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Harry estava realizado. Nada poderia descrever sua empolgação com a conquista de finalmente poder sentir-se seguro de fato.

Louis estava lhe protegendo agora.

Sua noite de sono foi a melhor desde que chegou a Wandsworth. No entanto, Louis ficou um bom tempo da madrugada fora da cela, aproveitando o momento em que Harry dormiu, para poder resolver algumas pendências.

Bem cedo, Louis saiu novamente para realizar as primeiras higienes básicas e depois voltou a cela, para aguardar a hora em que iriam às duchas. Ele pegou o caderninho típico e sentou-se no chão.

Era um costume escrever nele quando não havia ninguém por perto, afinal de contas Louis não confiava em mais ninguém para aquela tarefa.

Quase meia hora depois, Harry acordou. Seus cachos estavam bagunçados como se houvesse sofrido com uma ventania e seu rosto levemente inchado.

Ele notou Louis em silêncio, escrevendo em seu caderno, como sempre. Então apenas caminhou até a pia para realizar sua higiene.

— Bom dia — Harry quebrou o silêncio, parando em sua frente — hm...vamos falar sobre o que disse ontem?

— Não há o que falar. Eu disse que daria proteção para você e é o que farei.

Louis tinha seu olhar concentrado naquilo que escrevia.

— Bom, mas como você fará isso? — franziu o cenho.

— Vou ficar ao seu lado hoje — ele resmungou, fechando o caderno e se colocando de pé — para eles saberem que estamos juntos, é preciso que vejam e ouçam, então eu farei com que todos saibam.

Harry permaneceu em silêncio, observando seu companheiro esconder o caderninho, como sempre fazia após usá-lo.

— Nós vamos juntos para os chuveiros — Louis explicou — vamos tomar banho juntos.

— Como na primeira vez que fui às duchas?

Aquela tinha sido a única vez que compartilharam o chuveiros e as coisas.

— Naquele dia não tomamos banho juntos — riu, negando com a cabeça — você só invadiu meu chuveiro. E pare de fazer muitas perguntas, você disse que obedeceria cada pedido meu.

— Ok — bufou, cruzando os braços sobre o peito.

Harry o observou encostar-se na parede fria e acinzentada em frente a si.

— Ao menos vai me emprestar seu shampoo?

— Não — este riu.

— Vai mesmo me negar o pão?

Louis novamente moveu-se até a beliche e esticou o braço para pegar um pacote que estava ali em cima. Havia dois tubos embalados. Ele virou-se para Harry outra vez:

— Aqui o seu shampoo e, antes que você pedisse, um condicionador.

Harry olhou para o pacote nas mãos de Louis, logo para o rosto do homem e depois para o pacote novamente, em um silêncio completo por ao menos dois minutos.

E então ele abriu os lábios e soltou o maior grito possível.

— Não acredito que isso está acontecendo — gritou novamente.

— Ficou maluco, porra? — franziu o cenho, olhando para a grade da cela, onde dois guardas fingiam não tentar ver o que estava acontecendo ali — sete horas da manhã e você gritando que nem gazela.

— Depois de tanto sofrimento — soluçou, se agarrando ao pacote — tantas pontas duplas, fios ressecados e vários nós, os dias de glória me alcançaram.

CELA 028Onde histórias criam vida. Descubra agora