11. Devemos ser cautelosos com nossa curiosidade... sim, com certeza

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Se perguntassem a Harry se ele era curioso por natureza, ele responderia inequivocamente que não. Ele nunca parava para questionar ou se perguntar e, quando se tratava de outras pessoas, ele simplesmente não as achava tão interessantes. Mas quando se tratava de Severus Snape, parecia que eles tinham quebrado o molde. Ele havia despertado uma curiosidade em Harry, uma curiosidade que ele nunca soube que existia até agora e que o levou a observar e a se perguntar.

Esse era um homem que, até pouco tempo atrás, Harry via apenas como uma silhueta odiosa de um ser. Snape não era o tipo de pessoa que se pudesse humanizar facilmente. Não era civilizado, não demonstrava fraquezas e, até recentemente, parecia não se importar com nada ou ninguém além de si mesmo. Mas agora era como se alguém tivesse acendido a luz e iluminado Snape em toda a sua glória espetacular e odiosa e, sem que ele soubesse, as rachaduras começaram a se abrir e um rio de humanidade estava se derramando.

Pela primeira vez, Harry agora se perguntava o que se passava na cabeça de alguém como Severus Snape. O que ele pensava em suas horas mais sombrias e silenciosas e o que fazia uma pessoa como Snape vibrar. Por mais tentador que Harry tivesse descoberto ser a mente de Snape, ele estaria mentindo se dissesse que essa era a única parte de Snape que ele tinha em mente. Afinal, ele tinha dezoito anos. Ele se viu imaginando o que estava escondido sob aquelas camadas e mais camadas de tecido preto, como aquela pele seria pálida, uma pele que nunca tinha visto a luz do dia. Pensou em Snape tomando banho antes das aulas, molhado e nu, com a cabeça voltada para o jato e a água acariciando seu corpo. Imaginou os pêlos escuros que cobriam o peito e as axilas e o rastro tentador que descia do pelo da barriga até o pênis. Perguntou-se se ele já havia se tocado e o que um homem como Snape pensava a respeito. Snape era um tipo de homem complexo e Harry suspeitava que isso se aplicava a todos os aspectos de sua vida. Seria intenso, ele pensou consigo mesmo, Snape era conhecido por sua autocontenção e Harry certamente estava ansioso para testar isso.

— Harry... HARRY!

— Desculpe, o quê? — disse Harry, olhando para Ron e Hermione, que estavam tentando chamar sua atenção.

— Terra chamando Harry, você está aí? — disse Rony, com um sorriso presunçoso. — Eu disse, quem você acha que eles são, falando com Snape?

Harry olhou para cima e seu estômago caiu, havia três funcionários do Ministério agrupados nas portas do Salão Principal, conversando em sussurros abafados com Snape, que parecia calmo demais para um homem que estava sendo interrogado.

— O que você acha que eles querem? — acrescentou Hermione, sentando-se mais ereta na tentativa de ver melhor.

— Levá-lo para Azkaban, espero — disse Ron alegremente, esticando o pescoço. — Era uma piada! —Ron acrescentou diante do olhar de horror de Harry, sem saber o quão perto da verdade aquilo poderia estar.

Eles ficaram observando enquanto cada um apertava a mão de Snape e se virava para sair. Snape permaneceu onde estava até que eles desaparecessem de vista e depois se voltou para o Salão Principal, com os olhos escuros examinando a sala. Ele encontrou o que estava procurando e, depois de chamar a atenção de Harry, acenou para ele com um movimento de cabeça.

— Harry, qualquer que seja o problema em que ele esteja metido, lembre-se de que você não deve nada a ele — disse Hermione, olhando confusa para os dois.

— Não é nada disso — disse Harry, já meio fora de seu assento. — Volto em um minuto.

Ele estava muito consciente de seus próprios membros enquanto caminhava entre as mesas em direção a Snape. Andar era algo que ele nunca tinha pensado em fazer, assim como não pensava em respirar ou piscar, mas de repente se sentiu consciente demais da velocidade com que andava e da rigidez dos braços ao lado do corpo.

I mean, it's sort of exciting, isn't it, breaking the rules? | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora