08. É sobre saudade

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16/11/2024 – Belo Horizonte

Juliette tirou apenas um cochilo depois da comemoração do noivado da Bella, precisou levantar para tirar fotos pela manhã e depois dormiu a tarde inteira, já que iria para São Paulo apenas de noite, e essa foi a melhor coisa que fez, curou sua ressaca e conseguiu dormir sem sonhar. Atualmente conseguir ficar sem pensar em Rodolffo era um milagre.

Antes seus pensamentos vagavam pelo passado, agora ela tinha mais uma lembrança para atormentá-la.

Agora não parava de pensar que ele a beijara e antes havia dito que era sua vontade.

— JUUUUU! TERRA CHAMANDO! — gritou Deborah, após tê-la chamado várias vezes.

— Que foi, mulher? Aconteceu alguma coisa? — respondeu Juliette com a mão no peito pelo susto.

— Eu tô aqui falando contigo e tu não responde, mulher!

— E o que tu quer?

— Saber com qual dos dois vestidos tu vai se apresentar amanhã... — disse apontando dois vestidos diferentes.

— Pois escolha qualquer um. — respondeu sem ao menos olhar para os vestidos e voltando para seus devaneios enquanto mexia nos cabelos.

Deborah sentou-se a sua frente para tentar ajudar sua amiga.

— Ju, tu tá avoada desde ontem, visse? Me conte o que te deixou assim! — ela imaginava o motivo e resolveu arriscar perguntando — É Rodolffo?

— É... como tu sabe?

— Porque tu sempre fica igual perto dele, pois então me diga! Arengaram é?

— Pior...

— Pior? O que pode ser pi... foram pra cama?

— Não mulher. — Juliette soltou uma gargalhada antes de completar — Aquele gaiato me beijou.

— Um beijo, Ju? Sério? — disse Deborah revirando os olhos.

— É que tu não me entende.

Juliette levantou-se e foi para a sacada olhar a vista, mas não conseguiu focar em nada e Deborah a seguiu.

— Oxi! Como vou entender se tu não fala.

— Não vai me achar boba? — perguntou antes de finalmente abrir seu coração.

— Prometo que não!

Ela respirou fundo antes de começar a falar.

— Eu nunca esqueci ele de verdade, eu sei que sempre disse o contrário, mas era tudo mentira. Eu só conseguia, na base de muito esforço, não pensar nele. Entendesse?

— Sim! Então esse beijo mexeu contigo, certo?

— Não foi só isso... — deu uma pausa para recordar exatamente o que ele falou — Antes de me beijar ele me perguntou se eu sabia qual era a vontade dele.

— Isso é lógico, né? Se ele te beijou é porque tava com vontade. — concluiu Deborah.

— Eu sei, eu sei, mas é que tu não viu como foi.

— Vamos pensar com calma. — Deborah refletiu antes de continuar — Se ele te beijou provavelmente ele tem interesse em ti. Por que não tentasse voltar com ele?

— Não, eu acho que ele beijou meio que pra me castigar. — os olhos de Juliette estavam cheios de lágrimas quando ela continuou — Nós acabamos muito mal, sabe?

— E tu realmente acha que ele iria te castigar?

— Eu não sei, Debra, não sei... — Juliette desistiu de lutar contra as lágrimas e começou a chorar.

Deborah a abraçou para consolá-la.

— Fique calma, venha! — levou a de volta para dentro do quarto, colocou-a sentada na cama e lhe entregou um copo com água.

Deborah esperou que ela se acalmasse para continuar.

— Ju, me conte como tudo terminou.

— Ele ficou chateado pela maneira que o tratei no prêmio Multishow, aí após o Domingão ele foi lá pra casa depois que cheguei da festa da Tata. Disse que se sentia mal por ser tratado daquela maneira em público e cogitou que eu tinha vergonha dele. — ela respirou fundo antes de falar o que na sua opinião era a pior parte — Ele pediu pra namorar com ele, mas que fosse algo sério e principalmente que a gente assumisse publicamente.

— Agora eu tô começando a entender. — disse Deborah atenta a história — Você tá arrependida de não ter aceitado?

— Não! Tu sabe que eu nunca poderia aceitar, as pessoas são muito maldosas eu não queria que fizessem algo com ele.

— E hoje tu ainda tem esse medo?

— Tenho sim, eu só quero proteger ele, Debra. — disse com os olhos marejando novamente.

— Tá, mas tu não acha que essa é uma decisão dele?

— Que decisão? — Juliette a olhou intrigada.

— De ser protegido, se ele queria que assumissem, era conta e risco dele.

— Não, mulher! Ele não pensa, faz as coisas por impulso e tudo mais.

Deborah parou para refletir e tentar achar uma solução cabível.

— Tenta conversar com ele então, não sei!

— Rodolffo é cheio de mulher, tu acha que ele ia querer alguma coisa comigo hoje em dia? — não esperou a resposta de Deborah e completou — Claro que não!

— Então eu de verdade não sei como te ajudar. Se você pensa assim, por que ainda tá pensando nele?

— Porque eu tô morrendo de saudade! —  o choro voltou apenas com lágrimas silenciosas escorrendo em seu rosto — Sinto saudade de tudo, do beijo, do cheiro, do corpo, do carinho que ele me tratava, do jeito que ele sorria pra mim e... — não conseguiu evitar um leve sorriso antes de falar — das safadezas que a gente fazia, porque Rodolffo é um safado, visse?

— Não sei, mas imagino. Sua pele era ótima quando tu tava com ele. — ambas caíram no riso com a brincadeira.

— Tudo era melhor quando tava com ele, menos a agonia de alguém descobrir.

— Mas não era divertido um romance escondido?

— Era divertido, saíamos juntos disfarçados, as viagens de bate e volta... — respondeu Juliette perdida nos pensamentos.

Deborah a olhou admirando a força que sua amiga tinha, ela era realmente fascinante.

— Ju, dê tempo ao tempo. Tu conseguisse viver bem esse tempo sem ver ele, talvez tu volte ao normal depois que a tour acabar.

— É, tens razão, o jeito é esperar. — resignou-se Juliette.

— Isso porque tu tem medo! Porque se fosse eu lutava por ele, já que tá na cara que isso aí já passou de paixão.

— Largue de ser besta. — disse Juliette enquanto jogava uma almofada em Deborah.

Deborah levantou-se e deu um beijo em sua testa.

— Dorme bem, Ju, boa noite.

— Boa noite!

Deborah foi para porta e antes de sair resolveu soltar mais um questionamento.

— Você vai mesmo desistir dele sem lutar? Vai que ele é o grande amor da sua vida, pensa bem nisso.

E saiu deixando-a confusa, mas aliviada por ter conseguido enfim desabafar.

É Sobre Amor de SobraOnde histórias criam vida. Descubra agora