K.J. e Jane nunca se deram bem, mas talvez sejam tudo que precisam um para o outro: K.J Sinclair cometeu muitos erros no passado, mas está sendo julgado pelo único que não cometeu, e a ajuda surgiu de onde ele menos esperava. Jane Mays odeia K.J., e...
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Você diz que eu sou demente Que eu não tenho salvação Também diz que eu simplesmente Sou carente de razão Você diz que eu te envergonho Também diz que eu sou cruel Que no teatro do teu sonho Para mim não tem papel
- Medo de Mar, Adriana Calcanhotto
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Ben foi recebido em casa, pelo meu pai, como um filho perdido. Tive até mesmo a leve impressão que vi lágrimas em seus olhos, mas se foram tão rápido quanto vieram. Papai o sentou na cozinha e o fez comer algo.
Desde os nossos quinze anos, eu e Ben nos convertemos ao vegetarianismo. Não haviam arrependimentos, tornava a vida um pouco mais complicada, já que nem sempre os lugares tinham o que precisávamos, mas era gratificante saber que não estávamos nos alimentando de nenhuma carne de um pobre animal criado em cativeiro e que morreu sofrendo.
- Ei, como vão os Knicks? – perguntou Ben a mim e papai. – Não tive muito tempo de assistir aos jogos durante as viagens.
Fiz uma careta.
- O último jogo gerou traumas em Jane, melhor trocar de assunto, filho – comentou papai enquanto sentava na mesa depois de nos servir comida.
Não importava que já tivéssemos vinte e poucos anos, quando estávamos os dois juntos, ou sempre que podia, ele sempre nos servia como criancinhas. Era o jeito dele de demonstrar carinho.
Ele sempre foi assim, mas se tornou excessivamente zeloso comigo depois que minha mãe morreu; e depois que adotou Ben depois dos doze anos, e o levou para morar conosco em Londres, quando se tornou velho demais para ser adotado e perdeu as esperanças disso um dia acontecer, meu pai dedicou seus dias a ser a melhor figura masculina na vida de Ben.
Lembro que papai passou a consumir cultura preta como se sua vida dependesse disso para poder tentar ao mínimo compreender as coisas que Ben passava. Ben sempre zombava dele, mas demonstrava sua gratidão pelo esforço de papai sempre que tinha oportunidade.
- Tão ruim assim?
Ponderei.
- Tivemos algumas vitorias, mas porra... estamos em decimo segundo lugar na classificação, ou eles melhoram ou vou começar a torcer pros Sixers. Pelo menos eles ficaram em sexto lugar.
Ben me vaiou.
- Você oficialmente não é mais a minha melhor amiga – ele me jogou um pedaço do folhado de morango e mostrei a língua para ele. – Tem que estar com o time, Jane. Nos bons e maus momentos.
- Exatamente! – concordou papai. – É tipo um casamento.
