Fita 2, lado B: Thanks, I HATE IT

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Sanbyeon, Coréia do Sul.

Dias atuais.

Estar em uma banda já era um grande inferno na terra. Mas, estar em uma banda com Lee Heeseung era como estar sentado no colo do Diabo em pessoa, levando chicotadas pela eternidade, — ou qualquer outra maldade que o Diabo poderia fazer, eu não sei muito bem como isso funciona, eu nunca li a Bíblia.

Eu amo o Heeseung, ele é uma das minhas pessoas favoritas nesse mundo, um amigo que eu sei que entraria na frente de um carro por mim. Mas ele tinha uns sérios defeitos que não tinha como ignorar, e por mais que eu os engolisse na maioria das vezes pelo bem da nossa amizade, tinha momentos que não dava.

A verdade é que a impulsividade dele me irritava, o modo como ele deixava a raiva o dominar me dava nos nervos. E foi essa maldita impulsividade que fez com que a gente passasse semanas sem fazer shows com a banda, já que não tinha como cantar sem ter a porcaria de um vocalista.

Foram semanas complicadas depois da noite em que deixamos Park Sunghoon em um beco escuro e ele nos retribuiu com uma pedrada no vidro de trás da van. Era para ser uma confusão interna, algo que só os envolvidos iriam saber, — até porque só tinha a gente naquele local vazio — mas de repente, tudo se tornou público demais.

Eu não via fofocas correrem tão forte sobre uma banda naquela cidade desde que Choi Yeonjun deixou a CHOIces no último ano.

Expulsões entre bandas já são um assunto interessante para se conversar, mas o jeito que nós da COSMOS e o Sunghoon lidamos com isso foi brutal demais. E, por mais que eu tivesse um certo trauma com fofocas, não conseguia culpar as pessoas por acharem interessante criar teorias da conspiração sobre isso.

A verdade é que Heeseung se mostrou ser uma pessoa bastante rancorosa quando conversou com cada líder, de cada banda da escola, proibindo que eles chamassem Sunghoon para cantar. E então Sunghoon, como troca, achou justo falar que nós tínhamos quebrado o vidro da van com a testa dele depois de o expulsar.

Tal situação desastrosa, e o desespero para resolver tudo logo, nos levou a ter várias brigas disfarçadas de conversa. E elas eram mais ou menos assim:

— Eu não estou dizendo que a gente não deveria expulsar ele, eu só 'tô dizendo que foi burrice — eu quase gritava, já estava cansado de repetir aquela frase em toda maldita discussão.

— Ok, foi burrice, eu assumo. Era isso o que você queria ouvir? 'Tá satisfeito agora?! — Heeseung também estava com o tom de voz elevado — Mas sendo burrice ou não, esse não é o ponto. O ponto é que a banda está desfalcada e a gente precisa conseguir outra pessoa urgentemente.

— Cara, a gente acabou de fazer audição com dois moleques e você rejeitou os dois — eu suspirei pesado e passei a mão pelo meu rosto — Você não parece agir como se fosse tão urgente assim.

— Eu rejeitei porque eles eram péssimos e você concordou — Heeseung rebateu.

— Eu nunca concordo com nada, eu só aceito porque não posso ir contra a suas decisões.

— É a maioria que decide, essas são as regras. O Jake concordou comigo — apontou para o nosso amigo que estava andando de um lado para o outro, claramente nervoso.

— Grande coisa, o Jake sempre concorda com você — revirei os olhos.

— Ei, isso não é verdade — Jake disse ofendido — Eu quase nunca concordo com o Hee, mas dessa vez não tinha como, os caras realmente não combinavam com a banda. A voz de um deles era mais baixa que a da Billie Eilish e a do outro parecia que 'tava passando pela puberdade de tanto que desafinava.

Caos | JaywonOnde histórias criam vida. Descubra agora