04. O problema é que os seres humanos têm o dom de escolher

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04. O problema é que os seres humanos têm o dom de escolher exatamente as coisas que são piores para eles

Antes que Harry realmente percebesse o que estava acontecendo, ele estava tropeçando no degrau da porta de Snape e entrando em sua casa. Lá, ele foi jogado sem cerimônia em um sofá de couro duro e recebeu um feitiço de limpeza muito forte.

Eles não haviam se falado desde que Harry vomitara sobre os sapatos de Snape, e ele estava achando difícil encontrar seu olhar. Seus olhos não paravam de subir inconscientemente até o pescoço de Snape, onde duas cicatrizes rosa-claro ainda estavam em processo de cicatrização.

Ele tentou se sentar, sentindo-se muito desorientado, quando uma mão firme o empurrou de volta para baixo. Ele estava tremendo e parecia não conseguir parar. Ele colocou as duas mãos em volta dos antebraços em uma tentativa de parar os tremores, mas não adiantou. Ele também tinha ficado um pouco sóbrio, o que só fez com que o latejar em sua mandíbula ficasse mais proeminente.

Snape voltou de uma porta atrás do sofá com uma tigela e um pano e se sentou ao lado dele. Levou o pano surpreendentemente com delicadeza até o rosto de Harry, onde limpou o lábio rachado, fazendo-o estremecer ligeiramente.

— Desculpe pelos seus sapatos — murmurou Harry, ainda olhando para os joelhos.

— Os sapatos podem ser trocados, Sr. Potter. Agora evite falar, se conseguir, para que eu possa consertar esse lábio.

— Você não precisava fazer isso, sabe — disse Harry, depois que Snape terminou de limpar a tigela.

— Foi só uma pequena essência de murtlap, não foi nada.

— Eu me referia ao que você fez lá atrás... com aquele cara.

Harry pôde sentir os olhos de Snape se fixarem na lateral de sua cabeça antes de responder.

— Qualquer um teria feito o mesmo, eu simplesmente estava no lugar certo, na hora certa. Ele era seu amigo?

— Não — riu Harry, meio sem graça. —Não, definitivamente não era um amigo. Só nos conhecemos naquela noite. Parecia ser um cara genuíno. Ri muito com os amigos dele e... — Harry se interrompeu, lutando para colocar o assunto em palavras, especialmente para Snape, entre todas as pessoas.

— Não precisa me contar.

— Não, tudo bem. Eu disse a ele que estava muito rápido, que queria parar, mas ele não quis ouvir. Ele continuou me dizendo que eu precisava terminar o que tinha começado. Continuava empurrando. Cristo, eu nem sei por que estou te contando isso!

Harry estava ficando um pouco nervoso enquanto contava sua história, então Snape conjurou dois copos de água e entregou um a Harry.

— Obrigado — ele murmurou. Antes de continuar.

— Quero dizer, ele estava em forma, e quero dizer, realmente em forma. E eu fiquei meio surpreso, sabe. Que ele estivesse interessado em alguém como... bem, como eu.

— Como você? — perguntou Snape, levantando uma sobrancelha escura.

Harry olhou para Snape pela primeira vez naquela noite, com a incredulidade estampada em seu rosto.

— Achei que você seria o primeiro a listar meus defeitos.

Snape franziu os lábios, como se estivesse se abstendo de fazer exatamente isso.

— Oh, eu tenho uma lista tão longa quanto meu braço, Potter. Só que, pelo que sei, ela nunca foi compartilhada por seus adorados fãs.

Harry suspirou pesadamente.

I mean, it's sort of exciting, isn't it, breaking the rules? | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora