K.J. e Jane nunca se deram bem, mas talvez sejam tudo que precisam um para o outro: K.J Sinclair cometeu muitos erros no passado, mas está sendo julgado pelo único que não cometeu, e a ajuda surgiu de onde ele menos esperava. Jane Mays odeia K.J., e...
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Você apenas queria que eu fosse o único Você estava contando com isso Me desculpe por ser apenas do jeito que eu sou E eu te deixei esperando E eu não sou um homem bom E eu não faço as coisas certas Você quer que eu seja alguém que eu não sou
- Heroes, James Arthur
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- Então Kyle, como foi seu dia? – indagou a doutora Duncan, enquanto eu me jogava no divã preto.
Já estava nisso há um ano, tinha sido o acordo para me tirar da cadeia depois de sequestrar a pirralha do namorado da minha ex-namorada. As sessões de terapia não eram o pior, eram duas vezes na semana por uma hora falando absolutamente sobre tudo o que eu queria. O pior era o trabalho, que eu havia acabado de ser demitido, inclusive por culpa daquela estupida da Jane Mays.
- Nada demais, acho que acordei mais bonito do que ontem, mas tenho quase certeza de que isso é impossível – desconversei, observando minhas unhas.
Doutora Duncan riu.
- E sua mãe, como ela está?
Do lado de fora do consultório, na sala de espera, temendo que eu fugisse da sessão, ou nem mesmo viesse. Tentei isso na segunda sessão, a velha tinha ficado atenta depois disso. Ela me encurralava no trabalho e me trazia até aqui, igual uma maldita criança.
- Lá fora, ela adora o cafezinho da sua recepcionista.
- É muito bom mesmo.
Continuei admirando minhas unhas como se fossem a coisa mais interessante do mundo, enquanto a pobre psicóloga pensava em jeitos de me fazer falar, mas eu já estava há anos luz dos joguinhos psicológicos dela. Não estava afim de ouvir um diagnostico idiota de uma médica idiota de que eu sou um idiota.
Eu já sei disso e gosto de ser assim, ninguém espera nada de mim e sigo feliz fazendo o que eu quero por aí. Pelo menos era assim antes de confiar na vadia da Adele Moore e fazer o trabalho sujo dela; mas tudo bem, aprendi uma lição valiosa: nunca confie em megeras ricas que querem a aprovação da mamãe.
Pelo menos o sexo era bom.
A psicóloga continuou tentando me fazer falar pelo resto da sessão, tentou puxar conversa sobre os mais diversos assuntos para tentar puxar um gancho e me fazer falar da minha triste infância de órfão e sei lá mais o que, mas nunca vai dar certo...
Sei que sou um babaca, mas gosto disso e não é por causa de um passado triste ou complicado, embora eu goste de usar essa desculpa para me dar bem, eu não culpo meu passado por ser quem sou. Ninguém nunca chegou a lugar nenhum sendo bonzinho e eu tenho plena consciência disso.
Por muito tempo eu tentei, fui bom aluno, fui um bom filho e até um bom namorado, mas então meu pai foi assassinado e perdemos todo o nosso dinheiro, não passei na faculdade dos meus sonhos e a minha namorada parecia desesperada por uma vida que eu sabia que não podia ter com ela. Porque ela era boa, gentil e sempre fazia o melhor que podia; inclusive largar a faculdade dos sonhos dela para sustentar as despesas medicas da mãe e a faculdade da irmã mais nova.
