Sanbyeon, Coreia do Sul.
Dias atuais.
Eu não estava apaixonado pelo Jungwon. Isso é fato.
Mas quando o sol estava nascendo e os raios amarelados reluziam em suas clavículas nuas e bochechas roliças, um calor surgia em meu peito. Suas sobrancelhas estavam franzidas devido a sua concentração e ele fazia um beicinho, enquanto suas mãos bonitas movimentavam o lápis pela folha, que estava apoiada em seus joelhos. O som do grafite arrastando pelo papel misturado com o canto dos pássaros ajudavam a montar aquela cena digna de Hollywood.
Seus olhos felinos me encaram por um momento e eu me forço a continuar parado, porque ele havia mandado minutos atrás. Sinto uma vontade avassaladora de ir contra suas ordens e o puxar para um beijo, mas sei que quanto mais quieto eu ficar, mais rápido ele vai terminar. E então, eu o teria nos meus braços, só para mim, assim como tive a noite inteira. E nas noites anteriores.
— Você ao menos está respirando? — Jungwon pergunta, ele ri de um jeito contido, mas não me olha por mais que dois segundos.
— Tenho medo de respirar e acabar com seu trabalho artístico — o respondo, mas mal mexo meus lábios.
— Não precisa disso tudo, eu só pedi para você ficar na mesma posição. — Ele me dá outra olhada rápida. — Seus traços já são bastante nítidos na minha cabeça, então não tem problema se mover um pouco. Só continue sendo o que você geralmente é.
— E o que geralmente eu sou, Yang Jungwon?
Ele não me responde de imediato, mas o canto de seus lábios se ergue em um sorriso malicioso e ele me olha por mais do que poucos segundos antes de dizer de um jeito atrevido:
— Um gostoso, talvez.
Eu dou risada e sem querer saio da posição, espero que ele brigue comigo, mas ele se junta a mim nas risadas. Fazer ele sorrir vem sendo um dos meus hobbys favoritos das últimas semanas, eu adorava ver como a covinha em sua bochecha ficava mais profunda quanto mais feliz ele ficava, era como tomar uma bomba de serotonina.
— Não faz isso, Jungwon — eu digo quando encerro as risadas.
— Isso o quê? — Ele franze as sobrancelhas.
— Não faz meu coração acelerar.
— Eu faço isso? — Ele ergue a sobrancelha de um jeito convencido.
— Você faz muito mais — digo com seriedade.
Seu sorriso vai morrendo aos poucos, mas não de um jeito melancólico. Antes que eu perceba, seu caderno de desenhos cai de sua mão e ele impulsiona o corpo para cima do meu, deixando um beijo casto em meus lábios. O contato foi tão rápido que eu mal consegui fechar meus olhos.
Ele começou a se afastar para voltar a sua posição original, sentado do outro lado da cama, com as costas na parede. Porém, antes que ele se acomodasse, eu puxo o seu braço com delicadeza e ele cai em cima de mim de um jeito fofo e assustado. Sua mão para em cima do meu torso nu e eu a seguro, levando até minha boca e deixando um beijo.
Jungwon sorri pequeno e eu o puxo mais um pouco para cima, até que ficássemos em uma posição confortável o suficiente para trocarmos um beijo lento e profundo. Era delicado, confortável e preguiçoso, como uma manhã fria de Sanbyeon em meio aos lençóis quentes deveria ser.
Eu ainda seguro a sua mão, a apertando quando todos os sentimentos dentro de mim se misturam ao ponto de se tornar demais para que eu suportasse. Eu queria poder o segurar por inteiro, o manter por perto e seguro em meus braços pela eternidade. Mas ele se separa de mim, trocando um olhar doce comigo antes de se sentar no colchão.
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Caos | Jaywon
Novela JuvenilSer um baterista homossexual em uma banda de garotos heterossexuais costumava ser o maior dos problemas de Jay. Porém, após beijar Yang Jungwon no final de um de seus show, Jay percebe que aquele garoto seria apenas o inicío de seus verdadeiros prob...