, mas não algo daquele tipo — acariciou suas bochechas — eu te amo, eu vou ficar do seu lado não importa o que eu leia nessa carta.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora